Saúde

Excesso de home office atinge olhos, diz pesquisa

Pesquisa do IBGE aponta aumento do trabalho remoto na pandemia que leva à fadiga visual. Oftalmologista ensina como prevenir complicações

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
(óculos)

São Paulo - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Covid-19 (PNAD) do IBGE mostra que na pandemia o trabalho remoto passou de 3% para 12% entre brasileiros com carteira assinada. Muitos aprovam e até preferem a nova modalidade, mas a falta de um horário fixo para iniciar e terminar o expediente está levando a maioria ao esgotamento crônico, também conhecido por Síndrome de Burnout.

Não é a única complicação. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier o olho é o órgão mais afetado pelo trabalho online. Isso porque, é bombardeado por 16,7 milhões de cores geradas pelas telas. Toda esta variação de luminosidade sobrecarrega a musculatura que regula a entrada de luz até a retina, nervo óptico e cérebro onde se formam as imagens.

“Quem permanece muitas horas realizando trabalho, reuniões ou treinamentos online, bem como enviando e-mails e mensagens no WhatsApp, tem olho seco evaporativo. Isso porque, normalmente piscamos 20 vezes/minuto. Na frente dos monitores de 6 a 7 vezes”, afirma. Significa que a cada 20 minutos de trabalho online piscamos entre 120 e 140 vezes, enquanto normalmente piscaríamos 400 vezes. “O resultado é a fadiga visual ou síndrome da visão no computador que além do olho seco, provoca vermelhidão, visão embaçada e dor de cabeça”, assinala.

Um levantamento feito por Queiroz Neto com 1,2 mil jovens e adultos com até 40 anos mostra que o desconforto atinge 75%. Não é para menos. As telas eletrônicas dificultam manter o foco porque as imagens e textos são formados por pixels que têm o centro mais brilhante que as bordas. Para diminuir o desconforto é necessário usar colírio lubrificante até 4 vezes ao dia. Se ainda assim a visão embaçada persistir, o oftalmologista afirma que é necessário passar por uma avaliação oftalmológica completa para checar alguma mudança no grau dos óculos ou outras alterações que interferem na lágrima. “Há casos em que é indicado o implante de um plugue para manter a lágrima na superfície do olho ou aplicações de luz pulsada que estimulam a produção da camada lipídica da lágrima.

Síndrome cresce após 40 anos
O oftalmologista afirma que a partir dos 40 anos 90% têm a síndrome da visão no computador. O aumento é causado pela presbiopia ou dificuldade de enxergar de perto, decorrente da perda de flexibilidade do cristalino para alternar a focalização das imagens próximas e distantes.

A partir desta idade, além de colírio lubrificante, Queiroz Neto afirma que é indicado o uso de óculos com lentes especiais para meia distância que melhoram o desempenho nas atividades online. Já aos 50 anos quando o cristalino começa amarelar, menos luz azul penetra nos olhos e a visão de contraste diminui. Por isso, as telas devem ser calibradas com o máximo contraste. A partir dos 60 anos a pupila diminui, reduzindo ainda mais a luz que chega à retina e precisamos três vezes mais iluminação ambiental que uma pessoa com 20 anos.

Lente de contato
Outro problema é que a estimativa do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) do qual o médico faz parte, é de que no Brasil metade da população precisa usar óculos ou lente de contato para corrigir miopia, hipermetropia, astigmatismo ou presbiopia. “Desses, 8,4 milhões usam lente de contato e correm maior risco no trabalho online caso descuidem da lubrificação dos olhos”, ressalta. Isso porque, explica, o olho seco altera a textura, coloração e transparência da lente, antecipando seu vencimento. Pior: “A chance de opacificação por uma úlcera na córnea é 10 vezes maior em quem usa lente danificada”, diz Queiroz. Como se não bastasse, os prontuários do hospital mostram que o uso de lente vencida ou durante a noite respondem por 45% das cicatrizes e úlcera na córnea, terceira maior causa de deficiência visual no mundo.

Por isso, independente da validade indicada na embalagem, a recomendação é interromper o uso e consultar um oftalmologista ao primeiro desconforto.

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