Editorial

Combate à pandemia e ao "vírus da pobreza"

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16

Aumento sem precedentes nos níveis de pobreza na América Latina, região mais desigual do mundo e mais afetada pela crise sanitária, é um dos efeitos da pandemia segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

Segundo o relatório "Panorama Social da América Latina 2020, divulgado no início de março deste ano pela Cepal, ano passado 22 milhões de novos pobres foram registrados na América Latina, totalizando 209 milhões de indivíduos em situação de pobreza. Destes, 78 milhões estão em extrema pobreza, 8 milhões a mais do que em 2019.

Desse modo, a taxa de pobreza está em 33,7% da população e a de pobreza extrema em 12,5%, os priores números registrados nos últimos 12 e 20 anos, respectivamente.

A situação em 2021 deve ser muito pior, pois o agravamento da crise sanitária e, por consequência, econômica, deve mostrar uma realidade de pobreza ainda mais extrema, sobretudo no Brasil, onde não há um entendimento nacional na condução do problema, e os baixos índices de vacinação.

O cenário que se descurtina desde 2020 ainda é de muitas incertezas, pois com alta incidência do número de casos da Covid-19, como também de mortes, a falta de diálogo e alinhamento nas ações de enfrentamento à pandemias entre os governos Federal, Estaduais e Municipais, vem trazendo impactos direto na vida das empresas.

O poder público de um modo geral, sobretudo estaduais e municipais, tem buscado a adoção de medidas, nem sempre de agrado do setor produtivo, como antecipações de feriados e suspensão de atividades econômicas, e até mesmo lockdown, para evitar o colapso no sistema de saúde. Mas essas medidas têm atingido fortemente as empresas que, em muitas situações, não têm o devido amparo dos governos.

Asfixiadas, acabam fechando as portas e postos de trabalho. Nesse prisma, o diretor executivo da Confirp Consultoria Contábil, Richard Domingos diz que até o momento foram poucas ações em relação a reduzir os impactos da crise da Covid-19 nas empresas e, consequentemente, na economia. Apesar de o Governo Federal tem anunciado o adiamento do Simples Nacional, para o especialista isso ainda é muito pouco, diante a um cenário de paralisação, e cobra uma ação conjunta dos governos estaduais, municipais e federal. Ou seja, não se pode ter medidas de isolamento sem contrapartidas.

Em 2020, algumas medidas tomadas ajudaram a manter o emprego, como é o caso do Benefício Emergencial de Prevenção de Emprego e Renda, mas que até agora não tem programada sua liberação.

O problema, ainda segundo Richard Domingos, é que esse quadro de falta de ações articuladas terá impacto para quem mais necessita, que são os trabalhadores, pois a alternativa de demissões já está sendo debatidas pelas empresas.

O que mais preocupa o especialista é que a manutenção de empregos não precisaria de muito, apenas de acenos governamentais de que medidas serão tomadas em um curto período para auxílio econômico e principalmente ações que levem a reabertura, como é o caso da intensificação da vacinação da população.

Então, urge a adoção de medidas do ponto de vista sanitário, para conter a pandemia, mas também no viés econômico, no sentido de parar o vírus da pobreza no país.

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