Rede Cuidar

São Luís tem Centro estadual de assistência pós-Covid a pacientes

No local, o paciente poderá se consultar com especialistas e realizar exames no próprio espaço; Santa Inês, Presidente Dutra e Imperatriz receberão as próximas unidades; meta do Governo é ampliar o serviço em outras regiões do estado

Kethlen Mata/ O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Titular da SES, Carlos Lula, esteve na Rede Cuidar, em sua  inauguração, ontem
Titular da SES, Carlos Lula, esteve na Rede Cuidar, em sua inauguração, ontem (Rede Cuidar)

São Luís – Nesta terça-feira, 20, foram iniciados os trabalhos da Rede Cuidar, um anexo localizado no Hospital Dr. Carlos Macieira (HCM), em São Luís, destinado a pacientes e famílias de recuperados da Covid-19, que sintam necessidade de assistência médica após ter tido a doença. O secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, visitou as instalações na manhã de ontem, quando foi realizada a inauguração do espaço. Até o fim desta semana, o serviço também estará disponível em unidades da rede estadual de saúde em Santa Inês, Presidente Dutra e Imperatriz.

“Funcionará a princípio em policlínicas, aqui em São Luís, Presidente Dutra, Santa Inês, Imperatriz e depois vamos ampliar para outras policlínicas do estado, também no interior, para que a gente possa ter essa rede de atenção ao paciente que se curou da Covid-19 e também ao familiar”, ressaltou o secretário, que falou sobre intenção da Secretaria de Estado da Saúde (SES) ampliar a rede no Maranhão.

Em São Luís, o serviço contará com quatro salas para consultórios, sendo duas para atendimentos clínicos gerais e outras duas nas demais especialidades, além de sala de coleta e sala de triagem. O paciente, após a consulta, poderá fazer os exames na própria unidade de saúde. Serão oferecidas consultas em Cardiologia, Neurologia, Pneumologia, Endocrinologia e Psiquiatria, além de atendimento multiprofissional com nutricionista, fonoaudiólogo e fisioterapeuta. O serviço funcionará das 8h às 12h e das 14h às 18h, com agendamentos de consultas através do Disque Saúde, pelo telefone (98) 3190-9091.

Carlos Lula frisou que o atendimento será uma rede completa de cuidados. “É importante que a gente fale da Rede Cuidar, e de fato o serviço vai funcionar como uma rede, não é um local onde você vai e só tem um tratamento, na verdade, a gente está dando atenção ao paciente que se cura da Covid-19, mas que fica com sequelas, fica com problema e também a família desse paciente. Por isso, temos ambulatório com cardiologista, com psiquiatra, com pneumologista. O paciente vai passar por esses especialidades, para ser encaminhado, inclusive, para fisioterapia, para a gente ir para outra reabilitação, é uma rede”, afirmou.

Edilson Medeiros, diretor do HCM, presente à inauguração da Rede Cuidar, ressaltou que a intenção desse atendimento é diminuir o número de patologias que podem advir daqueles pacientes que tiveram covid. “O fluxo é muito simples, estabelecido dentro das unidades da rede do estado. E os pacientes que já estiveram nessas unidades, serão referenciados para a nossa rede de atendimentos. Não precisa ninguém ficar desesperado, todos aqueles que precisarem do atendimento serão atendidos, teremos dois números para agendamentos das consultas e teremos o agendamento presencial, ou seja, a população toda da Grande Ilha, ou de algum interior, que necessitar vir à São Luís, será atendido pelo ambulatório da Rede Cuidar”, explicou o gestor.

Chegada tardia
Uma estudante que não quis se identificar, contou que o tio de 60 anos, com quem mora, sofreu muito para conseguir um atendimento pós-covid na cidade. “São sequelas motoras, sequelas na fala, ele não consegue se expressar direito, não consegue mais escrever, não consegue se vestir. A gente vai continuar em tratamento, fazer fisioterapia e a gente teve que custear tudo do nosso próprio bolso”, destacou.

Para ela, a Rede Cuidar vai ajudar muitas pessoas que estão precisando agora, mas outras pessoas também precisaram antes. O tio dela desenvolveu – enquanto estava com a Covid-19, mesmo sendo quase assintomático – a síndrome de Guillain-Barré, uma doença rara que não registra menos de 15 mil casos por ano, no Brasil. A descoberta da relação entre a síndrome e a covid só vieram depois. Em um artigo publicado no periódico científico, New England Journal of Medicine, cinco casos da síndrome de Guillain-Barré foram associados à Covid-19, apoiando a ligação entre o vírus e as complicações.

Ela frisou que, na ocasião da doença, seu tio precisou esperar na fila para conseguiu um leito. “A gente procurou muito essa questão de ter um lugar de amparo, no momento em que a gente estava precisando, a gente não teve. Não tinha como esperar o governo inaugurar, as pessoas não esperam, isso deveria ter sido feito muito antes. Nós, da família, tivemos que amparar, mas eu imagino que isso [se referindo a Rede Cuidar] é uma coisa muito boa para quem está tendo sequela agora, mas a dele não, foi constatado no ano passado”, desabafou.

Yngrid Coelho de 19 anos, que também sofre com sequelas da doença, contou que procuraria a Rede Cuidar. Em comparação com o caso citado anteriormente, o dela pode até ser considerado mais ‘leve’, no entanto, é um dos mais comuns: cansaço, falta de ar, e confusão na percepção do paladar. “Eu acho que não tem nada que dê mais agonia do que entender que foi preciso mudar alguns hábitos do dia para a noite, ou que você adquiriu novos hábitos que não fazem bem para a saúde, e não saber como tratar isso”, disse.

SAIBA MAIS

Centro Municipal

Na segunda-feira, 19, a Prefeitura de São Luís inaugurou um de Centro de Referência Pós- Na segunda-feira, 19, a Prefeitura de São Luís inaugurou um de Centro de Referência Pós-Covid, na Unidade Mista do Bequimão. O local também fará, a partir de agora, o atendimento dos pacientes que ficaram com sequelas decorrentes da infecção pelo coronavírus, com equipe médica multidisciplinar em que serão detectados e tratados os sintomas mais persistentes e que afetam o dia a dia do paciente mesmo após o fim da infecção. O Centro vai funcionar anexo à Unidade Mista do Bequimão e conta com os serviços de psiquiatria, neurologia, fisioterapia, nutrição, médico de terapias integrativas, pediatria, psicologia, terapia ocupacional, cardiologia, pneumologia e assistência social. A unidade também vai oferecer apoio às famílias enlutadas e que necessitem de assistência. O local funcionará de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h e atenderá pacientes de todas as faixas etárias. Para ter acesso aos serviços, o paciente deverá ir até a unidade e se dirigir a um dos quatro guichês para que possa agendar seu atendimento. No centro também funcionará uma unidade da Central de Marcação de Consultas (Cemarc) para agilizar a marcação de exames e procedimentos, caso seja necessário.

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