Covid-19

CPI cobra ex-número 2 do MS sobre demora na compra de vacinas

Elcio Franco, que é coronel da reserva e hoje é assessor da Casa Civil, foi o segundo nome da hierarquia da pasta entre junho de 2020 e março de 2021

Agência Senado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
(CPI da Covid)

BRASÍLIA - Ademora na aquisição de vacinas contra a covid-19 pelo governo federal dominou boa parte do depoimento do ex-secretário-geral do Ministério da Saúde Antônio Elcio Franco Filho à CPI da Pandemia, nesta quarta-feira (9). O depoente defendeu as ações do governo.

Franco, que é coronel da reserva e hoje é assessor especial da Casa Civil, foi o segundo nome da hierarquia da pasta entre junho de 2020 e março de 2021, na gestão do general Eduardo Pazuello. As perguntas dos senadores centraram fogo na relutância do governo federal em adquirir e financiar a CoronaVac, vacina produzida após acordo entre a China e o Instituto Butantan, de São Paulo; e nas negociações para a compra da vacina da Pfizer, multinacional do setor farmacêutico com sede nos Estados Unidos.

O ex-secretário-executivo atribuiu a demora na compra da CoronaVac a dois fatores principais. O primeiro era a incerteza quanto à eficácia de imunizantes que ainda passavam pelo processo de testes, que, segundo ele, é "um cemitério de vacinas". O segundo fator teria sido a necessidade de adequar a legislação.

O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), fez uma analogia com a compra de um apartamento, para criticar a demora na compra das vacinas.

“Se o senhor está comprando um apartamento na planta, não está pronto ainda, o senhor não sabe se vai ter vazamento, mas está comprando. A mesma situação era a do Butantan. Naquele momento era muito importante. É isso, coronel, que nós não entendemos: por que a gente não comprou 60 milhões de vacinas do Butantan e 70 milhões da Pfizer?”, questionou.

"Falta de iniciativa" - Senadores apontaram que as negociações entre a União e o Butantan foram suspensas por vários meses a partir de outubro de 2020, depois que o presidente da República, Jair Bolsonaro, mandou cancelar publicamente um protocolo de intenções assinado pelo Ministério da Saúde para aquisição de 46 milhões de doses da CoronaVac. O coronel afirmou que, apesar das declarações do presidente, a negociação não foi interrompida, e deu a entender que a falta de iniciativa foi do Butantan.

“O doutor Dimas Covas [diretor do Butantan] tinha meu telefone. Eles poderiam ter mandado mensagem para meu WhatsApp, poderiam ter conversado comigo. O problema que aconteceu foi a politização pelo governo do Estado de São Paulo”, disse Franco.

Humberto Costa (PT-PE) criticou o uso da expressão "cemitério de vacinas" para se referir à última fase do processo de teste de imunizantes para uso humano:

Pfizer - Em relação à Pfizer, Elcio Franco Filho atribuiu a demora na compra às "cláusulas leoninas" impostas, segundo ele, pela empresa. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) listou as datas de 81 e-mails, 90% deles sem retorno, enviados pela Pfizer ao governo brasileiro, entre maio do ano passado e abril deste ano. Franco alegou que a falta de respostas deveu-se, entre outros motivos, a "problemas técnicos".

“A Pfizer às vezes mandava o mesmo e-mail três ou quatro vezes no mesmo dia. A minha caixa de e-mails, e a de todo o ministério, ficou inoperante entre 5 e 12 de novembro. Também o senhor Carlos Murillo [presidente da Pfizer Brasil] tinha meu telefone e podia ter se comunicado se tivesse algum gap".

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