Educação

Pandemia consolida novo modelo educacional

Consultor, professor da Universidade Federal do Maranhão e diretor da Faculdade de Negócios Faene, Ricardo André Carreira frisa que professores que não se adaptarem poderão ficar à margem do processo ensino-aprendizagem moderno

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Ricardo André Carreira diz que, a partir da pandemia, os professores passaram a ser estimulados a pesquisar conteúdos, gravar e transmitir aulas ao vivo, bem como gameficá-las, ou seja, propor jogos lúdicos e interativos para prender a atenção dos alunos
Ricardo André Carreira diz que, a partir da pandemia, os professores passaram a ser estimulados a pesquisar conteúdos, gravar e transmitir aulas ao vivo, bem como gameficá-las, ou seja, propor jogos lúdicos e interativos para prender a atenção dos alunos (Ricardo Carreira )


São Luís - “A vida está voltando ao normal, mas o modelo educacional utilizado durante a pandemia de Covid-19 continuará a ser empregado”. A afirmação é do consultor maranhense Ricardo André Carreira, segundo o qual os 16 meses de mudanças radicais na vida acadêmica mostraram a alunos e professores a importância do ensino no Brasil com o uso das tecnologias digitais.

Conforme Ricardo Carreira, não há mais barreiras para o conhecimento e o segredo dos mestres no pós-pandemia é agregar conteúdos e estimular ações e aplicações do que é ensinado, sem estar atrelado a um espaço geográfico. Essa mudança de paradigma foi bastante complicada no início da pandemia do novo coronavírus e muitas instituições e profissionais ainda estão se adaptando.

Ele explica que as diversas soluções adotadas pelas instituições de ensino superior, por exemplo, no auge da pandemia, envolveram conteúdos preparados sem muito know-how pelos docentes e aulas via plataformas de reuniões on-line, como Google Meet, Zoom e Teams (entre outras), que simulavam aulas presenciais, com a mesma duração e a mesma dinâmica. Isso gerou uma espécie de trauma nos alunos e a evasão cresceu. Agora, com a adaptação urgente e necessária, a tendência à adoção desse modelo é alta.

“É claro e evidente que a educação do futuro não abandonará os ambientes virtuais, diversificando as formas e as maneiras de inserir os alunos no processo de ensino-aprendizagem. Superado 2020, ano de medo e incertezas, é hora de pensar em um ensino cada vez mais flexível, respeitando a legislação, obviamente, mas atraente e de qualidade”, afirma o consultor.

Ele se refere, por exemplo, às tecnologias que permitem gravação e transmissão dos conteúdos apresentados nas salas de aula. “Embora o formato presencial seja muito importante, ele passa a ser muito menos para focar na teoria e no conteúdo e mais para as atividades práticas. Estamos percebendo essa mudança dentro de algumas escolas e instituições de ensino superior do Brasil, inclusive no Maranhão”, afirma.

Protagonismo - O aluno, de acordo o consultor e professor, deve ser cada vez mais protagonista dos seus estudos e os conteúdos disponibilizados deverão estimular a busca pela aprendizagem. Materiais didáticos digitais e interativos, vídeos curtos (como pílulas de conteúdo) e plataformas adaptativas são algumas opções nessa nova modelagem.

Carreira salienta que, dentro desse novo formato, docentes passaram a ser estimulados a pesquisar conteúdos, gravar e transmitir aulas ao vivo, bem como gameficá-las, ou seja, propor jogos lúdicos e interativos para prender a atenção dos alunos.

“A pandemia trouxe uma consolidação do conhecimento, sendo este um de seus pontos positivos, apesar de todas as mazelas. Dentro das metodologias ativas, percebemos que o conhecimento é bastante absorvido. Esse novo modelo de ensino, onde fazemos a conexão do presencial com o on-line, sem dúvida, rende uma absorção bastante interessante”, frisa.

O consultor chama atenção para o fato de que, conforme os especialistas, quando se lê alguma coisa, retém-se apenas 10% do conteúdo. Quando se escuta e se lê, retém-se até 30% e quando se exercita, retém-se até 70%. “Isso passa de 90% quando você ensina. Logo, precisamos estimular o aluno a ler, desenvolver o conteúdo e avaliá-lo nas diversas plataformas disponíveis, seja YouTube, aplicativos e por aí vai. Qualquer que seja o ambiente virtual é válido. É importante estimulá-lo a aprender, exercitar e expor o que aprendeu. Essa é a lógica das metodologias ativas que tendem a reinar no novo modelo educacional”, destaca.

Ricardo Carreira, que é professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e diretor da Faculdade de Negócios Faene, diz que um dos pontos positivos nesse processo, sem dúvida, é a antecipação de uma proposta antiga dos colégios: a implementação da educação híbrida nas escolas.

“Entendida como a junção das atividades on-line e off-line, o modelo é discutido há anos pelos educadores e, com a pandemia, acabou sendo efetivamente imposto. O hibridismo educacional é o caminho, com aulas presenciais e não presenciais ainda mais abrangentes e dinâmicas. Ou seja, a flexibilidade torna-se uma das vantagens desse novo modelo, uma vez que as aulas passam a ser transmitidas ou gravadas, facilitando a vida do aluno. Infelizmente, o professor que não estiver inserido nesse modelo ficará à margem do processo educacional moderno”, finaliza.

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