Crise

Pacheco: atuação do Itamaraty "está muito aquém do desejado"

Presidente do Senado afirmou que houve ''muitos erros'' no enfrentamento da Covid, mas que ainda está em tempo de mudar para salvar vidas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Rodrigo Pacheco fez críticas a atuação do Itamaraty no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus
Rodrigo Pacheco fez críticas a atuação do Itamaraty no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus (Rodrigo Pacheco)

BRASÍLIA

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou ontem que a atuação do Ministério das Relações Exteriores, comandado por Ernesto Araújo, está “muito aquém do desejado”.
Na véspera, durante sessão de debates com o próprio Araújo sobre os esforços do Itamaraty para a obtenção de vacinas contra a Covid, pelo menos sete senadores pediram ao próprio ministro que deixasse o cargo.
Para o presidente do Senado, houve “muitos erros” no enfrentamento da pandemia, entre os quais, apontou, na diplomacia.
“Eu considero que nós tivemos muitos erros no enfrentamento da pandemia. Um deles foi o não estabelecimento de uma relação diplomática, de produtividade, com diversos países que poderiam ser colaboradores neste momento agudo de crise que temos no Brasil. Ainda está em tempo de mudar para salvar vidas”, declarou.
Pacheco não disse se é favorável à saída de Araújo do Itamaraty. Ele afirmou que a decisão caberá ao presidente Jair Bolsonaro.

Consciência
Durante a audiência na quarta-feira, o ministro disse aos parlamentares que dorme “com a consciência tranquila” e que “é preciso reconhecer as qualidades” do governo.
Araújo não conta com apoio do governo, somente da ala ideológica, e interlocutores de Bolsonaro buscam nomes alternativos para substituir o chanceler.
O presidente do Senado citou a "frustração" manifestada pela "grande maioria" dos senadores, na sessão de debates, em relação ao trabalho do Itamaraty.
“O que se tem que mudar é a política externa do Brasil. As relações internacionais precisam ser mais presentes, num ambiente de maior diplomacia. Isso é algo que está evidenciado a todos, não só no Congresso Nacional mas a todos os brasileiros que enxergam essa necessidade de o Brasil ter uma representatividade externa melhor do que tem hoje”, disse Pacheco.

Gesto de assessor
Pacheco deu as declarações sobre o ministro ao comentar, em entrevista coletiva, o episódio em que um assessor especial do presidente Jair Bolsonaro fez um gesto com a mão, visto pelo Museu do Holocausto como "símbolo de ódio" utilizado por "supremacistas brancos".
O assessor, que acompanhava o ministro Ernesto Araújo na sessão, nega e diz que estava somente ajeitando a lapela do paletó. A polícia legislativa apura o caso.
"Senado não é lugar de brincadeira. Senado é lugar de trabalho. Ali, nós estávamos trabalhando, buscando soluções, informações de um ministério que está muito aquém do desejado para o Brasil", declarou Pacheco.

Após declaração, Lira se reúne com Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro disse ontem ter conversado com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e que não há nenhum problema entre os dois. "Conversei com o Lira e não tem problema nenhum entre nós. Zero problema". "Nunca teve nada errado entre nós. Sou velho amigo de Parlamento. Torci por ele e o governo continua tudo normal", reforçou Bolsonaro. Nesta quarta-feira, durante sessão da Câmara, Lira criticou o governo, sem citar o presidente.
O deputado afirmou que está "apertando um sinal amarelo para quem quiser enxergar" e emendou: "não vamos continuar aqui votando e seguindo um protocolo legislativo com o compromisso de não errar com o País se, fora daqui, erros primários, erros desnecessários, erros inúteis, erros que são muito menores do que os acertos cometidos continuarem a serem praticados".
Sem mencionar um possível processo de impeachment, Lira disse que "os remédios políticos no Parlamento são conhecidos e são todos amargos. Alguns, fatais. Muitas vezes são aplicados quando a espiral de erros de avaliação se torna uma escala geométrica incontrolável."
Ao fim da reunião, Bolsonaro desceu para acompanhar pessoalmente Lira ao carro e falou rapidamente com a imprensa presente. Segundo o presidente, durante reunião com Lira nesta manhã, vários assuntos foram abordados, entre eles o combate à pandemia da covid-19. "O que nós queremos juntos é buscar maneiras de contratar mais vacinas. É na ponta da linha fazer com que chegue informações de que vacinas estão sendo aplicadas. É isso que queremos". l

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