Em alerta

Covid-19: variantes preocupam e evidenciam importância da vacina

Autoridades públicas, em especial na capital, ao mesmo tempo em que alertam para a existência possível de circulação de novas versões do coronavírus, estimulam o recebimento de novas doses

Thiago Bastos / O Estado

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h15

São Luís - Há mais de um ano, o mundo vive um drama sem precedentes nas últimas décadas. A pandemia do coronavírus, que vitimou milhares de pessoas, começa aos poucos a ser controlada (pelo menos considerando a atual versão do vírus) devido à vacinação. Em países considerados desenvolvidos, por exemplo, é possível ver determinadas rotinas sendo restabelecidas.

No Brasil, após a demora – sem considerar aqui neste caso qualquer tipo de aspecto político – para a consolidação da campanha de imunização (somada ao atraso na aquisição de doses), os gráficos de casos e de óbitos passam por um período de aparente estabilização, ainda que sob alerta.

Em São Luís, o cenário é semelhante. Dados da Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semus) apontam que, até o fechamento desta edição, 1.105.654 doses foram aplicadas. Destas, 779.159 em primeira dose, o que registra, de acordo com os infectologistas em sua maioria, uma proteção imunológica apenas parcial.

Ainda de acordo com a Semus, considerando as duas doses ou dose única, 326.495 pessoas estão enquadradas no que é chamado por especialistas de imunização plena. No total, a taxa de aplicação da capital supera 83% (ou seja, considerando o que foi aplicado a partir do saldo repassado pelo Governo do Maranhão à Prefeitura de São Luís).

Segundo dados da Prefeitura, a capital também registra gradativamente uma queda na ocupação de leitos de UTI e clínicos destinados à Covid-19. Segundo dados mais atualizados, dos 40 leitos de UTI, 21 estão ocupados. A ocupação de leitos clínicos, por sua vez, é considerada baixa e está na faixa dos 12%.

Apesar do aparente recuo da doença na capital, especialistas consultados por O Estado alertam para a manutenção dos cuidados básicos, como higienização das mãos e distanciamento social, além do uso de máscaras. Mesmo com a oferta positiva de imunizantes, de acordo com a própria Prefeitura, pelo menos 2,5 mil pessoas ainda não procuraram um dos locais de vacinação em busca da segunda dose.

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Devido ao risco de variantes que pode gerar novo crescimento do número de casos, associado à flexibilização das medidas sociais, anunciada pelo governo maranhense desde o mês de julho deste ano, o prefeito de São Luís, Eduardo Braide, autorizou no dia 26 de agosto a aplicação da terceira dose na capital.

É importante ressaltar que – mesmo com a celeridade na aplicação das doses na capital – não há consenso acerca da necessidade de aplicação da dose extra, autorizada no dia 25 de agosto pelo Ministério da Saúde (MS). Um dos fatores, por exemplo, é a ausência de dados comprobatórios que confirmem a eficácia das vacinas às possíveis variantes.

Variantes
No território global, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), existem variantes comprovadas da doença. Segundo a instituição, a variante Alfa (ou a antiga B.1.1.7) foi identificada no Reino Unido. Além desta, existe a variante Beta (ou B.1.351), identificada na África do Sul, a variante Gama, ou a P.1, conhecida no território brasileiro e a variante Delta, conhecida por B.1.617.2 e registrada recentemente na Índia. Esta última, recentemente, virou alvo de preocupação de autoridades brasileiras, a ponto de o MS liberar a aplicação de doses de reforço no país.

Na capital, até o fechamento desta edição, o único caso suspeito e monitorado pelas autoridades públicas de saúde era de um filipino encontrado na embarcação MG Sagitarius, que saiu da África do Sul no dia 31 do mês passado.

De acordo com informações da Secretaria Estadual de Saúde (SES), a embarcação não obteve autorização para atracar na capital e os tripulantes seguem em monitoramento. Segundo o relatório técnico de testagem, monitoramento e investigação de casos suspeitos de Covid-19 do Município de São Luís, que também acompanha o caso, o filipino foi diagnosticado com a Covid-19 e segue em isolamento. Por enquanto, não há confirmação acerca da existente da variante no filipino.

De acordo com o relatório do caso, obtido por O Estado, no dia 25 deste mês, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou o ingresso de 12 pessoas para a promoção da limpeza do porão da embarcação. Segundo o documento, estas pessoas foram submetidas ao teste por antígeno e todos os resultados posteriores foram negativos.

Até o fechamento desta edição, ainda não havia sido divulgado o resultado da amostra coletada do paciente. Mesmo diante das evidências de mínima proximidade de variantes da doença próximas à capital, por enquanto, as medidas das autoridades de saúde seguem tom de prudência.

Especialistas apontam que, por ora, ainda não há evidência de que – devido à provável presença de circulação de variante - seja necessária a aplicação de uma terceira dose da vacina. Por outro lado, infectologistas afirmam que, por prudência, o Ministério da Saúde (MS) age de forma correta, estabelecendo – em especial em pessoas imunossuprimidas – uma barreira de proteção mais segura para evitar quaisquer novas enfermidades.

No país, até o momento, predominam duas variantes. Além da Gama (descendente de uma variante original e em circulação desde o início do ano), há a comprovação da variante Delta, cuja preocupação é maior – já que a sua capacidade de circulação é maior do que outras versões. Por enquanto, as atuais vacinas são consideradas eficazes para as variantes.

No momento, a tendência é a ocorrência de um cenário semelhante ao que ocorreu com o aparecimento da H1N1. No caso específico, o primeiro ano do H1N1 apresentou uma estrutura praticamente inalterada, com variações constatadas em um segundo ano e estabilidade dos casos a partir de então.

Se as variantes da Covid-19 permanecerem em ameaça ou acelerarem suas capacidades de circulação, ainda que com a população ludovicense com uma barreira a partir de primeira e segunda doses adquiridas, será fundamental a política de saúde estar preparada com doses futuras.

Considerando as doses de reforço necessárias, o Brasil – e em consequência outros estados da federação – ainda não está pronto para a continuidade da campanha nos próximos anos. Reportagem de O Globo divulgada no dia 25 deste mês aponta que ainda não há definição nas negociações de vacinas entre o governo federal e fabricantes para o repasse de doses a partir de 2022.

A O Estado, o MS limitou-se a dizer que “mantém diálogo com os laboratórios e que segue em negociação”.

Procura pelas doses
Em São Luís, até sábado (28), pessoas acima dos 12 anos de idade que porventura perderam os prazos anteriores para o recebimento de doses podem procurar os postos para o início do ciclo vacinal. Nesta quinta-feira, dia 26, O Estado acompanhou a movimentação em alguns destes locais e constatou que o movimento segue intenso.

Na sexta-feira (27), a Prefeitura de São Luís anunciou a aplicação da terceira dose para pessoas com 90 anos de idade ou mais. De acordo com o Município, era necessária a comprovação do recebimento das doses anteriores e a apresentação de um documento de identificação com foto.

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