Editorial

A vacina está funcionando

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16

Ao contrário das afirmações do presidente Jair Bolsonaro, que continua negando a eficácia das vacinas contra a Covid-19 e diz que para efeito de imunização é mais eficaz contrair o vírus do que se vacinar, os gestores estaduais e municipais do país aceleraram a vacinação e o Brasil atingiu uma marca extraordinária: mais de 2 milhões de doses aplicadas em 24 horas.

Na contramão da fala de Bolsonaro, que remete à estratégia da chamada "imunidade de rebanho", contestada por infectologistas e especialistas em saúde pública, a boa notícia é que mais de 40 mil vidas foram poupadas no Brasil desde que a vacinação contra a Covid-19 começou no país, segundo um levantamento da Universidade Federal de Pelotas em parceria com a Universidade de Oxford, com base em dados do Ministério da Saúde coletados entre 3 de janeiro a 27 de maio deste ano. Em idosos acima dos 80 anos houve redução de 16% nos óbitos pela doença, enquanto o total de mortes pelo coronavírus entre pessoas dos 70 aos 79 anos também diminuiu 9% no mesmo período.

Para epidemiologistas, esse recorte indica que a vacina está funcionando, pois tanto a Coronavac quanto a AstraZeneca protegem contra a variante gama (P.1). A pesquisa leva em consideração o período em que a cobertura vacinal avançou lado a lado com a disseminação da variante gama no país, aumentando as mortes por Covid em todas as faixas etárias entre janeiro e maio. Os dados apontam que a mortalidade por Covid em pessoas acima dos 80 anos começou a cair a partir de fevereiro, menos de um mês após o início da vacinação no país.

Com base no levantamento, da segunda quinzena de fevereiro em diante, cerca de 80% das pessoas com 80 anos ou mais já haviam se vacinado pelo menos com a primeira dose da vacina, mesmo período em que o percentual de mortes entre essa faixa etária começou a cair de 25% até atingir a estabilidade nos 12% observados em maio. A estimativa é que 32,6 mil vidas foram poupadas apenas neste grupo durante o período.

Entre os adultos de 70 a 79 anos, 90% já haviam tomado pelo menos a primeira dose da vacina até o final de maio. O impacto da cobertura vacinal no grupo começou a partir da segunda quinzena de abril e se estabilizou no fim do mês seguinte, quando eles passaram a representar 16% das mortes pela Covid, contra os 25% de antes. Neste grupo, a pesquisa estima que 7,5 mil vidas foram poupadas graças à vacinação.

A verdade é que se o governo brasileiro tivesse começado a vacinação ainda em dezembro, com certeza mais vidas teriam sido salvas, ou seja, quase o dobro de vidas, porque a mortalidade começou a cair apenas no final de fevereiro. Mesmo com a redução dos óbitos, o Brasil está longe de viver o pós-pandemia e o uso da máscara facial e o distanciamento social continuam necessários no combate ao vírus. Nenhuma vacina é 100% eficaz, mas elas protegem muito mais contra mortes e internações na UTI do que contra a infecção.

E para fechar a semana, Bolsonaro disse em sua live semanal que, sem a adoção do voto impresso nas eleições do ano que vem, o Brasil poderá ter "um problema seríssimo", uma "convulsão". Defensor de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que tramita na Câmara Federal, Bolsonaro fez ataques ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, crítico da adoção desse sistema de votação.

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