Duda Mussalém - educadora

Mais de três décadas dedicadas à educação

No comando do Colégio Santa Fé, a educadora desenvolve um trabalho digno de aplausos, destacando-se, também, pela luta em prol da inclusão social de crianças especiais

Evandro Júnior/ Da equipe de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
(duda mussalém)

São Luís - Paraibana que cresceu em Pernambuco e mudou-se para o Maranhão em 1983, a educadora Marilourdes Mussalém tem uma história de amor à educação. Ela começou a atuar no ramo educacional quando contava 16 anos e de lá para cá a paixão só aumentou. Apesar de ter nascido em João Pessoa, Duda Mussalém, como gosta de ser chamada, realizou-se profissionalmente em São Luís.

Hoje no comando do Colégio Santa Fé, instituição construída com braços familiares e instalada no bairro Anil, ela segue em sua missão de trabalhar pela inclusão social, bandeira que hasteia desde sempre, tendo sido pioneira nesse trabalho no estado.

Duda desembarcou na terra do bumba meu boi em 1983, com seus quatro filhos pequenos. O mais velho tinha 9 anos e o mais novo contava 6. Veio em busca de realizações. Afinal, uma irmã sua já vivia em solo maranhense e contava vantagens, sempre enviando notícias de que as oportunidades eram muitas. Ela arriscou e deu mais do que certo.

Há 33 anos no comando do Colégio Santa Fé, no Anil, Duda conta que a instituição começou a enveredar pelo ensino superior. No entanto, com a mudança do cenário educacional nacional, preferiu deixar o segmento e focar 100% na educação básica, que é a sua paixão. Ela trabalha, também, com crianças especiais desde a adolescência. Na verdade, ela começou a se envolver com o magistério aos 16 anos, no Colégio das Damas, tradicional escola católica de Recife. No quarto ano adicional, começou a estagiar como professora.

“No meu trabalho, tenho uma grande identificação com pessoas com deficiência e com as ações educacionais inclusivas, pois eu fui uma criança incluída. Tive um derrame cerebral quando nasci e minha infância foi muito difícil, por causa das minhas limitações. E, na minha trajetória, conheci pessoas que acreditaram em mim. Quando decidi ser professora, eu quis ser essa pessoa na vida dos outros: alguém que acredita no máximo que cada pessoa pode dar”, diz.

Método

O Colégio Santa Fé, que emprega o método montessoriano, acolhe duas crianças especiais por sala de aula até 18 anos. Com a pandemia do novo coronavírus, o maior desafio passou a ser encontrar a forma de desenvolver as habilidades das crianças. E é para isso que ela trabalha incansavelmente. Afinal, seu maior sonho é ver um Brasil que promova a real inclusão das crianças especiais na sociedade.

“No começo da pandemia foi bastante difícil, pois, apesar de vivermos num mundo conectado, quando se fala de educação ainda temos uma relação forte com afeto, contato, proximidade, conversa, e isso nos foi tirado subitamente. Logo, para que a gente se adaptasse, foi preciso reprogramar nosso fazer pedagógico e a forma com que nos relacionamos com nossos alunos. Hoje, mais adaptados, estamos mais tranquilos. Contudo, mais certos ainda de que a formação escolar presencial é, ainda, de suma importância, pois uma escola não apenas ensina conteúdos, mas forma pela relação social. Estamos contando os minutos para essa relação voltar”, revela, acrescentando que as crianças trabalham na sala de aula regular em um turno e no outro têm acompanhamento individualizado nas suas necessidades educacionais.

Esposa de Miguel Mussalém e mãe de Miguel, Paolo, Felipe, Bruno e Maria Luísa, Duda Mussalém tem no currículo prêmios por apresentações em congressos e o título de Cidadã Ludovicense, concedido pela Câmara Municipal de São Luís em 2019, em reverência aos mais de 30 anos de história da paraibana em prol da educação em São Luís.

A educadora sempre diz que seu maior prêmio é poder assistir às crianças vencendo obstáculos diariamente. “Eu sempre afirmo que precisamos acreditar na criança, independentemente da dificuldade que elas possuam. Encontrei na filosofia de Maria Montessori justamente o que eu buscava como professora, ou seja, acreditar em todos e desenvolver o seu potencial individual. Montessori é tão contemporânea à sua época que hoje, mais de um século depois, o que mais a sociedade precisa é respeitar as diferenças”, frisa.

Ela acredita que ainda assistirá à verdadeira inclusão de crianças com deficiência no Brasil. “Sem pressão de leis que são feitas por quem não entende de educação. Mas com respeito à individualidade e com a percepção de que crianças com deficiência nem sempre vão aprender um conteúdo da forma com que os livros querem ensinar”, diz.

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