Cidadania

Urbanização da Av. Ferreira Gullar levou inclusão social a milhares

Processo iniciado pela ex-governadora Roseana Sarney e continuado pelo governador Flávio Dino acumula resultados positivos

José Linhares Jr / Da equipe de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15

São Luís - Há cerca de 10 anos atrás o Governo do Maranhão intensificou o processo de urbanização da Avenida Ferreira Gullar. Responsável pela ligação dos bairros do São Francisco e Jaracaty, a via cruza uma localidade que, por décadas, ficou conhecida apenas por dar acesso às palafitas que compunham a paisagem da Baía de São Marcos. Segundo o urbanista Hermes Fonseca, a construção da avenida Ferreira Gullar e sua posterior urbanização é um marco na história da cidade. “Com a construção de uma infraestrutura adequada e chegada dos serviços públicos a área, que já era conhecida por ter uma das vistas mais lindas da cidade, melhorou bastante”, disse.

A avenida leva o nome de um dos maiores poetas da história do país, Ferreira Gullar. Na ocasião da inauguração da avenida, o autor veio ao Maranhão e participou da cerimônia ao lado da ex-governadora Roseana Sarney. Apesar de agradecer a homenagem na época, Gullar morreu (2016) sem saber que seu nome ajudou a instituir um dos mais bem-sucedidos programas de inclusão social pela urbanização do Maranhão.

Urbanização

Após o início de ocupação da chamada “Ponta do São Francisco” com a inauguração da Ponte José Sarney no início da década de 1970, a área do bairro conhecido como Ilhinha teve um processo de urbanização considerado tardio em comparação com localidades como Renascença, Calhau, Ponta D’Areia e São Francisco.

Por cerca de 40 anos a área se tornou o principal abrigo de palafitas na capital maranhense ao lado da foz do Rio Anil. As ações de governo e prefeitura se resumiram, ao longo destes anos, ao aterramento de áreas e construção de avenidas precárias.

Contudo, na segunda passagem da ex-governadora Roseana Sarney (MDB) pelo governo do Maranhão, foi iniciado um processo de urbanização continuado pelo atual governador Flávio Dino (PSB) que pode ser chamado do mais exitoso processo de inclusão social em uma área carente da cidade.

Após a construção da avenida por Roseana, que possibilitou a infraestrutura base, o governador Flávio Dino iniciou um processo de recuperação da área que culminou com a construção de quadras poliesportivas, praças e uma campanha de extinção das palafitas na localidade. A ação foi uma das promessas do atual governador na campanha de 2018.

Efeito positivo

Graduado em Arquitetura pela Universidade Federal do Pará e em Engenharia Civil pela Universidade da Amazônia, Hermes Fonseca tem mestrado em Desenvolvimento Urbano pela Universidade Federal de Pernambuco doutorado em Urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2011), o urbanista Hermes Fonseca falou com O Estado do Maranhão sobre a importância da urbanização da área.

“Antigamente era um território marginalizado esquecido tanto pela inciativa privada, quanto pelo poder público”, disse.

O urbanista afirma que a situação era paradoxal, uma vez que o longo da avenida Ferreira Gullar possui uma das vistas mais privilegiadas da cidade. “Após a inauguração da Ponte do São Francisco tivemos um processo de ocupação desordenada que acabou resultando em uma espécie de avenida litorânea, uma vez que circunda um trecho da baía de São Marcos. Ocorre que a falta de fiscalização e atuação do poder público acabou relegando ao lugar um status de periferia, mesmo estando situado em uma área tão bela”, disse.

Com o início do processo tocado pela ex-governador e consolidado pelo atual governo, uma situação incomum em se tratando de política local, não tardou para que os investimentos privados também começassem a aparecer no lugar. Caso do comerciante Pedro Lindoso, que abriu e aumentou seu estabelecimento em pouco mais de cinco anos.

“Antigamente era tudo muito sujo e inseguro, a gente tem que assumir. Só que de uns tempos para cá melhorou demais e a gente não tem mais tanta preocupação porque as coisas melhoraram e passa muita gente aqui”, disse.

O trânsito contínuo de veículos na avenida Ferreira Gullar também ajuda a mudar a paisagem do lugar. Antes completamente ocupadas por famílias, as casas localizadas na avenida começam a abrigar negócios dos mais variados possíveis. “Para arranjar emprego aqui era uma luta. Agora a gente tem a possibilidade de trabalhar perto de casa”, disse a cabelereira Joana Simões a O Estado.

Não é perfeito

O problema das palafitas, apesar de ter sido reduzido drasticamente, ainda persiste. Antes visíveis na parte interior da Ponte do São Francisco e na parte mais ao sul da Ponta do São Francisco, muitas delas foram transferidas para a parte mais baixa da ponte. “Infelizmente tem gente que quer morar aí. Não tem como entender isso”, disse um morador da área que preferiu não se identificar.

Enquanto a infraestrutura avança, outros serviços públicos ainda são precários na localidade. Alguns moradores e comerciantes ouvidos por O Estado reclamam da péssima qualidade da coleta de lixo e da segurança em alguns dos mobiliários urbanos instalados.

O fato é que mesmo as dificuldades comuns a todas as áreas da capital maranhense, o sucesso do programa de urbanização no entorno da Ferreira Gullar aponta um caminho para a inclusão social contínua e eficiente.

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