Divulgação da ciência

Ciência como um bem popular e acessível: os quatro anos do Vida Ciência

Antônio Oliveira

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Ciência Móvel do Laboratório de Divulgação Científica Ilha da Ciência.
Ciência Móvel do Laboratório de Divulgação Científica Ilha da Ciência.

Neste mês, abordamos a popularização da ciência desenvolvida pelo Laboratório de Divulgação Científica Ilha da Ciência (Ilha da Ciência) do Departamento de Física da Universidade Federal do Maranhão por meio do Ciência Móvel, em diferentes municípios do Estado do Maranhão e fora dele, com a realização de mostras de ciência, cursos, oficinas, planetário móvel e observações de astros realizadas em praças públicas, estacionamentos de shoppings, escolas da rede pública e particular, bem como artigos de divulgação publicados na página Vida Ciência do Jornal o Estado, que, neste mês, completa quatro anos de ininterruptas edições mensais.

A difusão científica tem objetivo multidimensional, uma vez que propicia a disseminação do conhecimento científico e tecnológico desenvolvido no âmbito acadêmico, de um lado. Por outro, é o desafio de transmitir os conhecimentos numa linguagem do cotidiano para serem entendidos pelo grande público, bastante variado, que vai desde o jovem estudante do ensino fundamental até os pós-graduados e leigos em Ciência. Para essa comunicação, incluem-se professores, doutores, mestrandos, doutorandos, bolsistas de iniciação científica, de extensão, estudantes de ensino médio propiciando o trabalho de interagir com o público.

Figura 1 - Reprodução da espiral da cultura científica desenvolvida por Carlos Vogt (Labjor-Unicamp)
Figura 1 - Reprodução da espiral da cultura científica desenvolvida por Carlos Vogt (Labjor-Unicamp)

Numa outra perspectiva, temos de desenvolver experimentos para demonstrar a ciência de forma lúdica e interativa nas áreas das ciências exatas, da saúde, sociais e humanas. Para tanto, o debate acadêmico é realizado de diversas formas: exposições de experimentos interativos e lúdicos para explicar a ciência; confecção de experimentos; aula show: dramaturgos contam a história da Física por meio de peças teatrais; oficinas científicas; sessão de planetário; observação de astros e publicação dos avanços da ciência e outras descobertas acadêmicas utilizando como veículo a página Vida Ciência. Todas essas ações são realizadas ano a ano, concentrando-se em diferentes municípios do Estado do Maranhão e em outros estados, por meio do Ciência Móvel, veículo caracterizado do Laboratório para tal objetivo.

Em 2020 e 2021, por causa da pandemia da covid-19, estamos realizando lives como forma de difusão da ciência, em especial, envolvendo astronomia, mas nem por isso diminui o interesse pelos assuntos de ciência, pois, durante as lives, vários assuntos são tratados. Nós tivemos live em que nosso público on-line foi de 2.000 pessoas, ou seja, conseguimos ter um público bem maior que nos eventos presenciais e de várias localidades.

Nas nossas lives nas redes sociais @ilhadacienciaufma, aproveitamos as noites para fazermos estas belas fotos do nosso satélite em conjunção com o planeta Saturno, os planetas Júpiter, Saturno e nosso astro maior, o Sol, a conjunção de Saturno com Júpiter, real e com tratamento da imagem com a luas galileanas.


Todas essas ações motivam a simplificação do discurso acadêmico sem perder a essência, desenvolvendo métodos de ensino, experimentos, observações, elaboramos vídeos para que nossos jovens sintam-se motivados quando as imagens que apresentamos são deles.

A divulgação científica e cultural desempenha um papel de fundamental importância na desmistificação da ciência e na aproximação entre a sociedade e as descobertas científicas. Na história da divulgação e propagação da ciência, várias foram as iniciativas que influenciaram, gradativamente, o desenvolvimento de uma consciência científica. No caso do Brasil, muito pouco se conhece sobre a história das atividades de divulgação científica realizadas no país, em épocas mais recuadas. Chega-se mesmo a imaginar que tais atividades não existiram, ou que foram insignificantes durante quase todo o período histórico brasileiro, e que, somente no final do século XX, seria possível falar em uma divulgação científica com a inserção da política de ciência e tecnologia, que se iniciou em 1985, com a criação do Ministéro de Ciência e Tecnologia (MCTI) e a indução em vários estados do funcionamento de órgãos governamentais que realizem a função de apoiar a ciência, as fundações de apoio a pesquisas e secretarias de estado de ciência e tecnologia. Podemos conceituar a atividade de divulgação científica como uma atividade complexa em que os conhecimentos científicos e tecnológicos são colocados ao alcance da população para que esta possa utilizá-los nas suas atividades cotidianas e tomadas de decisão que envolvem a família, a comunidade ou a sociedade como um todo.

Para ampliar a divulgação e viabilizar a Itinerância do Ciência Móvel em São Luís e em outros municípios do estado, realizamos várias ações que podemos citar, como visita aos municípios, em especial, as secretarias da educação no sentido de viabilizar a ida do ciência móvel do Ilha da Ciência. Nas Itinerâncias do Ilha da Ciência, sempre procuramos implementar o debate sobre ciência e educação em praças, shoppings, escolas, quadras cobertas no interior do Estado do Maranhão, buscando realizar mostras de ciências em diferentes cidades. Os locais eram geralmente municípios que têm Câmpus da UFMA ou de outra IES (IFMA, UEMA), ou onde se realiza extensão acadêmica, ou seja, são localidades onde há, de certo modo, um público-alvo, e, nesse contexto, procura-se evidenciar/descobrir os talentos existentes nas localidades.
Além disso, um fato essencial é a adesão dos pesquisadores para oferecer cursos, oficinas e palestras sobre assuntos pertinentes aos municípios e às regiões, bem como levar seus trabalhos em forma de exposições interativas ao evento para entender seus objetos de pesquisa, suas metodologias e os acessórios necessários para realizar a exposição adequadamente aos moldes de uma exposição realizada.

A Coordenação e a definição das atividades funcionam de modo descentralizado e estão diluídas nos diversos núcleos de pesquisa para diferentes municípios.

As atividades desenvolvidas durante a divulgação e realização das ações estimularam a interação da ciência com a sociedade. Nesse contexto, observamos que a Ciência Interativa promove integração entre visitantes e expositores. Foi emblemática a multiplicação de talentos, jovens do ensino fundamental que se interessaram pela ciência lúdica e tornaram-se expositores. Alguns talentos que conseguiram aprender em outras mostras de ciência e foram treinados o suficiente para se tornarem expositores.

Outro fator fundamental para tornar a ciência popular foi a publicação da coluna Vida Ciência. Esta coluna é uma iniciativa do Laboratório de Divulgação Científica Ilha da Ciência, e seu primeiro número data de maio de 2017, com edições ininterruptas em seus quatro anos de existência. A página Vida Ciência, além da tiragem mensal impressa de 15.000 exemplares para venda e assinantes do Jornal o Estado, é disponibilizada no portal do imirante.com em sua versão de mídia eletrônica. Sua publicação mensal sempre ocorre na última semana de cada mês. No presente artigo, fazemos uma singela homenagem à página Vida Ciência em seu quarto aniversário como sendo um dos principais veículos de divulgação científica em nosso estado e talvez o mais durador. O conteúdo dos artigos apresenta características de difusores da ciência e da educação não formal. Os critérios de pauta são determinados pelos assuntos do momento e também escolhidos conforme reunião entre o editor científico da coluna, o editor chefe, com participação de colaboradores professores, pesquisadores e estudantes de pós-graduação. Aproveitamos aqui para agradecer a todos os profissionais envolvidos, em especial, aos do Jornal O Estado, a grande contribuição prestada ao desenvolvimento científico e tecnológico em nosso país, em particular o do nosso Estado.

A popularização da ciência estimulou o debate relativo ao desenvolvimento social e objetiva transferir os conhecimentos científicos e tecnológicos para o grande público e promover o desenvolvimento sustentável para a inclusão social. Nesse contexto, abordamos a sustentabilidade mostrando a necessidade de se tornar uma política pública. Não poderemos promover a sustentabilidade coletiva enquanto não houver sustentabilidade individual.

A evolução dessas atividades evidencia o esforço institucional de promover a educação científica como o vetor fundamental para o Maranhão de abandonar os índices de miséria, representando uma pequena etapa entre uma sequência de outras etapas do programa de educação e formação de profissionais no Estado do Maranhão. O fato de visitar municípios1 e seu entorno resultou numa quantidade significativa de eventos itinerantes e interativos.

Após a incorporação ao Ilha da Ciência de uma unidade de ciência móvel para transporte de pesquisadores e de material para as ações na cidade de São Luís e nos interiores, um planetário digital móvel com capacidade para 40 pessoas e vários telescópios para observações astronômicas, os eventos foram aumentando gradativamente.

Como essas ações de divulgação científica cresceram bastante, a UFMA está construindo um dos mais modernos Centros de Divulgação e Popularização da Ciência do País no interior do Câmpus Universitário Dom Delgado, com 4.000 metros quadrados de área para exposições permanentes, auditórios e observatórios e um planetário fixo com capacidade para 90 pessoas.

Terminamos este artigo com uma frase de Leonardo da Vinci: “Os que se encantam com a prática sem a ciência são como os timoneiros que entram no navio sem timão nem bússola, nunca tendo certeza do seu destino”.

E, esperando que o Centro de Ciências seja inaugurado no próximo ano, sugerimos que você permaneça em casa, pratique o isolamento social, use álcool em gel, faça uma boa higienização e acredite na Ciência e nos cientistas.

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