Artigo

"Força, fé e foco"

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16

Continuamos vivendo e vivenciando dias difíceis, tempos de total indefinição, neuróticos, de medo e insegurança, com forte cheiro da morte. Fazia tempos que a humanidade não enfrentava tempos trágicos assim. O homem, ao longo da história, enfrentou pestes, guerras, flagelos, tragédias, mas nada tão assustador como essa pandemia, causada por um vírus invisível, traiçoeiro e altamente mortal.

Não tem um dia que não recebo mensagens, notícias de pessoas que estão morrendo no meu entorno. Estamos partindo em velocidade acelerada; o bafo da libitina está no nosso cangote. Não adianta, a morte está à espreita, a todo instante, bem do nosso lado. Sempre tem alguém morrendo à nossa volta, a todo momento e nem percebemos: animais, vegetais, micro-organismos, pessoas. “É o ciclo da vida, não tem saída”, dirão alguns. A morte, grande companheira de todas as horas, é sinal de que tudo é finito. A chegada do coronavírus transformou o Brasil em um enorme cemitério. Somos ameaças ao mundo, o flagelo segue fora de controle por aqui. O mundo está voltando à normalidade; nós estamos morrendo como mosca.

Nestes dias recebi a notícia da morte de duas pessoas queridas; na semana passada, mesmo dia e hora, perdi um primo, Ricardo de Carvalho Nunes, e um colega dos bancos escolares do Colégio Batista, Mozart Baldez.

Mozart tinha 63 anos, advogado combativo, deixa esposa guerreira e três filhos.

Ricardo, partiu precocemente no auge de sua produção, cheio de projetos de vida e de futuro, deixou um filho pequeno, que não terá a presença do pai ao seu lado na futura caminhada. Brincalhão, leve, de bem com a vida, um sorriso que nunca tirava férias, Ricardo não se despediu de Raimundinha: mãe abnegada, amorosa, protetora, seu porto seguro quando o pai dele partiu, aos 42 anos, a mesma de Ricardo agora. E, nem do irmão João Marcelo, incansável nos momentos finais, fiel escudeiro; cresceram juntos, em auto proteção, após a perda do amoroso pai, João Aragão Nunes.

Ricardo e Mozart não tiveram tempo de serem vacinados. São vítimas da irresponsabilidade e omissão de nossos dirigentes.

Continuamos perdidos, tudo tão confuso por aqui. Está provado que a pandemia do coronavírus é antes de tudo uma doença do comportamento.

Estamos no mesmo barco, conectados uns aos outros, dependendo do bom senso e responsabilidade do próximo. Mesmo com todas as advertências, com o estratosférico número de mortes por causa da Covid-19, chegando a 440 mil vidas ceifadas, grande parcela de brasileiros continua a desrespeitar protocolos que salvam.

Usei como título desse artigo as palavras “Força, fé e foco”, que eram as mesmas da campanha de Bruno Covas, que o levou à vitória a prefeito, em 2020, da maior cidade do país, uma das mais populosas do mundo, São Paulo. Ele fez dessas palavras slogan de vida, farei o mesmo. Palavras têm poder, isso é bíblico.

Bruno Covas morreu no último domingo, aos 41 anos, vítima de um câncer agressivo no aparelho digestivo. Lutou bravamente até o final. Sua morte é uma enorme perda não só para São Paulo, mas para todo o Brasil. Um cara do bem, deixa o legado de amor à vida, honradez, ética, decência e coerência. Coisa rara na classe política, sempre vista com o que há de mais podre, corrupta e nociva em nossa sociedade.

Mais do que nunca precisamos ter força, fé e foco para seguir em frente.

Luiz Thadeu Nunes e Silva

Engenheiro agrônomo, palestrante, cronista e viajante: o sul-americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, já visitou 143 países em todos os continentes

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