Editorial

A saga ambulante

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16

O comércio ambulante tomou a Rua Grande! Mas quando foi que os camelôs não estiveram lá? Desde que perderam espaço na Praça Deodoro, remanejados de qualquer jeito para a lateral do Colégio Liceu Maranhense, que tudo começou a dar errado para esses trabalhadores, que já têm uma vida difícil e imprevisível.

Na venda ambulante é assim, tem dias bons e ruins. Quando conseguem vender bem, podem fazer uma pequena compra e surtir, pelo menos por alguns poucos dias, a geladeira de casa. Quando as coisas vão mal, o negócio é apertar o cinto, comer o que dá, fingir que não ouve o filho pedir alguma coisa a mais.

A luta dos ambulantes do Centro piorou com a grande obra realizada no Complexo Deodoro, há quase três anos. Para a realização dos serviços bancas de alimentação e venda de produtos em geral foram transferidas para uma via localizada ao lado do Colégio Liceu Maranhense. Na frente da escola também foram montadas várias bancas, já que o espaço não comportava a todos.

Na ocasião, as paradas de ônibus também tiveram de ser realocadas e com isso a movimentação de pessoas naquela região se reduziu drasticamente, o que apenas prejudicou mais ainda os ambulantes. Se já estavam longe de seus pontos habituais, em um espaço que não era o de passagem normal de pessoas, sem a movimentação diária na área, as vendas despencaram.

A partir daí começaram os problemas. Sem conseguir vender, os camelôs se desesperavam e pediam que fosse dado uma solução e um lugar onde pudessem se fixar e obter lucros. Foi discutido com o poder público, que afirmou que seria construído um espaço para abrigar o comércio ambulante. O Shopping Popular foi amplamente comentado entre os trabalhadores, mas somente em fevereiro do ano passado, a Câmara Municipal aprovou o projeto de lei que autorizava a concessão e o subsídio público para construção, operação e manutenção do Comércio Popular de São Luís. A proposta foi encaminhada pela Prefeitura e, o que já parecia apenas um sonho, talvez saia do papel.

A ideia é construir o espaço nas proximidades do Ginásio Costa Rodrigues. Uma obra orçada em R$ 28 milhões, a ser executada por meio de parceria público-privada (PPP), na qual a Prefeitura entra com a contrapartida de R$ 8 milhões. O prazo de construção e entrega seria de 12 meses.

A pandemia atrasou tudo. Não se sabe ao certo quando estará realmente pronto o Shopping Popular. Os trabalhadores precisam alimentar suas famílias, pagar suas contas e morar.
A pandemia fez aumentar mais ainda o comércio informal. As demissões aumentaram e muitos tiveram de migrar para este tipo de trabalho para viver. Se já não estava fácil para quem já era ambulante, piorou. Ficar onde foram deixados é difícil, afinal, “o que não é visto, não é lembrado” e muitos optam por ir para a Rua Grande, onde tem certeza que poderão vender um pouco mais, pela movimentação constante de pessoas.

Hoje, a Rua Grande abriga centenas de vendedores informais, em suas transversais e nela mesma, pelas calçadas, na frente de lojas abertas ou fechadas – porque a pandemia castigou o comércio lojista também –, de agências bancárias e farmácias. Eles só querem vender, ter o que levar para casa no fim do dia, para alimentar seus filhos, para ter um pouco de paz.

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