A volta dos JEMs

Volta dos JEMs: regionais deve ser em setembro e finais em outubro

Previsão é da Secretaria de Estado do Esporte e Lazer (Sedel); reunião de alinhamento ocorreu para tratar do assunto, medidas sanitárias e decretos

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
A exemplo dos JEMs de 2009, com o tema “A emoção está de volta”, os jogos devem retornar este ano
A exemplo dos JEMs de 2009, com o tema “A emoção está de volta”, os jogos devem retornar este ano

São Luís - Após um ano de cancelamento, os Jogos Escolares Maranhenses (JEMs) devem ser realizados a partir de setembro deste ano. A previsão é da Secretaria de Estado do Esporte e Lazer (Sedel). De acordo com a pasta, “todas as medidas sanitárias e os decretos governamentais” serão obedecidos. Além dos JEMs, os ParaJEMs ocorrerão de forma simultânea.

O calendário, de acordo com a Sedel, foi reajustado e, neste momento, 78 municípios estão inscritos. No entanto, a agenda depende do retorno das aulas presenciais e das atividades esportivas internas, no segundo semestre. Caso isso não ocorra, a pasta dará a opção de disputas por seleções.

As datas precisas acerca do evento ainda serão anunciadas. Em outubro, ainda de acordo com a Sedel, ocorrerá a fase estadual final. “Fizemos uma adequação de calendário e a equipe da Sedel está pronta para realizar os jogos. Vai acontecer, será bacana, bonito, divertido e com toda a segurança que o momento exige. Cumpriremos todas as medidas sanitárias e obedeceremos aos decretos governamentais”, disse a O Estado o secretário titular da Sedel, Rogério Cafeteira.

A Sedel baseia o calendário oficial na agenda da etapa nacional dos Jogos da Juventude, confirmados para dezembro deste ano. Além dos Jogos da Juventude, outra competição promovida pela Confederação Brasileira de Desporto Escolar e disputado por instituições de ensino também deve ocorrer, usando o nome de Jogos Escolares Brasileiros.

A importância dos Jogos Maranhenses para a formação de atletas é vital, quando se pensa nas gerações anteriores. Nomes como Phil Camarão, Luís Fernando Figueiredo, Paulo Tinoco, Professor Miranda, Rubem Goulart Filho e de outras gerações como Tião, Gílson e Lucídio no Handebol, assim como Silvana Teixeira e Hermílio no Basquete, somente tiveram oportunidade devido à promoção da agenda esportiva tão importante.

Em 2012, o atual secretário de Comunicação da Prefeitura de São Luís e que à época era gestor estadual, Joaquim Haickel, destacou o papel dos JEMs no cenário local e na formação de cidadãos. Segundo ele, nomes citados por Haickel, como: Alim Neto, Mônica, Vadeco e Clineu, passando por Fernando Lins, Mesquita, Aragão, Núbia, Aparecida, seu Dadá, Nazareno e Dona Fátima, também fizeram parte do JEMs.

Para Haickel, ainda no texto citado há nove anos, “a realização de um sonho não tem preço”. Segundo ele, “não há nada mais gratificante do que alcançar os objetivos, superar obstáculos e se tornar vencedor ou vencedora”. Essa trajetória é marcada por grandes fatos.

As histórias marcadas pelo JEMs
Para Edivaldo Pereira Biguá e Tânia Biguá, os JEMs foram além do esporte e se tornaram uma oportunidade de encontro. Em 1973, Tânia jogava vôlei pelo Colégio Santa Teresa.

Para ela, esse era um momento único. “Não tínhamos outros eventos para competir. Passávamos o ano todo treinando com o objetivo de participar bem dos JEMs. A festa era grandiosa porque o ginásio Costa Rodrigues centralizava os esportes de quadra. Por falta de muitas distrações, os estudantes se envolviam, não só para defender suas escolas, mas para torcerem e paquerarem. Foi assim que eu conheci meu marido”, disse.

Biguá veio de São Paulo para apitar os jogos a convite de Cláudio Vaz, então coordenador do Departamento de Educação Física e Desportos da Secretaria de Educação do Estado. Lançava mão da experiência como atleta nas modalidades basquete e futsal.

Mesmo sem jogar vôlei, terminou apitando também as principais partidas dos JEMs. No dia 25 de setembro daquele ano, Biguá passou por uma das maiores emoções de sua vida. “Essa foi a maior celebração que já tive em um aniversário. O ginásio inteiro cantou parabéns pra você”, disse.

E Biguá complementa. “Isso representava centenas de pessoas em uma só voz, o que era de arrepiar. Quando acabou o jogo que eu apitava, a Tânia surgiu e me deu um chiclete de presente, me desejando felicidades. A partir daí grudamos um no outro. Casamos em 1976, sempre envolvidos com os JEMs. Agora em 2021, completaremos 48 anos de namoro”, disse.

Biguá lembra ainda que vieram para somar às nossas vidas um filho, Márcio Biguá (ex-atleta, advogado e vice-presidente jurídico da federação de futebol), a nora Brena Márcia (ex-atleta de tênis de mesa e mestre em Biologia) e dois netos: Caio Lucas, de 16 anos e Anna Mel, de 6 anos.

Ascensão do JEMs
Em 2017, após décadas de realização, os Jogos Escolares Maranhenses (JEMs) alcançaram o maior número de adesões em toda a sua história. A Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Sedel) registrou inscrições de 107 municípios, o que representou a participação de mais de 75 mil estudantes de todas as regiões do estado na maior competição esportiva do Maranhão.

Em 2020, a pandemia do coronavírus impediu a realização dos JEMs. Uma lacuna foi aberta, causando prejuízos a uma geração de atletas escolares. Além disso, deixou-se de fomentar a prática do esporte e de possibilitar a identificação de talentos, o intercâmbio sociocultural e esportivo, e a geração de emprego e renda.

SAIBA MAIS

O Ginásio Castelinho e a referência à Georgiana Pflueger

Inaugurado no início da década de 1980, o Ginásio Castelinho continha capacidade para aproximadamente 6,5 mil pessoas. Equipado com vestiário, banheiros, academia, alojamento, sala vip, área de administração, lanchonete, sala e vestiários para arbitragem, a arena recebeu o nome Georgiana Pflueger, homenagem a uma maranhense jogadora de vôlei que faleceu aos 19 anos, em consequência de um acidente de carro.

Durante a história, além de ser considerado um palco sagrado para o JEMs, o Ginásio também recebeu competições nacionais e internacionais, além de concertos, peças, shows de grandes artistas e eventos religiosos. Em 2019, período em que recebia partidas do Sampaio Basquete, à época, da Liga de Basquete Feminino, parte do teto desabou. Ninguém ficou ferido, já que o fato ocorreu sem qualquer atividade esportiva ou do gênero.

Após idas e vindas, somente no dia 9 de junho deste ano, o governo do Maranhão assinou a ordem de serviço para o início da obra do Ginásio Georgiana Pflueger (Castelinho), em São Luís. Os investimentos, de acordo com o governo maranhense são de mais de R$ 22 milhões e a previsão de entrega da obra é de 12 meses. A obra será executada pela empresa Silveira Engenharia e Construção, vencedora da licitação. O Estado acompanhou esta semana os trabalhos e verificou que estes seguem normalmente.

Com um projeto de engenharia tecnológico e inclusivo, a nova praça esportiva contará com vestiários, banheiros, academia, alojamentos, sala vip, área de administração, lanchonete, área de paisagismo, sinalizações, estacionamento, acessibilidade e iluminação.

Abrindo o jogo - Rogério Cafeteira – titular da Sedel

Título: “JEMs acontecerão com toda a segurança possível”, diz secretário

A O Estado, o secretário titular da Sedel, Rogério Cafeteira, confirmou que os Jogos Escolares Maranhenses acontecerão ainda em 2021. De acordo com o gestor, a importância histórica e o avanço da vacinação em determinados setores dão mais segurança à promoção das atividades. Segundo ele, os protocolos de uso dos ginásios e outros locais de competições se basearão nos decretos governamentais.

Como surgiram os Jogos Escolares Maranhenses?
Por iniciativa de Cláudio Vaz, o Alemão, que fundou os jogos escolares maranhenses em 1971, realizados no Ginásio Costa Rodrigues. Antes o nome era Festival Esportivo da Juventude (FEJ), três anos depois foi mudado para Jogos Escolares Maranhenses (JEMs). Em 1972, o Maranhão participava dos JEBs e o Maranhão ganhou projeção nacional nos Jogos Estudantis Brasileiros (JEBS), com suas seleções das mais variadas modalidades. As escolas do interior passaram a participar dos JEMs em 1974 e desde então os JEMs vem sendo realizado todos os anos. Como não tinha nenhuma competição na época, Cláudio Vaz resolveu trazer para o Maranhão os jogos escolares. Montou um ginásio dentro do Nhozinho Santos, reunindo mais de 40 mil pessoas. E ali alcançou seu objetivo.

Quais os fatos mais marcantes dos JEMs, na sua opinião?
Os JEMs são marcantes por si só, porque formam o maior evento esportivo escolar do Maranhão. As pessoas trabalham esperando os jogos. Atletas treinam ansiosos pelas competições. Hoje os JEMs é um evento que consagra quase 100 municípios, são muitas pessoas envolvidas. Não tenho como dizer quais são os fatos marcantes, já que cada edição tem sua especificidade, característica e o seu preparo. Então, todos acabam sendo especiais de alguma maneira. Mas, para mim, a edição de 2019 foi a mais marcante, porque foram os primeiros jogos que ajudei a organizar.

Quais os principais atletas formados pelos jogos?
A lista é longa, mas vamos lá. Temos José Carlos Moreira, o “Codó”, velocista que conquistou a medalha de bronze nas Olimpíadas de Pequim. A Ana Paula Rodrigues no Handebol, Winglitton Rocha Barros, o “China”, no Handebol. Além de nomes como Alexandre Nina e Nelson Magela na natação e Gilvana Mendes Nogueira, no Handebol, que faz parte da seleção brasileira. Os jogos da juventude, por exemplo, é uma porta de acesso a um mundo esportivo nacional, isso gera mais oportunidades.

Qual o futuro desta importante agenda esportiva que foi seriamente prejudicada em virtude da pandemia?
Os JEMs e os ParaJEMs estão previstos para acontecer em setembro com as fases regionais e outubro a fase final. Fizemos uma adequação de calendário e a equipe da Sedel está pronta para realizar os jogos. Vai acontecer, será bacana, bonito, divertido e com toda a segurança que o momento exige. Cumpriremos todas as medidas sanitárias e obedeceremos aos decretos governamentais

Seu Tereso
Seu Tereso

SEU TERESO
Um dos personagens marcantes e testemunha da história do JEMs é seu Tereso. Para quem não se recorda, ele vende seu famoso pastel no Ginásio Costa Rodrigues, em São Luís, e foi um acompanhante fiel, por questões óbvias, do desenvolvimento dos jogos. “Por aqui, passaram atletas que se consagraram na história do esporte local. Até por questão óbvia, enquanto vendo meu lanche, via muitos jogos. Grandes craques e atletas passaram aqui pelo Costa [Rodrigues] e por outros locais”, disse.

Segundo ele, o fato de não ter sido realizado no ano passado foi um marco negativo para a competição. “Não há realmente qualquer referência em relação a isso, portanto não ter os jogos na oportunidade, por uma questão justa, já que a pandemia estava já aqui, foi algo negativo para o esporte”, disse.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.