Navio contaminado

Após internação de tripulante, não há registro positivo de Covid em navio

Após internação de tripulante filipino em UTI na capital com Covid-19, o secretário de saúde informou que os demais tripulantes não apresentam sintomas, e que medidas para evitar transmissão comunitária estão sendo tomadas

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Navio fundeado na baía de São Marcos
Navio fundeado na baía de São Marcos (Navio MV Sagittarius)

São Luís – Após tripulante filipino ter dado entrada em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de hospital particular de São Luís, no último sábado (22), depois de testar positivo para Covid-19, o secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, informou que os demais tripulantes não apresentaram sintomas da covid-19.

A embarcação está há 10 dias na área de fundeio e ainda não obteve autorização para atracar em São Luís. Ao todo, 19 pessoas fazem parte da tripulação do navio MG Sagittarius que saiu da África do Sul dia 31 de julho. Os outros 18 tripulantes, em sua maioria de origem filipina, além de um tripulante russo e outro da Geórgia, também realizaram testes e estão em isolamento, contudo, ainda não foi divulgado o resultado. Os tripulantes tiveram amostras coletadas para análise pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Maranhão.

“Os outros 18 tripulantes estrangeiros seguem cumprindo as determinações da Anvisa quanto às medidas sanitárias no navio e apresentam bom estado de saúde. Os tripulantes tiveram amostras coletadas para análise pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Maranhão”, diz a secretaria em nota, ressaltando que a embarcação está na área de fundeio, há milhas do Porto do Itaqui, na Baía de São Marcos e não obteve autorização para atracar no Maranhão.

O caso segue acompanhado pelo Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS) e Superintendência de Vigilância Sanitária (Suvisa), em cooperação com a Anvisa. De acordo com o secretário, as mesmas medidas que foram tomadas no caso do navio MV Shandong da Zhi, como isolamento e testagem de profissionais da saúde que tiveram contato com os tripulantes, estão sendo retomadas com os tripulantes do MG Sagittarius.

“Tomamos todas as providências para que não haja transmissão comunitária, como no caso do outro navio, quando tivemos a confirmação da variante delta, mas não houve transmissão para a comunidade. Estamos tomando todas as providências neste caso também, e, é importante dizer que, os demais tripulantes do navio, até agora, não possuem sintomas da doença”, explicou Carlos Lula.

A variante Delta
Dados da Rede Genômica da Fiocruz mostram que, entre os sequenciamentos de amostras feitas pelo sistema no país, a delta corresponde a 22,1% dos casos sequenciados em julho (mais do que 1 em cada 5 casos). Em junho, o total era de 2,3%. Em maio de 2021, o Maranhão confirmou os primeiros casos da variante Delta do coronavírus (chamada de B.1.617 e encontrada inicialmente na Índia) no Brasil. Os seis casos dessa variante foram detectados em tripulantes do navio MV Shandong da Zhi, que saiu da Malásia e chegou ao litoral maranhense em 14 de maio.

Um dos infectados foi internado em um hospital particular da capital, São Luís e morreu 43 dias depois. Os outros estavam isolados dentro do navio, em alto-mar, a cerca de 35 quilômetros da costa. Dois deles retornaram à embarcação depois de serem medicados em hospital. No entanto, apesar destes seis casos, o governo do Maranhão afirma que o vírus não se espalhou por meio deles e ainda não há transmissão local da variante delta do coronavírus, apenas casos externos.

Contudo, especialistas alertam que a disseminação da variante Delta no Brasil está mais agressiva que a cepa identificada no início da pandemia. De acordo com dados da Rede Genômica Fiocruz, enquanto a variante Gama, a cepa P.1, identificada inicialmente em Manaus, dobrou sua participação do segundo para o terceiro mês de presença, passando de 11,5% para 23,6% dos casos entre dezembro de 2020 e janeiro deste ano, a Delta, originária da Índia, multiplicou sua cota por nove em período similar, indo de 2,3% para 21,5% entre junho e julho.

Estudos apontam que a mutação é 60% mais contagiosa e que a carga viral dos infectados é até 1.260 vezes maior do que nos afetados com variantes anteriores do vírus causador da Covid-19.

Importância da vacinação
Estudos de efetividade das vacinas Covid-19 têm demonstrado a importância da imunização para a proteção contra casos graves e hospitalização frente às novas variantes. Em junho, dados demonstraram uma efetividade de 92% da vacina AstraZeneca para hospitalizações contra a variante delta. Agora, um novo estudo coordenado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, aponta que as vacinas Pfeizer e AstraZeneca, no Brasil produzida pela Fiocruz, também garantem proteção contra a infecção pela variante Delta da Covid-19.

Realizada em parceria com o Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS na sigla em inglês) e com o Departamento de Saúde e Assistência Social (DHSC) britânicos, a pesquisa analisou 2.580.021 testes de 384.543 pessoas acima de 18 anos, entre 1 de dezembro de 2020 e 16 de maio deste ano, quando a Alpha era a principal variante em circulação no Reino Unido; e 811.624 testes de 358.983 participantes de 17 de maio a 1 de agosto, momento em que a Delta já era predominante no país.

Atualmente, de acordo com os dados do Consórcio de Imprensa da última quarta-feira, 24, o Maranhão imunizou completamente, com duas doses ou dose única, apenas 19,49% da população total. De acordo com o epidemiologista Antônio Augusto Moura, o ideal é para conter o avanço do vírus e impedir novas mutações é a imunização completa de pelo menos 70% da população total.

De acordo com o secretário Carlos Lula, uma das opções para combater a variante é o reforço da terceira dose e a diminuição do espaço entre cada dose. “A variante delta é uma preocupação e para contê-la nós temos duas alternativas. Primeiro a da terceira dose para essa população mais frágil, isso é necessário, mas, ao mesmo tempo, diminuir o intervalo de doses da vacina Astrazeneca e vacina Pfizer, então sairemos de 12 semanas para 8 semanas, ou seja, de três para dois meses”, destacou o secretário.

SAIBA MAIS

Fiscalização do desembarque de navios

No dia 26 de maio deste ano, o decreto organizado pelo governador Flávio Dino trouxe Decreto editado nesta quarta-feira (26) pelo Governo do Maranhão traz novas medidas de prevenção e contenção do coronavírus no estado. Entre os pontos, está a complementação da fiscalização sanitária no desembarque de navios, que é competência legal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do governo federal.

Os desembarques de passageiros e tripulantes de embarcações devem ser comunicados previamente não somente à Anvisa, mas também à Secretaria de Estado da Saúde (SES), a fim de que sejam tomadas as medidas sanitárias necessárias à prevenção e ao combate à Covid-19.

Os navios devem concentrar os desembarques de casos suspeitos nos locais com melhor suporte de atendimento, a partir de orientação da Secretaria de Estado da Saúde. O tripulante com sintomas deve ser notificado sobre a necessidade de isolamento por, no mínimo, 14 dias.

Além disso, a avaliação de saúde de tripulante apto a embarcar, realizada no dia do embarque, deve ser enviada à SES, para conhecimento, podendo ser realizado novo teste, conforme orientação a ser expedida.

Hotéis

O decreto também determina que hotéis, apart-hotéis, hostels, albergues e demais estabelecimentos de hospedagem no Maranhão ficam obrigados a informar o ingresso (check-

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