COLUNA SOCIAL

"Nem que eu morra de fome, é disso que eu quero viver!"

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Foi o Rodolfo, um dos prodígios do humor no Maranhão. Nesta foto, com alguns de seus personagens ou em momentos marcantes
Foi o Rodolfo, um dos prodígios do humor no Maranhão. Nesta foto, com alguns de seus personagens ou em momentos marcantes
Rodolfo com o elenco da montagem de O Auto da Compadecida, no TAA
Rodolfo com o elenco da montagem de O Auto da Compadecida, no TAA
O ator com o figurino de uma de suas personagens hilárias
O ator com o figurino de uma de suas personagens hilárias

Apesar da carga dramática, a frase acima foi dita por um dos prodígios da comédia do Maranhão logo na primeira vez em que pisou num palco de teatro. Detalhe: aos prantos.

Foi nessa circunstância que Rodolfo teve a epifania de que o humor para ele é mais que um estado de espírito. É ofício, propósito de vida. E é com essa verve cômica que ele ganha a vida: como ator, figura pública e pelas estripulias postadas nas redes sociais.

É no Instagram, aliás, onde "Foi o Rodolfo" (com o perfil @foiorodolfo) mimetiza todo o seu talento, arrancando gargalhadas diárias de quase 36 mil seguidores. Com as bênçãos de referências no assunto como Whindersson Nunes e a nossa Thaynara OG - essa, madrinha artística e amiga de longas datas dele.

Mas antes de falar do Rodolfo do presente, vamos voltar à cidade de Olho D'Água das Cunhãs do início dos anos 1990. Ainda que nascido formalmente em Bacabal, o ator se considera olhodaguense. Foi lá que ele cresceu, estudou até concluir o Ensino Médio, em meio a um contexto familiar no mínimo curioso.

Rodolfo é filho adotivo de D. Maria das Graças e seu Milton Ferreira, que o pegaram para criar com pouco mais de dois anos. Sua mãe biológica, Solange, era funcionária doméstica dos pais adotivos. Muito jovem, ela resolveu ir embora com um circo que passou por "Olho D'Água", deixando o filho aos cuidados da avó. Mas a mãe de criação, àquela altura, já estava afeiçoada com o menino, que vivia em sua casa, e acabou ficando com ele.

Nada que tenha deixado problema de relacionamento entre Rodolfo e os pais biológicos. Ele se dá muito bem com Solange e o pai, Antônio Gomes. Por causa disso, inclusive, ele tem onze irmãos: 3 da mãe biológica, 4 do pai biológico e mais 4 dos pais adotivos.

No meio dessa salada familiar, digna de roteiro de ficção, o pequeno Rodolfo acabou despertando uma percepção aguçada de diferentes tipos de pessoas. E entendeu, desde cedo, que era diferente. Até mesmo nas coisas que queria para a sua vida.

Rodolfo se mudou para São Luís para entrar na universidade. Para um jovem vindo do interior, dentro de um contexto mais conservador, as opções dadas eram no máximo Direito e as da área médica. Mas ele não se encontrava em nenhuma. Chegou a entrar em cursos técnicos de Farmácia e Petróleo e Gás, mas foi em Publicidade que ele de fato encontrou o terreno fértil para o potencial que tinha dentro de si.

Para dar conta de pagar a faculdade, Rodolfo trabalhou em uma loja de shopping, dividindo sua rotina diária com um estágio curricular, em um rojão que tomava todo o seu dia. Foi nesse período que ele descobriu a veia artística.

Contador de história dos bons, cheio de gestuais e imitações, ele foi incentivado por duas amigas a gravar vídeos no Youtube. Destemido, ele foi lá e fez. O primeiro, sem edição, totalmente amador, no estilo "stand up". Nele, Rodolfo conta um assalto que sofreu e, ali, a magia nasceu.

Seu canal no Youtube foi criado nessa época. Lá, ele fazia esquetes cujo tema era perrengues de pessoas que saiam do interior para estudar na capital - tipo ele, claro. Logo depois, veio a febre do Snapchat, onde Rodolfo aflora o lado ator, chegando a criar uma "novela" em que fazia todos os personagens. Faceta que levou também para o Instagram até que foi descoberto pelo teatro.

Ele recebeu um convite de Gracielle Costa para fazer parte da adaptação da Academia de Artes dela de O Auto da Compadecida, clássico de Ariano Suassuna. A princípio, para fazer João Grilo. Mas ele mesmo, ao ler o texto, percebeu que seu destino era fazer o Chicó.

Foi no Arthur Azevedo, onde subiu no palco pela primeira vez, que Rodolfo descobriu que era a interpretação o seu destino e, após o espetáculo, disse para si mesmo a frase que dá título à coluna de hoje. Como ele mesmo revelou à coluna: "é isso [a atuação] que me faz viver!".

Hoje, além de atuar e fazer graça nas redes sociais, Rodolfo também produz vídeos para empresas. Mais uma forma de garantir o sustento. E tem como responsável por sua carreira artística o produtor Bruno Lima.

Seja como Dandara, a jovem sem papas na língua que é metida a rica mas pobre até o talo; Tia Natu, a astróloga maluquete; Dona Ieda, a dona de casa zero paciência com o neto atentado; como Chicó, de O Auto da Compadecida, ou como ele mesmo, Rodolfo é hilário, um dos mais talentosos e competentes artistas de sua geração.

Acompanhá-lo é uma diversão, e eu sou fã.

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