Dificuldade no ninho

Prévias do PSDB impõem revés a Doria

Placar da votação simboliza as dificuldades do governador paulista a na burocracia partidária e nas bancadas.

Estadão Conteúdo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Governador saiu com "peso menor" para futuras prévias
Governador saiu com "peso menor" para futuras prévias (João Dória)

SÃO PAULO - O PSDB definiu ontem o modelo de prévias na escolha do nome no partido que disputará a Presidência e impôs uma derrota ao governador João Doria, um dos pré-candidatos em 2022. Por 21 votos a 11, a Executiva Nacional decidiu que a eleição interna será indireta e que os votos dos filiados têm peso menor, ao contrário do que desejava Doria.

Pela resolução aprovada, o colégio eleitoral será formado por quatro grupos de votantes - (1) filiados; (2) prefeitos e vice-prefeitos; (3) vereadores, deputados estaduais e distritais; (4) governadores, vice-governadores, ex-presidentes e o atual presidente da Comissão Executiva Nacional, deputados federais e senadores. Cada um desses grupos tem peso de 25% no total dos votos.

Diante da derrota, os aliados de Doria, que defendiam eleições diretas, ainda fizeram uma tentativa de redução de danos: dividir o colégio eleitoral em dois blocos, sendo que 50% do peso seria dos filiados e outros 50% dos mandatários e dirigentes. Como São Paulo tem 22% dos 1,36 milhão de filiados do PSDB, o modelo que dava peso maior para a base favoreceria o governador paulista.

Quatro nomes já se apresentaram como presidenciáveis tucanos. Além de Doria, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o senador Tasso Jereissati (CE) e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio. As primárias estão marcadas para 21 de novembro.

A resolução, que segue a proposta apresentada pela Comissão das Prévias, foi defendida pelo presidente do partido, Bruno Araújo (PE). "Esse modelo prestigia o equilíbrio entre os filiados e detentores de mandato, que são mais de 5 mil. Dá chance real a todos", disse o dirigente ao Estadão.

De acordo com o novo calendário aprovado pela Executiva, os candidatos farão suas inscrições em 20 de setembro, com início dos debates em 18 de outubro. A comissão das prévias que elaborou o relatório inicial foi formada pela prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro; o presidente do PSDB-SP, Marco Vinholi; o senador Izalci Lucas (DF); os deputados federais Pedro Vilela e Lucas Redecker; e o ex-deputado Marcus Pestana, sob a coordenação do ex-presidente do PSDB, José Aníbal.

Contabilidade

A leitura de tucanos ouvidos pela reportagem após a reunião da Executiva é que o placar da votação simboliza as dificuldades do governador paulista a na burocracia partidária e nas bancadas.

O preferido nestas duas frentes, que representam a maioria do colégio eleitoral, é o senador Tasso Jereissati. O problema, dizem integrantes da cúpula do PSDB, é que Tasso não tem feito movimentos claros de que deseja realmente concorrer.

Nesse cenário, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, é visto como um "plano B". Os "doristas" por sua vez, apostam na vacina como o "Plano Real" do governador paulista e acreditam que ele vai crescer nas próximas pesquisas.

Para compensar a desvantagem na máquina, Doria vai fazer uma ofensiva junto aos mandatários do PSDB nos Estados: vereadores, prefeitos, vice-prefeitos, deputados estaduais, governadores e vices.

'Não fui eleito com o voto da máquina'

O governador de São Paulo, João Doria, minimizou ontem o revés sofrido na definição do modelo de prévias do PSDB para a escolha do candidato tucano ao Palácio do Planalto em 2022. "Não fui eleito com o voto da máquina, mas do povo", afirmou o governador ao Estadão.

Apesar da derrota na disputa interna pelo modelo das prévias, Doria disse estar confiante e reforçou a disposição de se candidatar à Presidência no ano que vem. "Vamos disputar para sermos candidato à Presidência. Se tem uma coisa que me estimula é quando há dificuldade para se alcançar um resultado. As prévias não dividem, mas estimulam a militância e consolidam a candidatura. Respeito a máquina, mas não é ela que elege um presidente", afirmou Doria, que em março havia admitido a possibilidade de abrir mão do plano presidencial por novo mandato no Estado.

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