Artigo

O SUS e a Covid-19

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16

A Covid-19 mostrou que os sistemas de saúde são mais frágeis do que podíamos prever. É uma crise global sem precedentes: enfrentamos escassez de medicamentos essenciais, de ventiladores, de testes diagnósticos, de acesso a leitos e de profissionais de saúde.

No Brasil, a pressão sobre o sistema de saúde decorrente da demanda adicional gerada pela Covid-19 também não fugiu dessa realidade. Para avaliar o impacto da crise sanitária sobre a rede de serviços de saúde, foi realizado um conjunto de simulações para estimar a necessidade de leitos gerais (microrregiões de saúde), leitos de UTI e equipamentos de ventilação assistida (macrorregiões de saúde) em diferentes cenários, avaliando intensidade (taxas de infecção equivalentes a 0,01, 0,1 e 1 caso por 100 habitantes) e horizontes temporais (1, 3 e 6 meses). Os resultados evidenciaram uma situação crítica do sistema para atender a essa demanda potencial, uma vez que diversas microrregiões e macrorregiões de saúde operariam além de sua capacidade, comprometendo o atendimento a pacientes, principalmente aqueles com sintomas mais severos (Cad. Saúde Pública 2020. 00115320).

Nesse contexto, oportuno salientar o agravante de que, antes da pandemia da Covid-19, o Brasil havia perdido mais de 41 mil leitos hospitalares no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), pois em 2008 o total de leitos na rede pública de saúde era de 344.573, enquanto em 2018 esse número já havia sido reduzido para 303.185 (levantamento divulgado pela Confederação Nacional dos Municípios - CNM. Publicado em 23/10/2018 pela Agência Brasil Brasília).

Contrariando as expectativas pessimistas, contudo, o Maranhão é o Estado que, na pandemia, registra a menor taxa de óbitos por 100 mil habitantes entre as 27 unidades da federação, ou seja, 95 mortes por 100 mil habitantes, sendo o único estado com o índice abaixo de 100.

Entre as causas que podemos atribuir a essa menor mortalidade do Brasil, causada pela Covid-19 no Maranhão, está a maior oferta de leitos do SUS no Estado, antes e durante a pandemia, pois ao assumir o Governo do Estado em 2009, a governadora Roseana Sarney, extremamente sensível às questões de saúde pública, deu início, por meio do Programa Saúde é Vida, à construção de dezenas de Hospitais de Pequeno Porte, em inúmeros municípios do interior, assim de como de Hospitais Regionais. Em 2009, a rede estadual no Maranhão possuía 1.008 leitos SUS e, ao término do seu governo em 2014, 1.618 leitos.

Os leitos de UTI da rede estadual cresceram, no mesmo período, de 71 para 344, além de terem sido construídas 10 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) nos grandes centros urbanos, política a que de forma coerente, com o pensamento e ações voltadas para a saúde da população mais pobre, usuária do SUS, o governador Flávio Dino deu prosseguimento a essas obras, concluindo os hospitais, que findo o governo anterior não puderam ser entregues ou construindo e/ou adquirindo novos hospitais, como foi ressaltado por ele próprio, em entrevista coletiva realizada em 29.01.2021, "nunca paramos de abrir leitos no Maranhão”. O resultado dessa política é que a rede estadual em 2020, quando da incidência da Covid-19, já possuía 2.601 leitos/SUS e 510 leitos de UTI. Quem ganhou com essa acertada política de saúde foi o povo do Maranhão, mormente os mais carentes que não possuem plano de saúde e muito menos recursos para custear uma internação!

José Márcio Soares Leite

Médico, Professor Doutor, em Ciências da Saúde. presidente da um Academia Maranhense de Medicina e Membro da AMC, do IHGM, da APLAC, da SBHM e da FBAM

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