Editorial

A competição saudável

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16

Uma disputa do bem, pela saúde, vem sendo protagonizada pelos governadores Flávio Dino (PCdoB) e João Doria (PSDB), do Maranhão e de São Paulo, respectivamente, e pelo prefeito Eduardo Paes (PSD), do Rio de Janeiro, para vacinar mais pessoas contra a Covid-19 em menos tempo.

Alheios à indiferença do Governo Federal, os gestores tomaram a iniciativa de incentivar a população a procurar os postos de vacinação, no momento em que o registro de óbitos é alto, existe a ameaça de falta de leitos hospitalares e a ameaça de uma terceira onda da pandemia no Brasil.

A “briga do bem” consiste em antecipar o calendário de imunização. Dino já promoveu "arraial da vacinação", em alusão ao tradicional período de festas juninas - que pelo segundo ano não está sendo realizado no Maranhão por conta das medidas restritivas impostas pela pandemia - como o distanciamento social.

Na terça-feira, o governo do Maranhão anunciou que vai sortear prêmios para despertar o interesse da população a tomar a segunda dose da vacina contra a Covid-19. A medida entrará em vigor a partir da próxima semana, com o devido registro pelos municípios no sistema do Ministério da Saúde.

Um dos problemas no processo de imunização do país é a falta de comparecimento dos brasileiros para receberem a segunda aplicação do imunizante. De acordo com dados recentes do Ministério da Saúde, até o dia 9 de junho, cerca de 4,4 milhões de pessoas que receberam a primeira dose não procuraram os postos de vacinação para receber a segunda.

Na disputa entre gestores para ver quem vacina mais, Flávio Dino já contabiliza bons resultados com as ações do “arraial da vacinação”, com direito a mingau de milho para as pessoas que recebiam a vacina. Por sua vez, Doria anunciou que São Paulo vai adiantar em mais 15 dias o calendário de imunização no seu estado. Em clima de brincadeira, o prefeito Eduardo Paes entrou na “briga do bem” e disse que, uma vez que Doria é o "pai da vacina", ele poderia ser o pai adotivo do imunizante.

A competição saudável dos dirigentes públicos é incentivada não só por maranhenses, paulistas e cariocas, mas também por habitantes de outros estados que querem ser vacinados. A cada postagem nas redes sociais, é comum ver usuários marcando os perfis de seus governadores e prefeitos, numa espécie de cobrança pela mesma agilidade de Dino.

São Luís já aplica a primeira dose em pessoas a partir de 26 anos, fora de grupos prioritários, e registra até o chamado “turismo de vacina”. A capital maranhense, com 210 mil doses extras, reforçou a imunização depois de registrar os seis primeiros casos da variante delta no país depois que um navio com tripulantes indianos infectados aportou em seu litoral, em 14 de maio.

Na contramão das boas iniciativas de gestores, o presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar, como o faz em diversas ocasiões, a Coronavac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. Na terça-feira, 15, Bolsonaro ironizou o imunizante em relação à vacina da Pfizer e afirmou, de maneira falsa, que a Coronavac não tem comprovação científica.

O presidente novamente criticou medidas restritivas adotadas por prefeitos e governadores, defendeu a utilização de tratamentos sem comprovação científica e colocou em dúvida a eficácia das vacinas, especialmente da Coronavac. Sem citar evidências, o presidente afirmou que "muita gente" não estaria desenvolvendo anticorpo após tomar a vacina. Sem noção, o presidente continua provocando o governo da China.

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