Dia das Mães

Mães que lutam pela inclusão dos seus filhos

A busca diária por respeito e espaço de mães de pessoas com deficiência; pequenas conquistas alcançadas pelos filhos são sua alegria

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Alenilce da Conceição Silva com a mãe Arionildes Silva e Silva, vice-presidente da APAE de São Luís
Alenilce da Conceição Silva com a mãe Arionildes Silva e Silva, vice-presidente da APAE de São Luís

São Luís - Para um grupo de mulheres o melhor presente do Dia das Mães não é roupa, sapato, nem perfume. Aliás, nenhum item material as tornariam mais felizes e realizadas do que algo pelo qual lutam desde que seus filhos nasceram: respeito, apoio e inclusão social.

São mães de pessoas com deficiência - sejam físicas, intelectuais ou múltiplas -, mulheres de diferentes idades, perfis sociais, profissões distintas mas que têm em comum a luta pelo melhor desenvolvimento de seus filhos. E, mais do que isso, elas lutam pelo direito de eles não serem excluídos de uma sociedade que ainda não está aberta para receber a pessoa com deficiência da forma como merece.

Arionildes Silva e Silva é uma destas mães, que poderiam ser denominadas de “extraordinárias” no melhor e mais forte sentido da palavra. Ela chegou a Apae de São Luís em 1995, por recomendação médica, quando buscava o melhor tratamento para a filha, Alenilce da Conceição Silva, com síndrome de Down, e, na época, com 14 anos. Aos poucos foi se envolvendo nas atividades da entidade e, há 26 anos, é presença forte na instituição.

“Busquei a Apae de São Luís por indicação do médico neuropediatra da minha filha, que estava adolescente, na época, e uma fase bem difícil, regredindo muito, e com vários problemas hormonais também. Então, ele me garantiu que o melhor e mais completo tratamento para ela seria na Apae, o que de fato foi realidade”, conta.

Para esta mãe foi um alívio ver a filha sendo acolhida por uma equipe multidisciplinar e se desenvolvendo com os estímulos recebidos na Escola Eney Santana, mantida pela entidade.

“Na Apae de São Luís encontramos a nossa casa, onde todo tipo de estimulação foi ofertada e com muita qualidade. Até hoje, aos 40 anos, minha filha faz tratamento de fonoterapia, terapia ocupacional e acompanhamento psicológico; além de atividades em sala de aula como informática, dança. Ela também já fez natação, mas parou essa prática. Desde 1995 estamos aqui e só tenho que agradecer a Deus pela melhora da minha filha, com o tratamento recebido na instituição”, comenta a mãe de Alenilce Silva.

Lycia Marão Queiroz e a filha autista Ellina, aluna da Escola Eney Santana com a irmã Jullia e o pai Cláudio Carvalho Queiroz
Lycia Marão Queiroz e a filha autista Ellina, aluna da Escola Eney Santana com a irmã Jullia e o pai Cláudio Carvalho Queiroz

Celebrando o desenvolvimento
A servidora do Detran, Lycia Marão Queiroz, tem duas filhas, uma de 23 anos, estudante de Letras na UFMA, e outra de 14 anos, a caçula Ellina, que tem autismo, com problemas de fala, entre outras dificuldades de interação. Ela diz que as duas são sua razão maior de viver, mas foi com a menor que aprendeu o verdadeiro sentido de comemorar tudo, diariamente. Para ela, as pequenas vitórias do cotidiano da filha, como conseguir arrumar a cama ou se servir sozinha de um copo de água, são grandes presentes que tornam sua vida mais feliz.

“Foi muito difícil todo esse processo de descoberta do caso, até um diagnóstico, que até hoje não é tão definitivo. Os especialistas nunca podem afirmar, com precisão, como será a evolução da minha filha, por isso cada conquista tem um sabor enorme de vitória. Já chorei muito, já me senti culpada e me desesperei em alguns momentos, mas ajudou muito ter conversado com colegas e psicólogos, ter lido muito a respeito e ir me desenvolvendo também para poder apoiar melhor a Ellina”, revela Lycia Marão Queiroz.

A menina não falava nada até 2 anos de idade e, quando disse “mamãe” pela primeira vez, causou uma comoção geral na família. Hoje, a menina consegue se expressar e emitir suas opiniões a respeito de tudo. E a mãe vibra até quando ela diz que não quer comer, pois não gostou da comida. Para as mães de pessoas com deficiência tudo é maximizado, a luta pelo desenvolvimento dos filhos, a dedicação para que possam evoluir e a celebração por cada pequeno gesto realizado.

Ellina já havia passado por duas escolas anteriormente, sem sucesso. Mas, desde que começou a frequentar a escola Eney Santana e fazer tratamentos de fonoaudiologia e terapia ocupacional na sede da APAE de São Luís, sua evolução foi considerada surpreendente.

“Ellina está na instituição há quase cinco anos e é indescritível a emoção de vê-la se desenvolvendo mais e mais. Meus pais, que convivem muito com a neta, também percebem e vibram com essa evolução, desde os primeiros seis meses dela lá. Existem uma diferença milenar entre a menina que chegou na Apae e a Ellina que existe hoje. Mesmo com a pandemia, recebemos todo o apoio dos professores e profissionais da Apae, tivemos procedimentos online e agora já voltamos a alguns presenciais. Mas é impressionante o cuidado, a qualidade do serviço oferecido e o compromisso que a Apae de São Luís tem com cada aluno”, disse a mãe super satisfeita.

Para Lycia Marão, a convivência com Ellina fez toda a família ficar mais empática, enxergar melhor a diversidade que existe no mundo, e aprender a respeitar melhor as diferenças entre os seres humanos. Mas isso é o que mais ela sente falta e se pudesse desejar um único presente de Dia das Mães, seria esse: Inclusão e respeito para com todos os diferentes.

“Tento desenvolver a minha filha ao máximo, para que possa crescer e ser uma pessoa o mais independente possível. Mas, a sociedade nem sempre ajuda, ainda exclui muito as pessoas com deficiências. Precisamos evoluir muito para aprender, não somente a aceitar, mas a respeitar e valorizar as pessoas como são. Havendo esta inclusão, de fato, tudo seria mais fácil para a vida das pessoas com deficiência, que passariam a contar com mais ajuda e menos preconceito. É esse o meu maior desejo”, frisa a mãe, que aprendeu, com os anos, a celebrar todas as conquistas da filha, que também são vitórias pessoais dela e de toda a família.

A Apae de São Luís é uma entidade assistencial, educacional, filantrópica e sem finas lucrativos que há 50 anos trabalha com afinco para promover a atenção integral à pessoa com deficiência, prioritariamente aquela com deficiência intelectual e/ou múltipla. Um trabalho contínuo para que pessoas como as alunas Ellina, Alenilce e muitas outras possam, juntamente com suas mães, levar uma vida mais digna e mais feliz.

“Nosso trabalho é promover ações de assistência social, educação e defesa dos direitos da pessoa com deficiência. Nesse Dia das Mães parabenizamos as mães de nossos alunos e de todas as pessoas com deficiência, pois são mulheres guerreiras e incansáveis nessa causa pelo respeito e pela inclusão, e que também é da Apae de São Luís”, declara o presidente da entidade Sebastião Vanderlaan Rolim.

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