Urbanização

Av. Joãosinho Trinta, a Via Expressa, agilizou tráfego e é marco em SL

Inaugurada em tempo recorde pela ex-governadora Roseana Sarney, avenida é referência em mobilidade urbana na capital maranhense

José Linhares Jr. / Da Equipe de O Estado

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h15

São Luís - A Avenida Joãosinho Trinta foi inaugurada em 2014 pela ex-governadora Roseana Sarney e representa uma das mais efetivas ações do governo na infraestrutura da capital maranhense. Com uma extensão de quase 10 quilômetros, a avenida é conhecida popularmente como Via Expressa. Oficialmente a via nasceu como MA-207. Sua construção foi um marco no processo de urbanização e expansão da área urbana de São Luís.

A homenagem

O maranhense que dá nome a avenida também é ilustre e carrega consigo o símbolo da grandeza. João Clemente Jorge Trinta, o Joãosinho Trinta, é considerado um dos maiores carnavalescos da país. Filho de operários, antes de se tornar uma lenda da maior festa popular do planeta, começou a carreira trabalhado em um armarinho no centro de São Luís. Quando a rotina permitia, Joãosinho Trinta se refugiava na Biblioteca Benedito Leite. Autodidata, o maranhense tinha predileção por livros de mitologia grega, literatura e teatro.

Joãosinho Trinta morreu em 17 de dezembro de 2011. Três anos após sua partida, a amiga e governador na época Roseana Sarney inaugurou a segunda etapa da avenida que levaria o seu nome.

A avenida

A avenida Joãosinho Trinta tem um total de 9.795,96 metros e liga as avenidas Carlos Cunha, no Renascença, a Avenida Daniel de La Touche, no trecho que compreende o Ipase. Idealizada e concluída no último governo de Roseana Sarney, a avenida era vista como fundamental para o processo de melhoria da mobilidade urbana na cidade.

Antes da construção da avenida Joãosinho Trinta, as avenidas Jerônimo de Albuquerque e Holandeses eram as principais, e únicas, vias de ligação entre bairros da região leste e oeste da Ilha de São Luís. Com a inauguração da obra, parte do trânsito caótico que assombrava motoristas na Jerônimo de Albuquerque no trecho do Cohafuma foi resolvido.

Apesar da extensão e da grandiosidade da avenida, a construção da obra levou menos de 4 anos para ser concluída. Podendo ter sido entregue antes, não fosse impasse quanto a desapropriação de imóveis e o impacto em um sítio arqueológico na área do Vinhais Velho.

O deputado federal Bira do Pindaré (PSB), na época ocupante de vaga na Assembleia Legislativa, lembra da ocasião. “A principal questão na época foi em relação ao Vinhais Velho. Um dos marcos de fundação da cidade. Ao final aconteceram acordos entre a comunidade e os gestores da época que permitiram a implantação da época. Uma via importante. Mas que, como qualquer empreendimento, precisa ser debatido”, disse.

A avenida Joãosinho Trinta liga os bairros Jaracaty, Cohafuma, Vinhais e Maranhão Novo. No total a via é composta por várias faixas, cinco pontes, dois viadutos, ciclovias e calçadas. Sua área de influência afeta mais de 200 bairros e beneficiou diretamente mais de 300 mil pessoas.

O futuro

Apesar da importância da avenida Joãosinho Trinta e de sua localização privilegiada, o interesse do setor privado na área e do setor público não foi observado nos últimos sete anos da avenida.

Até hoje a avenida Joãosinho Trinta não possui cobertura de transporte coletivo. A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) questionando a situação e tentando entender porque a via, que poderia servir de ligação rápida entre os terminais da integração da Praia Grande e Cohama não é utilizada. Até o fechamento desta reportagem o órgão não havia se manifestado.

O arquiteto e urbanista Militão Gomes acredita que alguns fatores podem ser apontados como fundamentais para a lentidão no processo de urbanização do entorno da avenida Joãosinho Trinta. Segundo ele, o desinteresse do mercado pode ser explicado principalmente pela insegurança jurídica na área.

“É uma área que corta uma Área de Preservação Ambiental (APA). As outras áreas restantes estão em áreas residenciais e no sítio estadual Santa Eulália. A legislação impede a ocupação plena nessas áreas. Daí decorre o principal fator para o desinteresse na área”, explicou.

Segundo Militão, há uma espécie de concentração fundiária no local. “A posse dos terrenos da área residencial é concentrada nas mãos de poucas pessoas”, explicou.

Mesmo com o peso jurídico na baixa atratividade pelo empreendimento, o urbanista também acredita que o próprio mercado em si ainda não despertou interesse pelo lugar. “O que percebemos é que a demanda não existe não apenas pelas barreiras jurídicas, mas por uma indisposição espontânea”, explicou.

Para Militão a área deve configurar-se em breve como uma das próximas fronteiras imobiliárias da cidade. Contudo, para que o processo aconteça, é fundamental a modernização do plano diretor e alterações na Lei de Zoneamento que possibilitem o uso comercial e residencial sustentável da área.

“A área possibilita ao poder público uma atuação que anteceda a demanda. Dessa forma, pode ser feito um planejamento que possibilite tanto a preservação das áreas que merecem ser preservadas como a ocupação adequada das demais”, explicou.

Pela história da cidade e com base nas últimas reportagens de O Estado sobre urbanização a certeza que fica é que o processo de ocupação e urbanização é inevitável. Resta saber se ele acontecerá de forma organizada, ou se será mais uma vez deixado para quando for mais difícil.

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