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Como seguir?

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16

As doenças crônicas em geral silenciam vozes anônimas, causam sequelas motoras com limitações físicas e deixam proporcionalmente mais órfãos que grandes epidemias, como a atual provocada pela Covid-19.

A opinião dá-se pelo conhecimento da morbimortalidade das doenças crônicas vasculares atualmente mais diagnosticadas pelo avanço do conhecimento médico, pela popularização dos métodos diagnósticos, envelhecimento da população, dietas hipercalóricas, vícios e falta de atividade física.

Em países como o Brasil, as disparidades regionais e culturais norteiam a frequência de diagnóstico e tratamento desses pacientes. Uma conjuntura variada que implicará no aumento das doenças vasculares no cérebro, coração, aorta, rim e membros, além do aumento de câncer e diabetes.

O controle dos fatores de risco, a boa orientação médica, o seguimento por profissional qualificado, a adesão do paciente ao tratamento clínico e a intervenção cirúrgica oportuna garantem qualidade de vida, vitalidade e sobrevida aos pacientes acometidos.

O cirurgião vascular, em geral, só não cuida das doenças do coração e as cerebrais, ambas com impacto social relevantes pela gravidade das suas sequelas ou mortes associadas.

No momento, a prioridade de tratamento se estabelece sobre os doentes com Covid-19 que respondem por boa parte das ocupações dos leitos hospitalares por razões bem divulgadas na imprensa e já reconhecida por boa parte da população; no entanto, a discussão sobre as estratégias de diagnóstico, pré-operatório e tratamento das doenças crônicas, passíveis de complicações graves que ameaçam a vida são discretas ou pouco divulgadas.

A iminente terceira onda, a persistente ocupação de leitos por pacientes graves com Covid-19, a ainda limitada imunização da população associada ao desrespeito às orientações sanitárias são condições que expõem ainda mais os pacientes portadores de doenças vasculares ao risco de óbito por falta de leitos. Todos sabem que infarto mata, acidente vascular cerebral idem. Mas em muitos casos ainda carecem de informação sobre o diagnóstico.

Muitos desconhecem as implicações da ruptura de um aneurisma de aorta, complicações das dissecções de aorta, ruptura de um aneurisma em artéria ilíaca, da trombose de um aneurisma em artéria da perna, da ruptura de uma fístula artério-venosa, da falta de acesso vascular para hemodiálise e dos riscos da descompensação do diabetes provocada por uma ferida de perna. Em muitos casos, a presença e a intervenção do especialista em momento oportuno poderão interromper a progressão da doença ou piora clínica do paciente.

As doenças crônicas, desta forma, não devem ter seu tratamento interrompido, haja vista o potencial de gravidade e mortes atribuídos às suas complicações. A conscientização de pacientes e familiares também contribuirá para resolução desse questionamento em consonância com equipe médica assistente.

Portanto, uma discussão ampliada, dinâmica, para o tratamento de doenças crônicas pré-existentes, por autoridades em gestão de saúde e médicos, classificadas pelo risco de deterioração clínica ou óbitos, seria pertinente nesse momento de difícil condução das ações em saúde. Precisamos seguir em bloco-coeso nesta batalha pela vida.

José Armando de Oliveira Filho

Médico no serviço público do Maranhão

@Josearmandovascular

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