Editorial

Médicos e a CPI da Covid

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16

Uma briga que promete esquentar nos próximos dias está sendo travada em nível nacional pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), junto com as entidades regionais, contra a Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia - a chamada CPI da Covid do Senado Federal -, que promete desdobramentos imprevisíveis. A entidade médica repudia o que classificou como “ambiente extremamente tóxico” do Senado Federal.

Na edição de ontem, 3, deste jornal, o CFM publicou uma extensa “Nota de Repúdio” em nome dos mais de 530 mil médicos brasileiros, na qual manifesta sua indignação quanto a manifestações “que revelam ausência de civilidade e respeito no trato de senadores com relação a depoentes e convidados médicos no âmbito da CPI da Pandemia”.

O Conselho observa que os médicos brasileiros têm se desdobrado na linha de frente contra a Covid-19 e graças a eles e às equipes de saúde, milhões de pessoas conseguiram recuperar sua saúde e hoje estão em casa, com suas famílias e amigos. E destaca que essa atuação tem ocorrido com dedicação, empenho e, muitas vezes, sem condições de trabalho. Por isso, merece ser reconhecida de forma individual e coletiva.

O que se deduz é uma grande insatisfação por parte CFM com a postura de membros da CPI durante algumas oitivas. Para a entidade nacional, os médicos chamados a depor estariam sendo submetidos a situações de constrangimento e humilhação. E lembra ainda o CFM que ao comparecer à CPI da Pandemia, qualquer depoente ou testemunha tem garantidos seus direitos constitucionais, não sendo admissíveis ataques à sua honra e dignidade, por meio de afirmações vexatórias. No entendimento do Conselho e da classe médica, o que tem sido exibido em rede nacional configura situação constrangedora e incoerente com o clima esperado em um ambiente onde as discussões devem se pautar pela transparência e idoneidade.

O presidente do CFM, Mauro Ribeiro, fez um apelo para que a comissão convoque “o mais rápido possível” a entidade médica para expor “a posição dos médicos brasileiros”. Ribeiro diz que a posição oficial da entidade médica é que “não tem certeza sobre nada em relação a essa doença desconhecida”. Ele desabafou: “Os únicos que não são ouvidos são os médicos brasileiros, os enfermeiros, técnicos de enfermagem, os terapeutas, os assistentes sociais, os psicólogos e os dentistas. Mas quem está lá na frente, atendendo os pacientes com Covid, somos nós”.

É preciso ver para crer na promessa do presidente Jair Bolsonaro, ao afirmar, em rede nacional de rádio e TV, na noite de quarta-feira, 2, que todos os brasileiros que quiserem serão vacinados até o fim do ano contra a Covid-19.

Até agora, passado cerca de um ano e meio do início da pandemia, o ritmo de vacinação ainda é lento no Brasil. Até terça-feira, apenas 10,6% dos brasileiros (22,6 milhões de pessoas) haviam recebido duas doses de vacina necessárias para assegurar a imunização contra o coronavírus. Haja panelaço em todo o país!

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