Estudo

Cannabis medicinal pode amenizar sintomas associados ao Autismo

Novos tratamentos apontam bons resultados para síndrome que afeta vários aspectos da comunicação e do comportamento do indivíduo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Estudos com cannabis apresentam resultados muitos positivos
Estudos com cannabis apresentam resultados muitos positivos (cannabis)

São Paulo - O Transtorno do Espectro Autista (TEA), conhecido popularmente como autismo, é uma síndrome que provoca problemas na comunicação, na socialização e no comportamento. Diagnosticado geralmente entre os dois e três anos de idade, atinge mais de 70 milhões de pessoas no mundo, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).

"O TEA envolve atrasos e comprometimentos do desenvolvimento, seja da linguagem ou no comportamento social. Os sintomas podem ser emocionais, cognitivos, motores ou sensoriais. Desde os primeiros meses de vida, os sinais e sintomas já podem ser percebidos e as intervenções devem ser iniciadas de imediato. O diagnóstico definitivo, em geral é confirmado em idades variadas, baseado na evolução de cada caso. No entanto, muitas crianças ainda são diagnosticadas tardiamente, seja por desinformação ou resistência da família e dos médicos", explica o Dr. Jair Luiz de Moraes, neuropediatra com vasta experiência no diagnóstico precoce do TEA.

O médico explica que há uma série de diferentes manifestações do TEA, que têm em comum: maior ou menor limitação na comunicação, seja linguagem verbal e/ou não verbal; e comportamentos caracteristicamente estereotipados, repetitivos e com gama restrita de interesses. "O grau de gravidade varia desde pessoas que apresentam um quadro leve e com total independência e discretas dificuldades de adaptação, até aquelas que serão dependentes para as atividades de vida diárias, ao longo de toda a vida", explica.

Estudos com cannabis medicinal

Até o momento, o uso da cannabis medicinal para o manejo de sintomas de TEA se baseia em relatos de casos ou ensaios clínicos abertos, não controlados, e com número restrito de participantes. Seu objetivo principal tem sido para o tratamento das comorbidades, principalmente auto e heteroagressividade, hiperatividade, ansiedade e distúrbios do sono.

Uma publicação de outubro de 2019 do BMC Psychiatry, periódico que reúne artigos sobre transtornos psiquiátricos, apontou que existem três ensaios clínicos em larga escala e cinco estudos pequenos que avaliaram o uso de cannabis para autismo. Um destes estudos, realizado em Israel, avaliou a eficácia da cannabis rica em cannabidiol em 60 crianças. A pesquisa constatou que 61% dos problemas comportamentais entre os participantes foram muito melhorados, segundo relatos dos pais. Também houve melhora nos níveis de ansiedade em 39% das crianças e 47% na comunicação.

"Tenho relatos no meu consultório de melhoras efetivas em relação as comorbidades em pacientes com TEA, imediatamente após a troca da medicação convencional, que muitas vezes provocam diversos efeitos colaterais", reforça o neuropediatra, que desde 2019 passou a adotar produtos à base de cannabis em suas prescrições.

Direitos da pessoa com TEA

De acordo com o Center of Deseases Control and Prevention (CDC), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, em uma pesquisa realizada de dois em dois anos no País, existe hoje um caso de TEA a cada 54 crianças de oito anos. No Brasil, os dados ainda são muito limitados, mas informações do Censo Escolar mostram que o número de alunos com autismo que estão matriculados em classes comuns aumentou 37,27% entre os anos de 2017 e 2018.

Para efeitos legais, os autistas são considerados pessoas com deficiência. De acordo com a Lei nº 12.764/12, é direito da pessoa com TEA o acesso a ações e serviços de saúde, incluindo identificação precoce, atendimento multiprofissional, terapia nutricional, medicamentos e informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento.

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