Perdas na economia

40% dos bares e restaurantes demitiram funcionários em SL

Segundo a Abrasel, quase metade dos empresários foi obrigada a efetuar desligamentos depois do decreto estadual que os obrigava a fechar para atendimento presencial, ficando só delivery ou retirada

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Com as novas medidas, Thays Sousa foi uma das pessoas que perdeu o emprego
Com as novas medidas, Thays Sousa foi uma das pessoas que perdeu o emprego (Thays desempregada)

São Luís - Pouco mais de um ano do início da pandemia, determinados empreendimentos voltados à oferta de produtos e serviços ainda sentem os impactos das perdas financeiras causadas pela redução na circulação de pessoas em cidades que adotaram medidas restritivas.

Na Ilha de São Luís, desde o dia 15 deste mês, por determinação do Governo do Maranhão que expediu o Decreto nº 36.601, está “vedado o funcionamento de bares, lanchonetes, restaurantes, praças de alimentação e similares localizados no território”.

Enquanto os estabelecimentos estão fechados, ainda que por motivos de proteção epidemiológica – para evitar a propagação e circulação mais ativa do coronavírus – os empresários se colocam no dilema entre arrecadar algum lucro e, ao mesmo tempo, manter a folha de pagamento de pessoal e de fornecedores em dia.

Dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Maranhão mostram que pelo menos 40% dos empresários do segmento na Grande Ilha foram obrigados a efetuar desligamentos de funcionários de seus quadros. Segundo a entidade, que ainda estima as perdas a médio e longo prazos no setor, de 600 a 800 pessoas perderam os empregos somente em São Luís.

Além do percentual de empreendedores obrigados a demitir, outros empresários – para manter pessoas de grupos de risco afastadas ou para reduzir despesas voltadas ao vestuário, transporte e alimentação de funcionários -, deram férias aos colaboradores, o que também contribuiu para a queda na produção de força de trabalho.

Ainda de acordo com dados da Abrasel no Maranhão, além de queda brusca no faturamento destes estabelecimentos – cerca de 90% em pouco mais de uma semana – outro fator que justifica o termo crise é a extinção ou suspensão temporária de postos de trabalho.

Estima-se, segundo a entidade, que são calculadas perdas de 1,5 a 2 mil de empregos em todo o Maranhão, por causa das restrições ocasionadas pela pandemia do coronavírus somente no setor de bares e restaurantes.

Segundo o presidente da Abrasel no estado, Gustavo Araújo, outras formas de entrega de produtos, como delivery e “retirada no balcão”, representam menos de 10% no faturamento médio mensal. “Esta forma de comercialização é somente uma pequena ferramenta de vendas, não o grande volume. Logo, apesar de ser uma solução apontada pelo Governo [do Maranhão] ela não é suficiente para o equilíbrio das contas”, disse.

Por isso, os empresários recorreram a outras alternativas. “Algumas empresas estão dando férias, uma vez que não podem demitir, pois aderiram ao programa. As dívidas se acumulam, pois os empresários já não tem mais fôlego e adquiriram empréstimos, venderam patrimônios e tomaram outras providências”, disse o presidente da Abrasel.

Esvaziamento
Centros comerciais da Região Metropolitana de São Luís estão com os bares e restaurantes fechados. O Estado visitou dois locais e constatou cadeiras e mesas dos pontos comerciais dispostas do lado de fora ou nos ambientes dos estabelecimentos. Em alguns locais são vistos avisos informando inicialmente acerca dos limites no quantitativo de clientes, medidas válidas antes dos decretos governamentais mais recentes.

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Auxílio
No dia 13 deste mês, o Governo do Maranhão anunciou a oferta de auxílio emergencial a donos de bares e restaurantes, como forma de compensação pelos dias sem funcionamento dos estabelecimentos.

No entanto, a medida agradou parcialmente os empresários que, por sua vez, na segunda-feira (22) requereram o recebimento do valor resultante do benefício (R$ 1 mil) por mais uma semana.

A justificativa dos empresários se baseia na extensão das medidas restritivas a estes bares, que deverão permanecer fechados até o próximo dia 28, no âmbito da Grande Ilha. Sem contrapartidas mais substanciais, resta aos empresários cortarem despesas e condensar a folha. Com isso, o desemprego tende a subir.

O dano da pandemia e das medidas: a perda de empregos
Para tentar sobreviver, empresários recorreram às renegociações salariais e a outras medidas. Mesmo diante do zelo de alguns donos de negócios, em determinados casos, as demissões são inevitáveis.

Por enquanto, não há um levantamento que expresse, por faixa etária, o perfil dos indivíduos dispensados de seus empregos. No entanto, estima-se que pessoas jovens estão entre aquelas mais suscetíveis à perda de seus vínculos.

A auxiliar de cozinha, Thays Souza, de 23 anos, contou seu drama a O Estado. Ela perdeu o emprego na quarta-feira, 24, após término de seu vínculo com empresa do ramo de restaurantes da Grande São Luís, por opção do empregador. Ela relatou que foi o segundo emprego perdido por argumentos voltados à queda no faturamento devido à pandemia.

Para a jovem, a desvinculação empregatícia pode servir de aprendizado. “Nunca é positivo ouvir do seu chefe, ou do seu ex-chefe, que você não interessa mais para ele ou que você não se enquadra mais em seu gasto diário ou por mês. Mas é da vida, e temos que nos reerguer”, disse.

Ela – nascida em Barreirinhas (MA) – pensa em voltar ao município de origem para conseguir um novo emprego. “Em São Luís está difícil. Em Barreirinhas deve estar até pior mas, pelo menos, tenho o suporte de minha família e de amigos que podem me socorrer. Aqui na capital, está difícil”, afirmou.

O balconista Fábio Luz, de 24 anos, também perdeu seu emprego firmado há dois anos em um bar da capital maranhense. Ele – que cuidava do pagamento aos clientes e mantinha outras funções internas – afirmou que construiu uma boa relação com o responsável pelo empreendimento, mas, foi informado da demissão há alguns dias. “Com a pandemia e a decretação destas medidas, a situação segundo meu chefe tornou-se insustentável. Por isso, houve a demissão”, disse.

SAIBA MAIS

De acordo com a Abrasel no Maranhão, atualmente são contabilizados 500 bares e restaurantes na Grande Ilha reconhecidos pela entidade e atingidos pelas restrições do Governo do Maranhão. No total, 9 mil estabelecimentos do gênero estão fixados no estado.

NÚMEROS

500 é a quantidade de bares e restaurantes na Grande Ilha, contabilizados pela Abrase
9 mil é o número de estabelecimentos do gênero em todo o Maranhão
600 a 800 pessoas perderam os empregos somente em São Luís

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