Reinfecção

Casos de reinfecção da Covid-19 podem ser mais agressivos

Segundo o diretor do Lacen, variantes podem ser facilitadores do aumento de reinfecções, e no Maranhão, variante Gamma tem predominância de 91%, embora não haja reinfecção confirmada

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Teste identifica infecção por covid
Teste identifica infecção por covid (teste rápido covid)

São Luís – A estudante Anna Lindoso foi contaminada, assim como sua mãe, pelo vírus da Covid-19. No entanto, ela conta que além de muito sono, o único sintoma que sentiu foi perda do olfato. “Meus sintomas foram leves, eu sentia muito sono e um dia perdi o olfato, que até hoje não voltou. E o mesmo foi com minha mãe. Ficamos doentes juntas, e nenhuma das duas teve febra ou falta de ar, apenas a perda do olfato”, conta.

Contudo, uma semana após receber a primeira dose da vacina, Anna Lindoso relata que começou a sentir dores de garganta e febre, e ao ir ao hospital, foi diagnosticada novamente com o vírus. “A médica pensou que se tratava de um caso de amidalite comum, mas decidimos fazer o teste de covid, por precaução, e deu positivo. Confesso que fiquei um pouco assustada, pois, além de ter sido uma semana após minha vacinação, os sintomas estavam mais fortes do que na primeira vez”, relatou a estudante.

O caso de Anna Lindoso não é incomum. De acordo com artigo “Evidência genética e resposta imunológica do hospedeiro em pessoas reinfectadas com Sars-CoV-2”, publicado em maio deste ano, coordenado pelo Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz), para a parcela da população que tem a doença na forma branda (em que não é necessária internação) não significa que fiquem imune ou que uma reinfecção evolua de forma benigna, ou seja, sem sintomas ou sintomas leves. O estudo indica ainda que a reinfecção pode ser mais frequente do que se supõe.

O caso de ser infectado pela mesma variante acontece, porque o paciente não teria criado memória imunológica. No caso de outra cepa, ela “escaparia” da vigilância, não seria reconhecida pela memória gerada anteriormente por ser um pouco diferente.

Nos casos investigados, a primeira infecção se deu com sintomas brandos. Na segunda, os sintomas foram mais frequentes e mais fortes, mas não necessitaram de hospitalização. “Essas pessoas só tiveram de fato a imunidade detectável depois da segunda infecção. Isso leva a crer que para uma parte da população que teve a doença de forma branda não basta uma exposição ao vírus, e sim mais de uma, para ter um grau de imunidade”, conta Thiago Moreno, coordenador da pesquisa

Variantes
Outra causa das reinfecções da Covid-19 é o surgimento de variantes do vírus pelo mundo. Como as variantes P.1 e P.2 foram as primeiras a serem identificadas no país, já existem estudos relacionados a elas que confirmam a existência de casos ligados à reinfecção, sugerindo a possibilidade das pessoas que já tiveram a Covid-19 anteriormente serem reinfectadas com uma nova variante. Por isso, a necessidade de manter o distanciamento social e as medidas sanitárias, como utilização de máscara, álcool em gel e a higienização correta das mãos com água e sabão, mesmo já tendo contraído o vírus em algum momento.

Até abril deste ano, de acordo com o Laboratório Central de Saúde Pública do Maranhão (Lacen-MA), das variantes que circulam atualmente no país, quatro foram registradas no Maranhão. Em maio deste ano, em São Luís, também foi identificada a variante indiana, B.1.617, que chegou ao país a bordo de um navio cargueiro vindo da África.

O diretor do Lacen, Lídio Gonçalves, destaca também que todas as novas variantes estão relacionadas aos casos de reinfecção pelo país, sendo a P.1, relacionada com a maior capacidade de transmissão. “O processo de vacinação também é importante, para reduzir a possibilidade do surgimento de outras linhagens. Visto que as novas linhagens surgem à medida que há o aumento da transmissão”, pontua.

De acordo com um estudo divulgado na última semana, 19, pela Secretária de Estado de Saúde do Maranhão (SES), foi identificada uma predominância de 91% da Variante Gamma em relação às outras variantes do SARS-CoV-2, no Maranhão. Para seguir monitorando as variantes no Maranhão, a Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio do Laboratório Central de Saúde Pública do Maranhão (Lacen-MA), informou que já realiza o diagnóstico da Covid-19 no estado e tem encaminhado amostras para que o sequenciamento genômico do SARS-CoV-2 seja realizado pela Fiocruz, no Rio de Janeiro, ou pelo Instituto Evandro Chagas (IEC), no Pará.

Sem casos
Apesar dos relatos de pacientes que alegam casos de reinfecção da Covid-19, a SES informou a O Estado, por meio de nota “que, até o momento, não existe caso confirmado de reinfecção no estado do Maranhão”. A Secretaria ainda informou que segue os critérios do Ministério da Saúde, onde considerada reinfecção um indivíduo com dois resultados positivos de RT-PCR para o vírus SARS-CoV-2, com intervalo igual ou superior a 90 dias entre os dois episódios de infecção respiratória.

SAIBA MAIS

Por quê pessoas imunizadas pegam Covid-19

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) explica que, é possível contrair o coronavírus mesmo tendo tomado a vacina contra a Covid-19 porque nenhum imunizante disponível no mundo atualmente tem eficácia de 100% contra o vírus Sars-CoV-2, o que significa que algumas pessoas podem ser infectadas mesmo depois de tomar as duas doses.

Contudo, a maioria das vacinas disponíveis previnem casos graves e óbito por Covid-19, desde que tomadas as duas doses e que haja tempo para o organismo desenvolver a imunidade necessária. Não dá para esperar eficácia semelhante ao divulgado nas pesquisas com apenas uma dose ou antes do tempo sugerido pelos pesquisadores para a imunização atingir sua eficácia.

Além disso, as vacinas que são aplicadas atualmente no Brasil têm apresentado, quando completado o ciclo de imunização com as duas doses, proteção contra as variantes que já surgiram, mas não se sabe a duração dessa proteção, pois podem surgir variantes resistentes à imunidade que as vacinas vão gerar.

Sobre a infecção de pessoas já vacinadas, a SES comunicou que apenas recentemente o Sistema de Informação do Ministério da Saúde adicionou o dado de infecção por Covid-19 em pessoas vacinadas. No momento, não há dados registrados no Sistema. Contudo, após a segunda dose da vacina contra a Covid-19, a SES informou já ser possível observar uma queda sistemática a qual é comprovada pela redução das solicitações de internação de casos graves e registros de óbitos. Este cenário está diretamente ligado ao percentual de população vacinada e considerada imunizada.

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