Literatura

Romances póstumos em único lançamento

"A Bailarina na Fonte do Ribeirão" e "Soberba", ambos escritos pelo publicitário Diogo Adriano, assassinado em junho do ano passado, numa briga de trânsito, serão apresentados hoje, às 20h, durante evento na Livraria Amei do São Luís Shopping

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Diogo Adriano deixou dois romances inéditos, a serem lançados nesta quinta-feira, 15
Diogo Adriano deixou dois romances inéditos, a serem lançados nesta quinta-feira, 15 (Diogo Adriano )

São Luís - Simplicidade, humildade, respeito ao próximo, responsabilidade, amor e percepção aguçada do mundo ao seu redor. Essas são algumas características que o leitor perspicaz poderá depreender a respeito da personalidade de Diogo Adriano ao ler os seus dois romances póstumos: “A Bailarina na Fonte do Ribeirão” e “Soberba”. O livro que reúne as duas obras, com 290 páginas, será apresentado hoje, às 20h, na Livraria e Espaço Amei do São Luís Shopping (Jaracati), em evento organizado pela família do publicitário, assassinado em junho do ano passado, após uma discussão no trânsito, na área da Lagoa da Jansen. A mãe, Concy, e os irmãos Thales Neto e Gustavo Adriano autografarão os exemplares. Durante o lançamento, será exibido um vídeo com imagens do autor desde a infância.

Os dois romances estavam em um computador que pertencia a Diogo Adriano e os arquivos haviam sido repassados, também, a um primo dele, que faria a revisão dos textos. Segundo Thales Neto, Diogo chegou a comentar que estava escrevendo os livros, mas daria mais detalhes com o início do processo gráfico e a preparação do lançamento. Ao descobrir os escritos, a família se reuniu e deu início aos trâmites para a confecção do livro (assim como Diogo teria feito), para que todos tivessem acesso ao conteúdo, já que estava finalizado.

“Foi uma grata surpresa para todos nós descobrir que ele materializou sua ligação intelectual com os nossos laços familiares que também enveredaram pelo terreno da escrita, uma faceta que não conhecíamos a fundo, mas que nos surpreendeu. É um orgulho para nós ler tudo o que ele escreveu e poder guardar para sempre, assim como o teremos eternamente em nossa memória”, disse ele, que é piloto de aeronave, mas estava em São Luís no dia da morte do irmão, tendo sido o primeiro a se dirigir ao local do ocorrido, em frente ao Bar Por Acaso, onde Diogo foi alvejado com um tiro de revólver, na região do pescoço, na manhã de 16 de junho de 2020.

A contracapa é assinada pelo Frei Wilton Alves Rocha e as orelhas trazem considerações de Jean Pierre Alvim, amigo de Diogo Adriano desde os tempos de adolescência. Logo na primeira página, dona Concy apresenta sua dedicatória: “Dedico esse dia, tão esperado por meu filho, a todos que fizeram parte da sua vida, Diogo, e acreditaram no seu talento e lhes inspiraram A Bailarina na Fonte do Ribeirão e Soberba. Dedico também, em especial à sua filha Luana, seus irmãos Gustavo e Thales e o frei Wilton, que juntos comigo descobriram que a sua partida precoce não impediu de continuarmos seu projeto e que o amor permanece depois do adeus, vivo e forte”.

Gustavo Adriano continua: “Meu amado Diogo (in memoria), já ressuscitado em minhas lembranças, te agradeço eternamente pelos 41 anos de convívio físico e, sobretudo, por essa nova experiência de relação que, a cada dia, se revela mais intensa e transcendental. Em teu nome, e com toda tua simplicidade, ofereço A Bailarina na Fonte do Ribeirão e a Soberba a cada um que venha a conhecer esse lado singelo e delicado de um Diogo, até então, somente irreverente, menos aos olhos de minha mãe. Com muito amor”.

Thales Neto complementa: “Dedico ao meu irmão (in memoria), amado e carinhoso, essa realização de um dos seus sonhos, e a concretização de um de seus talentos, na certeza que sempre acreditei na sua força de vontade e reconhecimento do grande ser humano que foi. Com você, Diogo, partilhei momentos incríveis que agora fazem parte das lindas lembranças, que guardo como tesouro no meu coração e com uma saudade infinita. Estarás sempre comigo, na minha memória inapagável. Seu irmão que te ama eternamente”.

Memórias da infância

Os romances, entre outras coisas, retratam o amor do publicitário por sua família, amigos e o apego às memórias da infância, bem como a paixão por São Luís, cidade que admirava e pela qual nutria um carinho exposto nas entrelinhas. Além disso, revelam sua religiosidade e seu grau de maturidade diante da vida: uma contribuição, também, das experiências que viveu fora do Maranhão, como destacado em “Soberba”, em que ele descreve a relação entre duas amigas no Rio de Janeiro. Os dois romances são escritos em primeira pessoa.

“Ao voltar para o calçadão, minha calmaria contrastou com os atletas amadores que se exercitavam freneticamente nas ciclovias e nos aparelhos instalados na orla. O Rio é uma cidade totalmente esportiva. Apesar de não ser praticamente de nenhum esporte específico, eu adoro esse clima e ele facilita muito minhas caminhadas”, dá voz à sua personagem, na página 191.

Já em “A Bailarina na Fonte do Ribeirão”, o publicitário revive, por meio de suas personagens, o período estudantil no Colégio Santa Teresa, as descobertas da adolescência, a relação carinhosa com a cidade e os rituais rotineiros que o acompanharam por um longo tempo.

“Eu tinha um ritual ao entrar na escola. Subia a ladeira que separava o ginásio esportivo do prédio com as salas de aula. Elas eram dispostas em três andares de extensos corredores que contornavam um pátio central, formando quase um quadrado perfeito. Ia para a igreja, anexa ao prédio escolar, integrada ao convento propriamente dito, fazia minha oração e ia para a aula”, escreve, logo na introdução de “A Bailarina na Fonte do Ribeirão”.

Diogo Adriano Costa Campos nasceu em São Luís, no dia 10 de fevereiro de 1979. Formou-se em Comunicação/Marketing na Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, onde morou por muitos anos e tornou-se esposo e pai. Era um profissional dedicado, um amigo fiel e se destacava pela simplicidade, algo externado logo na primeira conversa com quem dele se aproximasse. Quem conviveu com o publicitário, frisa que ele gostava de “descomplicar”, pois enxergava o mundo com os olhos da praticidade. Mas partiu precocemente, vítima da violência urbana, deixando um legado de humildade e um exemplo de vida, de certa maneira, materializados nos dois romances que escreveu.

Serviço

O quê

Lançamento das obras póstumas “A Bailarina na Fonte do Rfibeirão” e Soberba”, de Diogo Adriano

Quando

Hoje, às 20h

Onde

Livraria Amei do São Luís Shopping (Jaracati)

Preço do livro: R$ 60,00 (a renda com a venda dos exemplares será destinada à Paróquia Santa Dulce)

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