São Paulo - A pandemia causada pelo novo Coronavírus trouxe apreensão para todos, mas, principalmente para as pessoas que se enquadram no grupo de risco, como as gestantes. Após meses de apreensão e pesquisas sobre os possíveis efeitos colaterais da doença, conseguimos entender mais sobre como o vírus age no organismo humano. Porém, ainda existem diversas dúvidas sobre gestação e Covid-19.
A médica obstetra da Rede Mater Dei de Saúde, Jussara Mayrink respondeu dúvidas frequentes sobre amamentação, cuidados na pandemia, prevenções e curiosidades dentre outros questionamentos sobre gestante e Covid-19, confira:
É seguro ir ao hospital em tempos de pandemia?
Sim, é seguro, em especial em hospitais que tenham fluxo muito bem definido para os casos suspeitos e confirmados de COVID-19. A rede Materdei conta com isso e, mais importante, com recursos humanos e de infraestrutura para receber da melhor maneira possível nossos pacientes.
Neste período de pandemia, é recomendado que a mulher espere para engravidar?
Essa questão é muito delicada! Recentemente, houve um pronunciamento do secretário de saúde de Atenção Primária do Ministério da Saúde, senhor Raphael Câmara, sobre a questão de adiar a gestação em tempos de pandemia. Creio que essa decisão (adiar ou não) precisa ser refletida pela mulher, em cada contexto, e dividida com seu médico, para que tudo seja feito com muito bom senso e com melhor resultado para a futura mãe e seu bebê.
A mãe que está com Covid-19 pode amamentar normalmente?
Desde que essa mãe esteja em condições de fazê-lo e tomando os cuidados que atenuem a possibilidade de transmissão da doença, sim, essas mães com COVID-19 podem e devem amamentar.
A ocorrência de Covid-19 na gestante aumenta o risco de parto prematuro?
Sim, uma gestante com Covid-19 tem o dobro de chance de ter um parto prematuro e o mesmo vale para pré-eclâmpsia.
As gestantes já estão sendo vacinadas?
As gestantes que atuam na área da saúde já estão sendo vacinadas, conforme orientação dos órgãos que regulamentam essas decisões. Felizmente, o Ministério da Saúde, na semana passada, resolveu incluir todas as gestantes e puérperas (até 45 dias de pós-parto) no grupo prioritário para vacinação de Covid-19. Ou seja, existe a expectativa de que até o final de maio esse fluxo de vacinação de todas as gestantes esteja bem estabelecido.
Em caso da gestante que foi vacinada, os anticorpos também passam para o bebê através da gestação ou da amamentação?
Já há relatos dessa passagem, mas com a vacinação em massa os estudos serão feitos e creio que essa conclusão será robustamente comprovada por dados mais sólidos.
Se a gestante estiver com Covid-19, é possível que o bebê também seja infectado?
Os dados sobre transmissão vertical (que é a passagem do vírus para o bebê intrautero) ainda são escassos e conflitantes. Há exemplos em que os recém-nascidos testaram positivos e outros em que testaram negativos. Provavelmente, porque várias características da doença materna devem influenciar a ocorrência dessa infecção ou não. O que já é certo é que a transmissão para os recém-nascidos é muito mais frequente em decorrência de comportamentos inadequados por parte dos adultos cuidadores, como visitas em casa, exposições em ambientes públicos, como praças e shoppings. Essas práticas devem ser evitadas.
Quais cuidados devem ser tomados durante a gestação e o parto?
O famoso "fique em casa" vale para essa fase da vida também. Evitar aglomerações (festas, reuniões, viagens, supermercados, shoppings), usar máscara e muito cuidado com as mãos, que devem ser higienizadas com água e sabão sempre e álcool gel. Acompanhamento pré-natal de qualidade é indispensável.
Devemos aqui lembrar que durante o parto, a equipe deve estar preparada para proteger a gestante de uma possível contaminação. Isso inclui hospital com fluxo definido para pacientes com suspeita ou com Covid-19 e, mais importante, com recursos para tratar essa mulher que porventura esteja contaminada - como por exemplo, Centro de Terapia Intensiva.
Com o aumento de casos que ocorreram no início deste ano é importante que os cuidados sejam redobrados. Jussara Mayrink alerta sobre os riscos de gestantes adiarem a procura por atendimento médico: "Em todo o mundo tem-se falado sobre o grande problema de saúde pública que o atraso pela busca de socorro médico tem produzido. As situações têm-se agravado em decorrência da demora pela busca do hospital e isso é muito frustrante e perigoso. O momento pede muita cautela, mas também pede parceria. Parceria entre gestante e obstetra. Parceria entre gestante e um hospital que lhe ofereça condições de ser bem cuidada e que tenha estrutura para isso."
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