Artigo

Enfim, vacinado

Luiz Thadeu Nunes e Silva

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16

Na calada da noite, dia corrido e tenso, banho tomado, TV desligada, deito na cama, exausto, tantas notícias ruins. Antes, vi o placar fúnebre, atualizado as mortes nas última 24 horas no Brasil. Continuamos na casa dos três mil óbitos diários, próximos das 400 mil mortes. Sigo perplexo, a acompanhar tudo isso; como chegamos a tudo isso? Se eu estou perplexo, que moro aqui, imagina o mundo.

Antes de dormir, pego o celular pela enésima vez, prometendo a mim mesmo, que só na amanha seguinte veria as mensagens. Mas o vício é maior, leio as novas mensagens, atualizadas nos últimos 20 minutos. Quase uma eternidade.

Uma amiga, Aretusa Câmara, fala da perda de dois amigos dela, um por covid-19, outro de câncer. Fala do medo e da angústia de tudo isso.

Em outra mensagem, grupo do colégio Batista, um amigo pede orações para um colega que está intubado, estado grave, em um hospital de nossa capital.

Durante o dia recebi relatos de pessoas próximas, que positivaram. Em vídeo, assisto a triste história de uma família de Caxias, em que cinco membros morreram por causa do coronavírus, no espaço de oito dias.

O amigo Luiz Alfredo, envia uma matéria, contando que somente 8 países, dos 194 que existem no mundo, recebem brasileiros. Como ele sabe do meu desejo de viajar, pergunta se tenho viagem programada para algum por esses dias.

O mundo está com medo do Brasil, somos ameaça ao mundo. Ocupamos menos 3% do território do planeta, somos responsáveis por 12% do total de óbitos por coronavírus. Como falou um imbecil, que ocupou recentemente o cargo de Chanceler, “não tinha problema o Brasil ser pária perante o mundo”. Só um energúmeno para externar uma sandice dessa. Mas ele não estava sozinho, seu superior, o presidente da república, pensa exatamente assim.

Já passava da hora de uma apuração, porque continuamos morrendo como mosca. O Senado Federal abrirá uma CPI para apurar as responsabilidades de nossas autoridades, para saber como conseguimos chegar a tal situação.
Somos motivo de galhofa perante o mundo. No Parlamento francês: quando o premiê Jean Castex discursava, disse que o governo do Brasil recomendava cloroquina para combater a Covid-19 e que foi o país que mais a prescreveu, o plenário explodiu numa gargalhada coletiva e ultrajante.

Houve um tempo, em que brasileiros eram bem recebidos em todos os lugares. Sempre viajei com uma camisa da seleção brasileira, e em diversos lugares fui parado para fotos com os locais. Em Beirute, sai do hotel, um jovem veio em minha direção, e falou a escalação completa de nossa seleção canarinho, tamanho respeito por nosso país. Em Kathmandu, Nepal, andando pelas caóticas ruas, se formou uma procissão, todos ávidos por uma foto. Tive um dia de celebridade.

Com a tragédia sanitária do coronavírus tudo mudou.

A vacinação em massa continua atabalhoada, de forma capenga, com muitos erros.

Crianças e mulheres grávidas, que eram para tomar a vacina da gripe, foram vacinadas com a AstraZeneca. 1,5 milhões de pessoas que tomaram a primeira dose da vacina, não compareceram para tomar a segunda.

Finalmente fui vacinado, ontem, primeira dose, aguardando a segunda dose e rezando para não virar jacaré.

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