Documentário

"Nazinha, Olhai Por Nós" estreia nos cinemas e no streaming

Documentário encerra trilogia do diretor com trama sobre a saída temporária de quatro presidiários para o tradicional Círio de Nazaré

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Cena do documentário
Cena do documentário (filme)

São Paulo - A partir de caminhos entre passado, presente e futuro de quatro detentos do Belém do Pará, “Nazinha, Olhai Por Nós” resgata as histórias desses personagens, com foco nas consequências de suas escolhas e as expectativas quando o assunto é liberdade, mesmo que temporária - uma vez que o pano de fundo da produção é o indulto do feriado de Nossa Senhora de Nazaré, padroeira da cidade de Belém (PA), quando acontece um dos maiores eventos tradicionais do país: o Círio de Nazaré. Com estreia prevista no streaming (NOW, Google Play e iTunes) para o dia 6 de maio e exibições na sala de cinema do Espaço Itaú Frei Caneca, em São Paulo - SP, de hoje ao dia 5 de maio, às 13h30, o documentário de Belisario Franca é o primeiro a abordar esse tema e a influência sobre o cotidiano nos presídios paraenses.

Fruto de quatro anos de pesquisa, o documentário apresenta esses protagonistas em momentos de reflexão sobre temas como culpa, justiça, família e fé, dentro do contexto provocativo que é a insuficiência do sistema penal e carcerário brasileiro, diante dos dramas sociais e humanos que o mesmo promete e não consegue solucionar. Neste momento da produção, a única perspectiva dessas pessoas era o benefício da saída para o evento que arrasta mais de dois milhões de pessoas em cortejo nas ruas de Belém todo ano, o Círio de Nazaré.

Ao privilegiar a observação e os planos poéticos, silenciosos, o documentário cria um campo sensorial que faz com que o espectador se transporte para a realidade retratada e se conecte com seus protagonistas. Os planos, os reencontros com a família, a procissão e o retorno à penitenciária - e à realidade precária das prisões tanto masculinas como femininas. “Ao adotar esse projeto, portanto, minha primeira motivação foi dar voz a mais um grupo esquecido: aquele dos homens e mulheres que vivem abandonados no mundo paralelo das prisões brasileiras. Nosso país abriga a terceira maior população carcerária do mundo, mas a imensa maioria dessas pessoas é inteiramente ignorada por aqueles que estão do lado de fora”, explica o diretor. “Quando conheci a história do “indulto do Círio”, imediatamente vieram à minha imaginação os seus inúmeros desdobramentos. Pesquisando um pouco mais, fiquei surpreso ao constatar que nenhum diretor havia registrado os efeitos dessa relação entre o Círio e a vida carcerária da região”, diz.

O longa fecha a “Trilogia do Silenciamento” do diretor, composta pelas produções “Menino 23” (2016) e “Soldados do Araguaia” (2017). A partir de temas, universos e personagens distintos, cada um dos três documentários investiga estruturas, costumes e organizações de poder típicas da sociedade brasileira, destacando algumas de suas trágicas consequências: a desvalorização dos direitos humanos, a impunidade generalizada e o aniquilamento das subjetividades daqueles que vivem à margem da História. “Menino 23” chegou à long list do Oscar e foi eleito como Melhor Documentário pelo júri e pelo voto popular no Grande Prêmio de Cinema Brasileiro de 2017.

“Nazinha, Olhai por Nós” é uma produção da Giros Filmes em coprodução com Canal Brasil, Globo Filmes e Globo News. A distribuição é da Boulevard Filmes.

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