Artigo

Palmeira babaçu - VII

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16

Em 4 outubro de 1931, o dr. João Protásio Bogéa escreveu e o Jornal Cidade de Pinheiro publicou o artigo “Um esforço exemplar”, onde ressaltava que havia na usina Providência, estabelecimento de propriedade da Companhia Industrial e Agrícola de Pinheiro, ramo da poderosa “Compagnie d''Entreprise Française”, com sede em Paris, “uma organização talhada em moldes racionais”.

A Companhia se propunha a quebrar mecanicamente o coco babaçu e fazer o aproveitamento dos subprodutos da casca pela carbonização em recipiente fechado.

Chamava a atenção para o fato de que a Companhia iria iniciar um processo de reflorestamento dos palmeirais previsto desde os estudos iniciais de avaliação do empreendimento, elaborados na França há mais de uma década. Dessa forma, conforme as palavras do inspetor, que havia visitado o complexo industrial, “estava em curso em breve a a plantação do babaçu nos lugares onde haviam sido destruidos pelas roçadas e naqueles em que as palmeiras estavam velhas e não mais frutificavam.”

Registra a preocupação com o meio ambiente e com o investimento em infraestrutura na abertura de várias estradas vicinais, que foram abertas num raio de 15 km da usina, para facilitar o transporte dos frutos até o núcleo da unidade fabril. Alem disso, “A construçao de muitas casas deram ao local um certo aspecto urbano, destacando-se as casas dos operários, dos administradores, as oficinas de reparo e os barracões de armazenamento dos cocos e o de fornecimento de víveres”...

“... Até bem pouco tempo, ahi nada existia. Hoje é uma organização urbana em franco progresso, onde encontram trabalho cerca de 200 dos nossos patíicios”. E conclui o artigo tecendo uma comparação com a “Rio Tinto” da Lundgren & Cia., implantada na Paraiba em 1918, pelos filhos herdeiros do sueco naturalizado brasileiro Herman Lundgren. Esta iniciativa dos franceses na chapada de Pinheiro, chama a atenção pelo esforço exemplar de implantar num lugar tão remoto, um empreendimento tão visionário. “Estão realizando um grande e belo trabalho. Vale a pena uma visita à Usina Providência”, finaliza o inspetor de Agricultuta.

Durante cerca de dois anos, a fábrica funcionou a pleno vapor, comercializando sua produção para os mercados de São Luís e Belém do Pará, bem como fazendo suas exportações através da empresa Cunha Santos & Cia e as Casas de Hamburgo.

Lamentavelmente, pouco tempo após a feitura desse relatório, um acidente ocorrido durante a fase de teste de um equipamento para purificação do ácido acético, no final do ano de 1931, ocasionou um incontrolável incêndio, seguido de explosões, provocando a morte de inúmeros operários e com grande quantidade de queimados.

Sem noção da importância histórica que a usina Providência representava, os moradores do local saquearam tudo o que puderam levar e há registros de que os equipamentos que restaram e peças de maior porte foram adquiridas pelos comerciantes de Pinheiro.

Em decorrência desse trágico acidente, a usina Providência foi desativada, desfazendo-se o sonho do Sr. Charbonell e dos que tanto lutaram pela sua implantação.

José Jorge Leite Soares

Ex-deputado estadual, membro da Academia Pinheirense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão

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