O ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), reafirmou na sexta-feira, 28, que a Corte não retirou da União a responsabilidade para adotar medidas para conter a pandemia da Covid-19. Segundo ele, estados e municípios podem adotar medidas, mas a coordenação geral cabe ao governo federal.
Fux participou de um seminário sobre o papel do STF na democracia, organizado pelos jornais "O Globo" e "Valor Econômico".
Ele foi questionado sobre a ação do presidente Jair Bolsonaro contra medidas determinadas por governadores de estados para evitar a expansão da Covid, como lockdown e toque de recolher, apresentada nesta quinta, 27, ao Supremo. A ação pede a suspensão de decretos de três estados: Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Norte.
Por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), Bolsonaro questionou se estão de acordo com a Constituição as normas adotadas por esses governos para restringir a circulação de pessoas, como forma de evitar a circulação do coronavírus, que transmite a doença.
A ação ainda não tem relator nem data para ser julgada. Ao comentar o tema, Fux lembrou de um julgamento no ano passado, no início da pandemia.
“O Supremo Tribunal Federal julgou, didaticamente, que, à luz da Constituição, a União tem coordenação geral, competência de coordenar essas ações da pandemia, tendo em vista que o Brasil é uma República federativa”, disse Fux.
Diferenças
O presidente do STF lembrou que as características da pandemia podem ser diferentes em cada estado e município, e que foi isso que o tribunal levou em conta na hora de garantir o direito de prefeitos e governadores tomarem medidas.
“Há determinados locais que têm suas peculiaridades, em que a pandemia se exacerbou e outros em que a pandemia passou de passagem”, continuou Fux.
Ainda segundo Fux, o Supremo age com “muita deferência à ciência”.
“Nosso conhecimento enciclopédico se relaciona às ciências afins, da área jurídica. Agora, nós não conhecemos a ciência, não conhecemos a medicina. Nós temos que nos valer da voz majoritária da ciência.”
O presidente do STF avaliou também que magistrados não devem se manifestar sobre eficiência da administração pública.
“Na postura do magistrado, ele é impedido de manifestar, aferir a eficiência do administrador público”, disse.
Sem combate
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), se manifestou nas redes sociais sobre a ação movida pelo presidente Bolsonaro contra medidas determinadas para evitar a expansão da Covid no estado.
"O país precisa de mais vacinas, ampliação da testagem, apoio financeiro para a população. Mas o presidente não combate o vírus, ao contrário, caminha na direção oposta, enquanto encena embates de baixo nível, para uma plateia cada vez menor", declarou o governador.
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