Males da pandemia

Pandemia desencadeia e intensifica fobias sociais

Desenvolvimento de sintomas relacionados ao transtorno do pânico, síndrome da cabana, transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e agorafobia precisam ser observados

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
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. (depressão)

São Paulo - Mais de um ano que a vida mudou completamente com a pandemia. E, quem imaginaria? A rotina e a zona de conforto deram lugar ao improviso, incertezas e, por consequência, muito medo, o que é normal em uma situação inusitada como essa. Mas, é preciso prestar atenção no desenvolvimento dele, para não evoluir e se tornar alguma fobia social, que podem afetar a vida das pessoas depois que a pandemia passar. “O confinamento gera grande sofrimento para a maioria das pessoas, mas algumas se sentem confortáveis com o isolamento e teme como vai ser a interação com os demais”, explica Karin Kenzler, psicóloga clínica. Essa sensação pode ser sinal de algum distúrbio, como transtorno do pânico, síndrome da cabana, transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e agorafobia. Todos têm ligação com a ansiedade, vontade de se afastar de lugares cheios e preocupação de ter que lidar socialmente com muitas pessoas.

Observar possíveis sintomas ajuda a constatar no início e beneficia o tratamento. O transtorno do pânico é um tipo de transtorno de ansiedade, caracterizado por crises inesperadas de medo, insegurança e desespero, aparentemente sem qualquer risco real. Essas crises provocam sintomas físicos como falta de ar, taquicardia, suor excessivo, dor de barriga, náusea, tontura, sensação de morte iminente e boca seca, e psicológicos como medo de morrer, medo de enlouquecer, sensação de irrealidade e distanciamento social.

A Síndrome da cabana não é considerada uma doença, pois se trata de um fenômeno natural do corpo que não está acostumado a mudanças bruscas na rotina ou no comportamento. Essa síndrome se manifesta quando a pessoa precisa se adaptar a uma nova realidade de forma rápida e, em geral, sem que ela tenha total controle da situação, causando angústia, irritabilidade, inquietação, distúrbios do sono e distúrbios de alimentação, dificuldade de concentração e desconfiança das pessoas.

Já o TOC - transtorno obsessivo compulsivo - está relacionado com a necessidade de controle do ambiente. Neste caso, a preocupação da pessoa é maior com o fim da quarentena e a retomada da vida menos controlável fora de casa. No confinamento, sem interação com outras pessoas, com regras e horários definidos e facilidade para limpar cada canto da casa, é fácil manter cada coisa em seu lugar.

A agorafobia é o medo de ter crises de ansiedade, com sintomas parecidos aos de um ataque de pânico, mas em locais públicos ou em lugares em que o atendimento médico seja dificultado, como em túneis e elevadores. “A pandemia pode propiciar o surgimento deste transtorno em pessoas que já apresentam normalmente um perfil ansioso, por ser um período de muitas mudanças causadoras de estresse e situações difíceis como a perda do emprego, a incerteza sobre o futuro, o medo do contágio pessoal ou de familiares e da morte”, explica Karin Kenzler, formada em psicologia pela PUC SP e pós graduada em psicopedagogia pela Universidade Santo Amaro.

Prevenção tem sido a palavra para quem não quer adoecer física nem mentalmente. De acordo com a psicóloga, algumas atitudes e ações podem prevenir o excesso de ansiedade e, por consequência, as chances das fobias se intensificarem:

  • Criar uma rotina para organizar a mente ao longo do período de isolamento social. Criar horários de trabalho, intervalos, refeições e também ter momentos de lazer e descanso.
  • Praticar exercícios físicos para combater o estresse, a ansiedade e a depressão. Além disso, eles também melhoram a autoestima, a qualidade do sono e a concentração.
  • Evitar o excesso de informação sobre a pandemia, uma vez que ele é um grande fator causador de ansiedade e angústia. Para se manter bem informado, assistir a dois noticiários diários de fontes confiáveis, basta.
  • Limitar e definir horários para entrar nas redes sociais, que também evita o excesso de informação. O tempo online aumentou muito na quarentena e também pode ser causador de estresse e ansiedade.
  • Ao se sentir muito estressado, com medo excessivo e ansioso, procurar se desconectar um pouco da realidade, mergulhar em novas histórias, capazes de acalmarem a mente por alguns instantes.
  • Ler e assistir a filmes e séries ajuda a relaxar à medida que transportam para outros mundos e vivências; uma forma de “viajar” em tempos de quarentena.
  • Atividades como pintar, dançar, tocar e escrever são formas de expressar o que pensa e sente e pode ajudar a eliminar a angústia e o medo. Além disso, ocupa o tempo e não fica apenas sentado em frente à televisão ouvindo as notícias.
  • Praticar exercícios de respiração, com técnicas simples, podem ser adotados no dia a dia para ajudar a lidar com a ansiedade.
É essencial dar importância aos sentimentos, em como eles são sentidos e buscar o equilíbrio para viver melhor e com mais saúde. “Caso não saiba como lidar com a ansiedade e sente que precisa de auxílio psicológico para trabalhar todas as questões, a pessoa não deve hesitar em procurar um profissional”, ressalta Karin Kenzler.

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