Roda Viva

O padre e a batina preta

Benedito Buzar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
O padre João Resende celebrando as Bodas de Ouro minha e de Solange
O padre João Resende celebrando as Bodas de Ouro minha e de Solange (buzar )

Numa manhã ensolarada e calorenta de novembro de 2015, eu deixava o prédio da Academia Maranhense de Letras em direção à Praça João Lisboa, quando avistei nas proximidades do prédio dos Correios a figura de um jovem sacerdote católico, de estatura mediana e meio pesado fisicamente, rigorosamente vestido com uma batina de cor preta, modelo que os representantes da Santa Madre Igreja usavam num passado recente.

De imediato a cena transportou-me para o tempo de criança em Itapecuru e de jovem em São Luís, quando aquela vestimenta era peça obrigatória aos que ingressavam nos seminários, para se tornarem mensageiros da Santa Madre Igreja e o catolicismo predominava de ponta a ponta no Brasil, sem a presença e a concorrência de denominações evangélicas e outras religiões.

Ainda que a Igreja Católica Apostólica Romana, tivesse abolido a batina a partir do Vaticano II, realizado em 1962, no papado de João XXIII, o jovem sacerdote João Dias Rezende Filho, desde que se ordenou, adotou e manteve-se fiel aos preceitos que fizeram do catolicismo a religião predominante, dentre os quais o de adotar no cotidiano, dentro e fora de seu habitat religioso, a batina preta, peça do vestuário clerical, que, no passado, a Santa Madre Igreja impôs aos mensageiros de seu apostolado, para assim se diferenciarem de seu rebanho e se imporem na sociedade como figuras religiosas conceituadas e respeitadas.

Daquela maneira a minha geração e os meus antepassados se acostumaram a ver os que se entregaram aos ofícios religiosos do catolicismo e à pregação dos postulados cristãos, personificados nas figuras humanas dos padres, os quais, com poucas e honrosas exceções, com base na orientação do Vaticano, passaram a se apresentar diante dos fiéis sem batina e como pecadores comuns.

Foi, portanto, por causa da batina preta, que me aproximei do padre João Resende e com ele firmei sólida amizade, na medida que o identificava como um fiel e devotado representante de Cristo e dotado de invejável cultura religiosa e literária.

Por conta dessa postura do sacerdote, ainda que o Estatuto da AML fosse omisso no assunto, tomei a decisão de como presidente da Casa de Antônio Lobo, apresentar na sessão de 11 de agosto de 2016, uma Resolução que o nomeava capelão da AML, função que aceitou com alegria e honra, depois de receber o nada consta do bispo, Dom Belisário.

No exercício de capelão, o padre João Resende participava esporadicamente de nossas reuniões, fato que revelava o desejo de ingressar na instituição, tanto que poucos dias antes de seu infortúnio, endereçou-me o seguinte zap: “Meu bom amigo Buzar, ao se abrirem as portas da AML, no tempo oportuno, certamente, é sinal de que muito antes o seu coração, há muito aberto, e de tantos outros amigos, se abrirão para mim. Obrigado pela sua amizade.”

Essa amizade manifestada pelo jovem e culto sacerdote era realmente tão sólida e sincera que quando eu e Solange completamos cinquenta anos de casados e felizes (18 de novembro de 2017), foi ele o celebrante da cerimônia religiosa.

Perto de Flávio
Comenta-se nos corredores do Palácio dos Leões que José Reinaldo Tavares poderá brevemente voltar a sentar praça naquele prédio.
Isso se dará quando o sobrinho Marcelo Tavares deixar a Casa Civil e for nomeado para o Conselho de Contas do Estado.
A presença de Zé Reinaldo nos Leões é para ficar mais perto do governador e possa melhor assessorá-lo politicamente, com vistas às eleições de Flávio Dino a senador e a de Carlos Brandão ao comando do Poder Executivo do Estado.

Mineradora de ouro
Por muito pouco, recentemente, ato semelhante ao acontecido na cidade mineira de Mariana, com o rompimento de uma barragem, não se repetia no povoado Auriza, município de Godofredo Viana, onde uma barragem de mineração de ouro ameaçou romper.
Eu, que me considero um cara bem informado, só agora vim a saber que no interior do Maranhão, uma empresa canadense explorava esse tipo de negócio.

Homenagem a Cabral
A filha Carminha Cabral e o cunhado Nelson Almada Lima, de José Maria Cabral Marques, trabalham juntos num projeto para homenageá-lo e perpetuar a memória do saudoso professor, advogado e ocupante de cargos importantes na administração pública do Maranhão e do Amazonas.
Um farto material está sendo recolhido por Carminha e Nelson, com vistas a retratar a rica e preciosa vida de Cabral Marques em livro e vídeo.

O futuro de Roberto Rocha
Com os olhos nas eleições de 2022, a prioridade um do senador Roberto Rocha era concorrer ao Governo do Estado, para o qual esperava o apoio do presidente Bolsonaro, mas já viu que não tem nenhuma chance, pois a disputa à sucessão de Flávio Dino se dará entre Carlos Brandão e, com perdão da má palavra, Weverton Rocha.
A segunda opção de Rocha, é se reeleger ao Senado, o que também não tem qualquer possibilidade de ser bem sucedido, pois essa vaga já tem dono e chama-se Flávio Dino.
Resta a Roberto Rocha, se quiser continuar na política, ser candidato à Câmara de Deputados.

Basa e TJ
Brevemente, a agência do Banco da Amazônia, localizado na Avenida Pedro II, vai fechar as portas.
Motivo: foram coroadas de êxitos as negociações entre a diretoria do Basa e o presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão, desembargador Lourival Serejo.
O TJ adquiriu o imóvel para ali instalar a sua imensa estrutura de informática.

Saudade de Simone
Mais uma grande amiga acabo de perder: Simone Macieira, que conhecia de tempos remotos.
Mulher corajosa, inteligente e politicamente consciente de seu papel na sociedade maranhense, razão porque se elegeu vereadora à Câmara Municipal de São Luís, onde cumpriu o mandato de 1989 a 1992, com integridade moral e liberdade de opinião.
Casou com o meu grande amigo Roberto Macieira, com o qual viveu até o coração roubá-lo de nosso convívio.

Coitada da minha geração
O saudoso e brilhante jornalista Joel Silveira, deixou para a posteridade uma frase que vou rigorosamente segui-la: - A morte está ceifando a minha geração. Vou mudar o penteado para ver se ela não me reconhece.

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