Histórias reais

Esperança de cura e sonhos deixados para depois da covid

O Estado reforça que os sentimentos bons ou não neste período estão associados ainda a frustrações, mudanças necessárias de planos e, principalmente, pelo conforto da cura familiar

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Esperança e renascimento: Elsalina venceu a covid e retornou para sua casa e aos cuidados da família, depois de dias tortuosos de internação
Esperança e renascimento: Elsalina venceu a covid e retornou para sua casa e aos cuidados da família, depois de dias tortuosos de internação

São Luís - A pandemia do coronavírus é histórica não somente pelo seu grau de letalidade e consumação em um período contemporâneo da humanidade. Ela também é nociva, pois abala organismos de forma natural e rápida, sem distinção de raça, cor, credo, posição social ou qualquer grau de hierarquização preconceituosa ou não criada pela sociedade.

A Covid-19 é uma doença “democrática” e que causa a mesma sensação de impotência e dor, dependendo da gravidade dos casos enfrentados e registrados. Nas últimas horas de morte, são comuns os relatos de que no leito (para quem tem um disponível), o paciente agoniza praticamente sem ar. E o que é pior, sem companhia do lado, de um amigo ou familiar.

A aparente protagonização da dor em meio a esta pandemia se mistura ao sentimento de frustração, pela viagem ou outro plano particular adiado, e de alegria pela sensação de ver o seu familiar ou conhecido curado da Covid-19. O Estado, que trouxe em suas páginas estas histórias em 2020, reforça com outras em 2021, ressaltando que a pandemia ainda está em um cenário considerado grave, com um ritmo de vacinação aquém do esperado por infectologistas e outras autoridades.

Apesar da tragédia, das lágrimas, da dor e certa indolência de autoridades, que colocam como prioridade as preferências ideológicas (seja de qualquer lado político) em detrimento da real solução do sistema de saúde, é possível sim escolher enredos marcantes, reflexivos e que visem dar mais esperança diante de um cenário de tamanho sofrimento. E as boas perspectivas vêm de onde menos se espera.

Sim, eu venci!
No dia 24 de março deste ano, a dona de casa Elsalina Pires Figueredo começou a sentir os sintomas da Covid-19. Rapidamente a família buscou ajuda especializada. Ao serem assistidos na rede pública, a aposentada descobriu que estava com a doença.

Vieram os sinais mais severos da doença e ela foi internada em uma unidade hospitalar do Município de São Luís. Foram longos os dias de acolhimento, em que o apego à religiosidade e, principalmente, o carinho dos cuidadores e responsáveis pelo local de assistência foram fundamentais. “Passei por momentos difíceis, ao ver a minha mãe naquela situação. Sem dúvida, é algo que não desejo para ninguém, ou seja, de ver a minha mãe em uma situação tão grave”, disse o filho de Elsalina, Leonardo Araújo, professor.

A recuperação começou a ocorrer uma semana após a internação e os resultados foram satisfatórios. “Ela [Elsalina] começou a reagir novamente, a dar sinais de recuperação e isso foi animando a família, os médicos e outros colaboradores”, disse Leonardo.

A recuperação e a gratidão
No dia 30 de março deste ano, Elsalina atingiu a recuperação plena hospitalar e recebeu alta. A saída da paciente foi marcada por emoção e homenagens da equipe que a assistiu. O filho decidiu externalizar sua alegria e dirigiu sua gratidão às equipes de saúde.

“Quero externar minha alegria em ter minha mãe de volta, e mais alegria ainda por saber que Deus envia anjos para cuidar de nós aqui na terra. Vocês, desde o porteiro, serviço social, psicólogos, técnicos, enfermeiros, maqueiros, médicos e administrativo do Hospital do Bequimão foram esses anjos. Aqui de fora só nos resta rezar muito e pedir a Deus que essa pandemia acabe e, mais do que isso, que vocês tenham força e saúde para desempenhar com tamanho amor e dedicação essa missão de cuidar das pessoas”, escreveu Leonardo em suas redes sociais.

E ela se curou e graças ao amor da família e trabalho coletivo da saúde, está em casa no acolhimento dos entes queridos.

[e-s001]

A mãe que abandonou o sonho pela segurança
Toda mulher pensa em ser mãe. O sonho da empresária e servidora pública, Natália Trovão, não era diferente. Mãe do belo Davi, a empresária deixou de lado o desejo do segundo filho devido a insegurança sanitária causada pelo coronavírus. Ela decidiu compartilhar a sua história com O Estado e citou suas decisões e planos para o futuro quando tudo isso passar.

Sobre o sonho de ser mãe pela segunda vez, a empresária disse que é uma meta que será resgatada futuramente. “Alguns sonhos e metas foram deixados para trás, principalmente por insegurança e medo. Não ter certeza sobre o futuro é algo que me incomoda profundamente”, disse.

O fato de relacionar a segunda maternidade apenas com a vacina é uma meta de vida da jovem mulher. “Somente quando a vacina estiver disponível para todos, e a pandemia controlada, terei mais um filho. É um consenso entre a minha pessoa e meu esposo”, disse.

Sobre outros desejos e planos deixados de lado em prol de um bem maior, ou seja, a proteção dela e de sua família, a jovem contou acerca de uma viagem programada e que não foi usufruída. “Ano passado deixei de fazer uma viagem para o exterior que já estava prevista para maio. Ainda não sei quando faremos, mas é óbvio que neste momento não há como fazer em plena pandemia”, afirmou Natália.

LEIA TAMBÉM:

Impactos de medidas restritivas serão sentidos neste mês de abril

Sem viagem, restou ficar em casa

A assessora Walline Alves Guimarães estava praticamente de malas prontas para embarcar em sua viagem familiar até a cidade gaúcha de Gramado, reduto turístico dos mais visitados no país. A estadia e os bilhetes foram adquiridos, no entanto, com a pandemia, a programação foi revista.

Um dos temores dela foi expor o marido e o filho, de apenas um ano de idade, em aeronaves ou em outros ambientes fechados. “Pretendia viajar para o sul do Brasil para celebrar o primeiro ano do meu filho, porém, o medo de viajar de avião nesse período pandêmico me fez desistir. Os voos continuam cheios e o risco de contágio é muito alto”, afirmou.

Devido aos temores, a jovem decidiu negociar com a empresa aérea e agência de viagem uma extensão da data. No entanto, com a indefinição do controle epidemiológico da Covid-19, o receio de contágio e, principalmente, a ausência de atrações no local que será visitado (devido a medidas de restrição locais) endossam a ideia de não planejar nenhuma viagem a curto ou médio prazo.

“Com a graça de Deus, teremos a vida inteira para viajar e celebrar muitos aniversários do nosso filho, então, ainda não tenho previsão para viajar de avião pelos próximos meses”, afirmou.

Sonhos e desejos: Natália quer novamente ficar grávida, mas após a pandemia
Sonhos e desejos: Natália quer novamente ficar grávida, mas após a pandemia

O grande viajante que deixou de viajar
O engenheiro agrônomo Luiz Thadeu Nunes, colunista de O Estado, é conhecido nacional e internacionalmente por suas viagens feitas para várias partes do mundo. Não é de hoje que ele comenta sobre suas estadias em locais comuns e desconhecidos por todos os continentes do planeta.

Além de usar as suas redes sociais particulares, o viajante também escreve suas passagens em periódicos e outros meios de divulgação. Atualmente, por questões óbvias, ele decidiu suspender temporariamente as estadias pelo mundo.

A O Estado, ele comentou sobre este momento. “Esta semana, era para eu estar no sul do país, em Porto Alegre, depois São Paulo e Belo Horizonte, tinha compromissos agendados, passagens aéreas compradas com antecedência. Com as más notícias vindas destes lugares, por causa do coronavírus, que está fora de controle, estava temeroso de viajar”, disse.

Ele ainda mantém a esperança de viajar este ano. “No começo da semana anterior, recebei e-mail da companhia aérea remarcando o dia e horário do voo, o que me facultou transferir as passagens para uma nova data ou pedir o reembolso. Optei por remarcá-las, transferindo para novas datas, na esperança de viajar ainda este ano”, disse.

Se as viagens não puderem ser feitas em 2021, o viajante terá que readaptar-se à nova realidade. “Eu, de minha parte, continuo em casa. Recluso. Esperando a minha vez de ser vacinado. Observo o mundo pela janela, me despeço das águas de março com o menino que habita em mim, sonho em colocar um barquinho de papel para seguir na correnteza que passa pela minha porta. Assim, continuo viajando no inesgotável baú de memórias”, disse Luiz Thadeu.

SAIBA MAIS

Medidas restritivas do Governo serão estendidas até o dia 11 deste mês

As medidas de ordem restritiva, estabelecidas no mês passado, renovadas recentemente por meio de decreto expedido no dia 26 de março deste ano e que dita as condutas específicas para o funcionamento de pontos comerciais e outros locais serão estendidas até o dia 11 de abril deste ano. A informação foi confirmada pelo governador do Estado, Flávio Dino. Segundo ele, as restrições ainda serão válidas, por exemplo, para estabelecimentos comerciais, em especial para bares e restaurantes que deverão ainda funcionar apenas com 50% da capacidade neste fim de semana na Grande Ilha. Os supermercados também serão enquadrados nos locais que deverão funcionar com metade da capacidade.

Outros locais como academias e salões também estão enquadrados nesta lista. Pessoas dos chamados grupos de risco seguem afastadas dos locais de trabalho, tanto no setor público, quanto no privado.

Uma das novidades foi a ampliação do prazo de pagamento do Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), com a data foi estendida até dia 10 de maio, com a concessão de desconto de 10% no ato da quitação. Já a administração pública estadual poderá funcionar com até 50% da capacidade e revezamento entre funcionários. Segundo o governador do Estado, Flávio Dino, a implantação de outras medidas serão analisadas semanalmente. “Dependemos das curvas de crescimento ou não de ocupação de leitos e mortes. Estamos por enquanto em um momento de alto índice de ocupação de leitos, porém com estabilidade na manutenção dos índices. Nossa meta é baixar estes números e as medidas implantadas são fundamentais. Precisamos ainda da ajuda de toda a população, executando as medidas sanitárias e colaborando com o poder público”, disse.

Principais medidas anunciadas

TODO O ESTADO

  • Eventos suspensos
  • Administração pública estadual: funcionamento com até 50% da capacidade e revezamento entre funcionários
  • Grupo de risco afastado no setor público e privado

ILHA DE SÃO LUÍS

  • Comércio e indústria entre 9h e 21h
  • Supermercados, academias, salões e igreja: 50% da capacidade
OUTRAS MEDIDAS

  • Ampliação do prazo de pagamento do Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), com a data foi estendida até dia 10 de maio, com a concessão de desconto de 10% no ato da quitação.
Fonte: Governo do Maranhão

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.