Ricardo Mary Medeiros - médico

"Não basta cuidar de si, precisamos cuidar dos outros"

Com uma rotina intensa coordenando o Serviço de Clínica Médica do Hospital São Domingos, onde são atendidos pacientes com Covid-19, e vê seu trabalho como uma missão

Evandro Júnior/ Da equipe de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
(ricardo mary medeiros)

São Luís- Há oito anos residindo em São Luís, o médico carioca Ricardo Mary Medeiros é um dos profissionais de linha de frente na batalha contra a Covid-19. Ele atua como coordenador do Serviço de Clínica Médica do Hospital São Domingos, que atende pacientes necessitando de internação em quarto. São aqueles provenientes da unidade de emergência do hospital ou que recebem alta da UTI já em fase de recuperação.
“Nós atuamos de forma integrada, com outros setores do hospital e em equipe multiprofissional composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e fonoaudiólogos, além dos colaboradores do Serviço Social”, detalha.

Ricardo Medeiros chegou a contrair a Covid-19 no início da pandemia, há aproximadamente um ano, e ficou internado durante cinco dias. “À época, havia mais medo e incerteza. Aprendemos e evoluímos muito no tratamento desde então. Aproveito para agradecer à equipe médica e multiprofissional pelo excelente cuidado que recebi”, elogia.

Acredito que não nos livraremos desse vírus, mas precisaremos aprender a conviver com ele”Ricardo Mary Medeiros, médico

Rotina
Como praticamente todos os médicos que enfrentam a pandemia, trabalhando incansavelmente, ele encara uma rotina de 12 horas por dia, de segunda à sexta feira, e também aos sábados, mas até as 14h. E afirma que, como a de todos os profissionais de saúde que atuam diretamente na assistência, sua carga de trabalho triplicou.

“É nossa missão. Creio que estamos cumprindo nosso dever e fazendo nossa parte. Apesar de tudo, eu tento não trabalhar aos domingos, embora nem sempre consiga. O tempo livre é para a família, para as atividades físicas, como correr na rua, e para a leitura”, revela.
Ricardo Medeiros frisa que a Covid-19 é uma doença facilmente transmissível e com potencial de evoluir com extrema gravidade. Ele conta que tem visto, recentemente, o acometimento de pacientes cada vez mais jovens e afirma que há possibilidade de uma nova onda, visto que não há perspectiva de vacinação em massa em curto prazo.

“Acredito que não nos livraremos desse vírus, mas precisaremos aprender a conviver com ele. O uso de máscaras deverá se tornar um hábito comum, tal como já o é nos países asiáticos. Acho que as coisas vão melhorar quando a maioria da população estiver vacinada. Até lá, estaremos susceptíveis a novas ondas e ao risco de surgimento de variantes do vírus”, lamenta.

Ele acrescenta que a pandemia expôs fragilidades e vulnerabilidades e que o sofrimento imposto é um convite para uma evolução individual e coletiva das pessoas, enquanto sociedade. “Não basta cuidar de si. Precisamos cuidar uns dos outros”, enfatiza.

Ele ressalta que seu maior desafio é evitar que as pessoas adquiram formas graves da doença e que isso só será possível com vacinação em massa. Diz que a sociedade precisa se conscientizar de que é fundamental respeitar as recomendações da ciência. O médico também busca proteger sua própria família.
“Transmitir o vírus aos familiares é uma grande preocupação de todo profissional de saúde. Usamos álcool gel, nos isolamos quando podemos, testamos se alguém da casa apresenta sintomas e evitamos aglomerações. Sempre oriento meus filhos a seguirem as recomendações da ciência”, diz.

Ricardo Medeiros está na profissão há 22 anos. Ele cumpriu residência em Clínica Médica e Reumatologia. Há alguns anos, o carioca concluiu a pós-graduação em cuidados paliativos e bioética, áreas pelas quais tem grande interesse atualmente. Além do São Domingos, atende na Clínica Tau, de Medicina integrativa e multiprofissional, onde exerce a medicina ambulatorial com atendimento pleno não somente à doença, mas à pessoa.

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