Explicações

Deputados do MA acusados de enviar emendas para a Bahia

Gil Cutrim e Juscelino Filho são citados em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo como sendo do grupo de parlamentares que enviaram R$ 4 milhões em recursos de emendas para a Bahia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Deputados negam a acusação
Deputados negam a acusação (gil)

Pelo menos 15 deputados e senadores aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fizeram indicações de emendas para estados diferentes daqueles pelos quais foram eleitos, com o dinheiro do Ministério do Desenvolvimento Regional que o governo usou para agradar a aliados - no que ficou conhecido como 'Tratoraço', já que a maioria da verba foi utilizada para a compra de tratores.

Ao todo, esses parlamentares indicaram o destino de R$ 181 milhões para regiões aleatórias, onde não estão suas bases. Dois deles são do Maranhão, segundo reportagem de O Estado de S. Paulo: Gil Cutrim (Republicanos) e Juscelino Filho (DEM).

Os deputados negam, mas o levantamento aponta que eles arranjaram R$ 2 milhões, cada, para a Codevasf atuar na Bahia. Na planilha secreta do governo, o líder do Podemos na Câmara, Léo Moraes, de Rondônia, consta como o autor da indicação de R$ 5 milhões para obras em Capinzal do Norte e Bacuri, municípios localizados no Maranhão, a uma distância de mais de 2.000 quilômetros de Porto Velho.

“Foi indicação de algum parlamentar da minha bancada para o Maranhão. Não passa pela minha escolha de líder, não tem meu nome em ofício encaminhado para o ministério ou para qualquer prefeitura do Estado”, afirmou.

Mais casos
Além destes, outros 12 deputados e senadores aliados de Bolsonaro fizeram indicações para Estados diferentes daqueles pelos quais foram eleitos, com o dinheiro do Ministério do Desenvolvimento Regional que o governo usou para agradar a aliados. Ao todo, indicaram o destino de R$ 181 milhões para regiões aleatórias, onde não estão suas bases.

Tudo feito, ainda de acordo com O Estado de S. Paulo, abaixo do radar dos eleitores e dos órgãos de fiscalização. Como as indicações foram acertadas diretamente com o Planalto e ocorreram por meio da “RP9”, só foi possível identificar os autores por documento do governo que não é público, mas foi obtido pelo Estadão. Do contrário, não se saberia que 285 deputados e senadores ganharam o direito de controlar R$ 3 bilhões do ministério no momento em que o governo tentava emplacar aliados no comando do Congresso.

A indicação de verbas extras para Estados diferentes é vista com preocupação por especialistas em execução orçamentária. A suspeita é de que, como elas não têm a mesma transparência que as emendas tradicionais, sejam usadas como “emendas bumerangue”. Ou seja, haveria ganho financeiro futuro ao político após o município ou estatal contemplado assinar contrato para obra ou compra a partir da indicação dele. Na maioria desses empenhos, ainda não houve pagamentos.

Os parlamentares que admitiram ajudar regiões aleatórias negaram irregularidades, mas apresentaram contradições ao explicar os motivos.

Mais

Sobre a matéria do Estadão, o deputado Gil Cutrim emitiu nota negando que tenha enviado recursos para a Bahia.

“Causou-me estranheza a matéria totalmente tendenciosa que supõe que destinei recursos ao estado da Bahia, vistos em uma suposta tabela que ninguém nunca viu. Reafirmo que nunca destinei nenhum recurso que não seja para o Maranhão, o que pode ser comprovado nos portais da transparência da Câmara Federal e do Governo Federal”, diz a nota do parlamentar.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.