Perigo

Com chuvas intensas na Ilha, moradores de áreas de risco vivem dificuldade

Com quase 400 milímetros por mês, de janeiro a maio, chuvas atingem o previsto para a capital e causam danos em casas que ficam em áreas de risco

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Área de risco no Sacavém; perigo de desabamento é maior quando retiram barro da base das encostas
Área de risco no Sacavém; perigo de desabamento é maior quando retiram barro da base das encostas (área de risco Sacavém)

São Luís – Os meses de janeiro a junho são marcados, em São Luís, pela presença de fortes chuvas e tempestades, o que causa impacto, principalmente, nas áreas de risco e na zona rural da capital maranhense. Neste ano, a situação não foi diferente, e apenas de janeiro a maio já choveu 1769,7 milímetros no município, com uma média de quase 400 milímetros por mês.

Conforme foi apontado por O Estado ainda em abril, a estimativa feita pelo Laboratório de Meteorologia da Universidade Estadual Do Maranhão (Uema) é que o período chuvoso fosse mais intenso e volumoso neste ano. De acordo com o Laboratório, a estimativa foi alcançada, conforme o previsto por meteorologista. “O normal é que chova 1769,5 milímetro nos primeiros cinco meses. Atingimos quase exatamente como o esperado”, explicou Hallan Cerqueira, meteorologista.

Contudo, apesar de esperado, moradores da zona rural e de pontos de riscos se surpreenderam com danos causados em suas residências durante o período de intensa chuva, como desmoronamento de terra e invasão de água. Na última segunda-feira, 7, uma casa de taipa, localizada no bairro Estiva, na zona rural de São Luís, desabou após uma tempestade.

Segundo a Defesa Civil de São Luís, a família estava no local quando a residência ruiu, porém, ninguém ficou ferido. A Secretaria Municipal de Segurança e Cidadania (Semusc) informou, por meio de suas redes sociais, que a Defesa Civil compareceu ao local para averiguar a situação, e realizar uma vistoria em conjunto com a Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social (Semcas).

Relatos
Morando há 15 anos no bairro Vila Dom Luís, na região do Bacanga, Giovana de Jesus, repositora, precisou adaptar a casa de sua família para conseguir conter as águas da chuva que descem pelo barranco atrás de sua casa. “Sempre foi muita água, elas vinham pelo barranco e desciam por aqui, então em 2019 começamos a construir vários baldrames e um muro alto para de servir de barreira para a água e desviar ela para as laterais. Hoje não temos mais problemas com desabamento, mas foi um investimento nosso, gastamos muito na obra e fizemos sozinhos”, contou sobre o local que mora. Hoje, sua casa possui três andares e a fachada acima de um metro de altura para evitar que a enchente da rua invada sua casa durante chuvas e tempestades.

No bairro Sacavém, a situação não é diferente. Morando com sua família em uma casa de taipa localizada embaixo de um paredão de terra desmatado, o jovem, que não quis ser identificado, contou a O Estado que frequentemente, durante as chuvas, há deslizamento de terra no local. “As pessoas sempre vem aqui pegar terra do barranco para obras e isso facilitou no deslizamento, então quando chove, tudo desce, não tem planta para segurar. Esse ano melhorou um pouco, porque proibimos de tirar terra do barranco, mas sempre que mexem ele desliza durante a chuva”, relatou.

Mapeamento
Para evitar danos durante as chuvas, a Semusc realizou, neste, ano um Plano de Contingência de São Luís, no qual foram mapeadas áreas de risco na capital e definidas as diretrizes que serão tomadas pelo Sistema Municipal de Defesa Civil para responder a casos de desastres, possibilitando o acionamento rápido dos meios de resposta do poder público, sociedade organizada e comunidades, na capital.

O mapeamento, concluído em março, mostrou a existência de 66 áreas de risco, sendo o maior número na região do Itaqui-Bacanga (23), seguido pelo Coroadinho (17) e a Vila Palmeira (13). As demais foram identificadas na Zona Rural (08), Cohama (02), São Francisco (02) e Centro (01).

Com relação às estratégias preventivas, o plano destacou a identificação e o mapeamento das áreas de risco da capital; a promoção de ações de instrução básica de Defesa Civil para as comunidades com equipes da Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec) e Semusc; monitoramento constante de 24 horas, por meio de dados dos laboratórios e serviços meteorológicos, Coordenadoria Estadual de Defesa Civil e Sistema de Alerta e Alarme de Desastres da Secretaria Nacional de Defesa Civil.

SAIBA MAIS

Orientações

Para ajudar a evitar riscos e acidentes nas áreas de vulnerabilidade, a Semusc orienta a população:

- Não jogar lixos nas áreas de risco;
- Evitar lançar água de esgoto ou de tarefas domésticas diretamente nas encostas, para que o terreno inclinado não sofra infiltrações;
- Não retirar a vegetação rasteira das encostas, que não podem ser cavadas;
- Não plantar bananeiras e árvores de grande porte nesses relevos acidentados

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