Efeitos coronavírus

Desrespeito às normas sanitárias em feiras na pandemia da Covid-19

Feirantes e clientes sem máscaras, boxes lotados, ausência de distanciamento entre bancas podem ser observados facilmente nesses espaços, na capital; Prefeitura afirma que mais de 30 mercados e feiras foram fiscalizados em 60 dias

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Alguns feirantes esquecem o uso da máscara enquanto atuam no comércio de produtos
Alguns feirantes esquecem o uso da máscara enquanto atuam no comércio de produtos

São Luís - Feiras e os mercados de São Luís seguem com registros de pequenas aglomerações durante a pandemia da Covid-19. Muitos feirantes e clientes desrespeitam as normas sanitárias impostas pelo governo para conter a proliferação do coronavírus. Por outro lado, mais de 30 mercados e feiras foram fiscalizados durante estes últimos 60 dias pela Prefeitura. Segundo dados mais recentes da Secretária de Estado da Saúde (SES), São Luís está entre as três cidades do Maranhão com maior número de casos da enfermidade, um registro de 37.046 infectados, seguida por Imperatriz, com 14.382 casos confirmados e 8.207 casos no município de Balsas.

Na feira da Liberdade na manhã de ontem o descumprimento às normas sanitárias podiam ser vistos logo na entrada do mercado, com idosos e crianças sem máscara no rosto. A maioria dos proprietários de bancas não estavam utilizando o protetor facial ou luvas.

Na parte interna da feira também havia sinais de descumprimento das normas contra o novo coronavírus. Além de muitos feirantes estarem sem a máscara no rosto, foram registrados muitos pontos de aglomeração, com boxes lotados, sem distanciamento entre as bancas e ausência de álcool em gel para clientes.

O feirante Antônio Almeida, de 49 anos, disse que muitos colegas de serviço costumam trabalhar sem usar a máscara e não utilizam luvas quando vão tocar nas mercadorias. “A maioria dos colegas não gostam de usar a máscara, mas, eu não tiro a minha do meu rosto, pois tenho medo dessa doença. Muita gente já morreu”, comentou Antônio Almeida.

Francisca Gonçalves, de 80 anos, é feirante na Liberdade e estava utilizando a proteção facial, porém, de forma inadequada. A máscara cobria apenas a boca e o nariz estava desprotegido. Ela disse que trabalha há anos no mercado e não tinha sido imunizada contra a Covid-19 em razão de sofrer de alergia. “Tenho várias alergias, então estou com medo de tomar essa vacina”, explicou a feirante.

Delson Bastos, de 42 anos, que também trabalha no local, disse que a presença da equipe da Vigilância Sanitária é constante no mercado e os feirantes recebem orientações sobre o perigo da doença. “A vigilância informa para todos sobre o coronavírus e a importância do uso da máscara para não contrair essa doença horrível”, contou o feirante.

Francisca tem 80 anos, não se imunizou por ser alérgica e ter medo, mas não usa a máscara corretamente
Francisca tem 80 anos, não se imunizou por ser alérgica e ter medo, mas não usa a máscara corretamente

Cenário semelhante
Na feira do João Paulo, considerada como um dos maiores mercados da capital, também havia descumprimento das normas sanitárias. Não há distanciamento entre as bancas, feirantes sem a proteção facial, vários pontos de aglomeração e produtos alimentícios sendo manuseados de forma irregular. Para completar, água com cheiro de podre escorria perto das bancas de frutas.

Ronald Melo, de 34 anos, disse que a aglomeração é grande durante o período da madrugada. “Tem vendedor e clientes todo o tempo nesse mercado, mas no decorrer da madrugada a aglomeração de pessoas é maior. Os boxes lotados de clientes, vários carregadores e os feirantes abrindo os boxes sem luvas ou máscaras”, contou o feirante.

A outra feirante, Maria Helena Martins, de 56 anos, afirmou que já pegou coronavírus e passou mais de 30 dias sem trabalhar. “Acho que peguei essa doença na feira, pois temos contato com várias pessoas de forma diária e muitos andam sem máscara e não passam o álcool em gel nas mãos”, relatou.

Nas feiras do São Francisco e da Cidade Operária, também havia descumprimento das normas sanitárias, principalmente com pontos de aglomeração, ausência da máscaras e de luvas para manusear os produtos alimentícios.

Fiscalização
A Secretaria Municipal de Saúde (Semus) informou ontem, por meio de nota, que em fevereiro e março deste ano, foram fiscalizados 31 mercados e feiras da cidade. De acordo com informações da Vigilância Sanitária Municipal, a ação foi focada na comercialização de pescados, carnes bovinas e suínas e nos protocolos de prevenção da Covid-19.

A Semus ressaltou que neste momento o trabalho é apenas educativo, não cabendo por enquanto medidas restritivas ou aplicação de punições. Após esse primeiro momento os gestores dos mercados e feiras serão convocados para que seja elaborado um plano de ação, com prazos definidos para sanar as irregularidades encontradas voltadas à manipulação de alimentos e demais medidas sanitárias.

A Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Abastecimento informou que disponibilizou bombeiros civis em todos os mercados e feiras da cidade, para orientar feirantes e consumidores sobre o distanciamento social, uso de máscaras, álcool em gel e outras informações necessárias. A Semapa informa ainda que desde o início estão realizadas ações de sanitização nos mercados.

Nos próximos dias, outras fiscalizações em locais de comercialização de alimentos serão realizadas. Além do monitoramento da conduta de responsáveis por feiras e mercados, desde o início do ano, a Vigilância Sanitária também verifica o cumprimento das medidas de restrição social em estabelecimentos, determinadas por órgãos governamentais. Entre elas, está a fiscalização em supermercados, academias, barbearias e em outros locais, conforme consta no decreto municipal em vigência, em enfrentamento à pandemia na capital.

Edson Muniz, feirante
Edson Muniz, feirante

Personagem da notícia

Edson Muniz, de 79 anos, que trabalha na feira do João Paulo há cinco décadas, disse que ainda não contraiu o coronavírus e ainda não foi imunizado contra a virose. “Uso a máscara direto na feira, mas tem hora que fico agoniado e retiro um pouco do rosto”, contou o feirante.

SAIBA MAIS

O Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) elencaram algumas recomendações para os feirantes

  • Limpar e higienizar regularmente todos os veículos de transportes, bem como as superfícies dos locais de acondicionamento de produtos, equipamentos e utensílios;
  • Manter pelo menos um metro de distância entre as bancas; entre os funcionários e entre os empregados e clientes;
  • Disponibilizar pias com água corrente e sabonete, além de álcool 70% para uso de feirantes e consumidores;
  • As bancas e barracas devem ser instaladas em locais amplos, preferencialmente ao ar livre.
  • Caso opte por usar máscaras, o comerciante deve substituí-las e higienizá-las sempre que elas estiverem úmidas ou sujas. No caso das luvas, estas devem ser utilizadas apenas para a manipulação do alimento;
  • Separar o local de pagamento de maneira a manter o distanciamento entre quem estiver cobrando e quem estiver pagando dos demais clientes e feirantes e encarregar uma ou mais pessoas de receber o dinheiro dos consumidores;
  • Proibir qualquer tipo de degustação ou consumo de produtos no local;
  • Não conversar, espirrar, tossir, cantar ou assoviar em cima dos alimentos, superfícies ou utensílios. A recomendação vale tanto para o momento do preparo dos alimentos/mercadorias quanto para o de servir;
  • Quem prepara os alimentos deve lavar as mãos com frequência e, principalmente, depois de: tossir, espirrar, coçar ou assoar o nariz; coçar os olhos ou tocar na boca; preparar alimentos crus, como carne, vegetais e frutas; manusear celular, dinheiro, lixo, chaves, maçanetas, entre outros objetos; ir ao sanitário; retornar dos intervalos;
  • Pessoas com mais de 60 anos ou que possuam doenças crônicas como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, insuficiência renal crônica ou doença respiratória crônica devem se afastar das atividades, bem como os comerciantes que, mesmo não fazendo parte do grupo de risco, têm contato direto com pessoas do chamado grupo do risco;
  • Trabalhadores com sintomas como tosse, febre, coriza, dor de garganta e falta de ar, independentemente de pertencerem a algum grupo de risco, devem se afastar da atividade e permanecer em casa, isolados, por 14 dias, e procurar o serviço de saúde caso o quadro se agrave.

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