Artigo

Sobre o amor

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16

Ainda no clima do Dia dos Namorados me deparo com a “teoria dos três amores”, até então desconhecida, para mim. Fiquei curioso: a sua existência se deve à elaboração técnica da antropóloga e pesquisadora Helen Fisher. Uma mulher madura, na casa dos seus 75 anos, que vem dedicando uma expressiva parte da sua existência, algo em torno de 30 anos, a estudar a “atração romântica interpessoal”. O trabalho da dra. Fisher também percorre e encontra guarida na psicologia. A autora conquistou o status de ser uma das principais especialistas na biologia do amor e da atração.

O resumo dos seus postulados é o seguinte: cada pessoa vive três amores durante a vida. O primeiro amor ela chama de “fase da luxúria”, o amor da adolescência, que acontece na escola ou na vizinhança, geralmente. Um amor avassalador, desses de cinema, onde nem suspeitamos que muito provavelmente ainda viveremos outras paixões.

O segundo amor ela chama de “fase da paixão”, talvez o mais difícil de todos. Mas que ao mesmo tempo propicia mais amadurecimento. Onde os sonhos se cruzam com os fatos. Nos ajuda a aprender quem somos e quem queremos para amar no presente e no futuro. Aqui se vive o choque de realidade descobrindo que amor pode vir acompanhado de mentiras, enganos, riscos e desequilíbrios.

O terceiro e último amor ela chama de “fase de compromisso”. Um amor mais fácil de se lidar porque acontece com certa naturalidade. Tanto que algumas pessoas não o percebem chegando. A paixão acontece sem pressão. Se cria uma forte e recíproca conexão. Um amor maduro, inegavelmente sentido e ao mesmo tempo inexplicável.

Na lógica da autora os amores seguem a ordem cronológica da vida estando, portanto, nos acompanhando conforme vamos avançando na idade. Mas isso não impede que as exceções subvertam a regra geral acontecendo de que um primeiro amor avance para ser o segundo e se torne o terceiro. Bem como nada negue que a própria ordem possa se inverter e o primeiro amor já venha com todas as características de maturidade inerentes ao terceiro.

Não está descartado, nos estudos, que o primeiro amor não possa ser o último, se constituindo no grande amor da vida. Não há também a exclusão de várias outras paixões e relacionamentos que a vida venha ofertar, mas o cerne da análise aponta que somente três se destacam em intensidade, merecendo registro e apresentando as características dos três amores.

A dra. Fisher atribui uma interdependência inicial das fases. A paixão necessita inicialmente da luxúria, mas pode depois sobreviver sem ela e o compromisso precisa da paixão, mas pode no futuro ser independente.

Os gregos falam de outros três tipos de amor: Eros, Philia e Ágape. O amor erótico, o da amizade e o divino. O Eros é o início, o amor corporal. O Ágape é o amor da alma. A alma necessita de amor. Portanto o Eros e o Ágape se unem na plenitude do amor. Essa plenitude não é entendida como algo do mundo dos sonhos apenas. Já dizia Belchior sobre o amor: viver é melhor que sonhar.

A teoria dos três amores faz muito sentido, mas existem outras citações consagradas e reconhecidas que podem se somar a ela. A mais conhecida é que “o amor não obedece regras”. Dorival Caymmi chama atenção mais para a prática do que a teoria: “Por que de amor pra entender… É preciso amar”. Para Camões “O amor é fogo que arde sem se ver”. E tem a que torna a complexidade em uma leitura simples dizendo: “O amor é só uma palavra solta até que alguém vem e dá Sentido”.

Steffano Silva Nunes

Médico veterinário e estudante de Economia

E-mail: steffanonunes@gmail.com

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