Pesadelo

Gravidade da Covid-19 só deverá diminuir no 2º semestre no estado

Para especialista, entrevistado por O Estado, somente com a inclusão de uma cobertura vacinal superior a 70% será possível melhorar o cenário

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Idosos e profissionais de saúde têm sido o principal público alvo da atual etapa de vacinação contra a Covid no Maranhão, desde janeiro deste ano
Idosos e profissionais de saúde têm sido o principal público alvo da atual etapa de vacinação contra a Covid no Maranhão, desde janeiro deste ano

São Luís - A gravidade da Covid-19 no Maranhão, com casos constantes de óbitos devido a doença, deve diminuir no segundo semestre com redução de mortes e casos. É o que aponta especialista entrevistado por O Estado e que aposta na eficácia da vacinação para tal quadro. No entanto, segundo o profissional que alerta para a defasagem na oferta de leitos, é necessário que 50 a 70% da cobertura imunológica seja atingida, para que haja tal mudança.

Atualmente, a doença contabiliza de oito a 10 óbitos por dia, em todo o Maranhão. Até o fechamento desta edição, 231.075 casos de Covid estavam confirmados no estado. Mais de 5,5 mil óbitos ocorreram desde o dia 29 de março do ano passado, quando foi registrado o primeiro caso de morte de paciente com coronavírus no estado.

De acordo com o professor Antônio Augusto Moura, especialista no estudo epidemiológico no âmbito estadual, é necessário acelerar com a vacinação, para evitar mais mortes e, principalmente, resistência do vírus aos imunizantes.

“Caso a vacinação avance como se imagina daqui para frente, poderemos ter uma queda no gráfico de mortes. Confio na eficácia dos imunizantes, mas por enquanto, a vacinação ainda ocorre de forma lenta”, disse. O especialista aponta ainda que a segunda onda vivida no Maranhão da doença será mais grave do que a primeira.

“A variante é mais infectante, mais transmissível. Então, provavelmente a variante está levando a uma situação mais grave, gerando a saturação do serviço de saúde, com pessoas morrendo à espera de leitos de UTI, pois não está se dando conta de atender a todos em determinados lugares da federação. Além da característica da nova variante, os hábitos ruins de evitar o isolamento social e outras medidas também contribuem de forma negativa para um controle mais forte”, disse Antônio Augusto Moura.

[e-s001]Pontos negativos em um ano de pandemia
Dois fatores considerados negativos contribuíram, segundo o especialista, para a execução fora dos padrões de controle convencionais da doença: quantidade de testes rápidos (considerado baixo) e divulgação mais célere dos saldos de mortalidade. De acordo com o professor, há um atraso de 35 dias entre o óbito na prática e sua inclusão no boletim epidemiológico.

O especialista aponta que o controle futuro da segunda onda, mesmo com a vacina, depende de outros fatores, em especial o consenso entre administração pública e a sociedade.

“A segunda onda poderá ser mais grave e o que é pior, com mais resistência de setores da sociedade. Soma-se a isso o fato de ausência de auxílio emergencial que dê respaldo para uma medida mais grave, como o lockdown”, afirmou.

Além de entender o contexto atual e o futuro da doença, é preciso conhecer as histórias de quem já superou a doença e quem ainda vive o drama da infecção (ou preocupação de nova infecção).

Segundo caso de Covid-19: vitória e superação
A servidora pública estadual Raissa Azulay, que relatou parte de sua história nas páginas de O Estado, representa um dos primeiros casos de Covid-19 no estado. À época, ela enfrentou uma série de preconceitos nas redes sociais por supostamente não estar cuidando da doença.

A servidora conta atualmente, após quase um ano do episódio que, na ocasião, a Covid-19 era ainda uma doença considerada desconhecida, inclusive por ela.

“A Covid para mim veio assustadora, pois quando tive meus primeiros sintomas acreditava que o vírus ainda nem tinha chegado ao Maranhão. Tudo era novidade e nem os médicos nos hospitais sabiam exatamente o que receitar ou como tratar. Meu quadro agravou, pois o resultado dos exames demorava muito mais que hoje, que já sai em menos de três horas. À época, esperei seis dias sem respostas para iniciar o tratamento. Com isso ainda precisei de mais tempo para me recuperar”, afirmou.

Após passar pela primeira janela da doença, Raissa ainda enfrentou períodos de outra suspeita. “Após o Covid confirmado, neste ano, tive dois outros episódios de suspeita de reinfecção. Nas duas situações, minha primeira providência foi me isolar, iniciar tratamento precoce por indicação médica e fazer os testes e exames, que deram negativos”, afirmou Azulay.

Sobre possíveis sequelas, Raissa relata a O Estado que alguns permaneceram meses após o diagnóstico.

“Até quatro meses depois da doença, eu ainda tinha sintomas respiratórios, dores no corpo e fadiga. Fiz um checkup e hoje não sinto mais nada. Psicologicamente foi pesado, principalmente pela exposição e mentiras disseminadas ao meu respeito, mas tive muito aparato familiar, espiritual e profissional, por isso não tenho sequelas, graças a Deus”, afirmou.

[e-s001]Sem anticorpos
A servidora pública Maria Fernanda Silva é o caso de pessoa que teve a doença, inicialmente apresentou anticorpos, no entanto os últimos exames atestaram que os “protetores” contra o vírus não estão mais presentes. “Tive em abril do ano passado a Covid. Em junho do ano passado o IGG estava reagente. Hoje não está mais”, disse.

A prevenção foi a forma encontrada pela servidora para se proteger. “Desde abril não tive nenhum sintoma semelhante aos sentidos naquele período. Continuei com as mesmas regras sanitárias recomendadas”, afirmou.

SAIBA MAIS

Serviços não-essenciais estarão suspensos no próximo fim de semana

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), informou em coletiva nesta sexta-feira (19) que os serviços considerados não-essenciais, ou seja, que não fazem parte por exemplo da oferta de medicamentos e outros produtos serão suspensos em todo o estado nos dias 27 e 28 deste mês. A medida foi anunciada em coletiva virtual.

De acordo com o governador, as medidas vigentes no atual decreto, válido desde o dia 5 deste mês e renovado no dia 12 seguem em vigência até o domingo (28). Assim, escolas por exemplo seguem sem previsão de retorno das aulas presenciais.

Ainda segundo o governo maranhense, o feriado de Adesão à Independência, que seria comemorado no dia 28 de julho deste ano, foi antecipado para o dia 26 (próxima sexta-feira) deste mês. Locais como supermercados e academias passam a funcionar na semana que vem somente com 50% da capacidade máxima e mediante outras condições. Segundo o governo, bares e restaurantes seguirão fechados.

PERFIL

O especialista no estudo epidemiológico no âmbito estadual Antônio Augusto Moura da Silva possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Maranhão em 1984, mestrado na área acadêmica em 1990 e doutorado em 1997 em Medicina Preventiva pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.

Realizou pós-doutorado em Epidemiologia Perinatal na National Perinatal Epidemiology Unit, Universidade de Oxford. Atualmente é docente titular da Universidade Federal do Maranhão.

CRONOGRAMA DOS PRIMEIROS PASSOS DA PANDEMIA

28 de fevereiro de 2020

Maranhão monitora dois casos suspeitos de Covid-19

29 de fevereiro de 2020

A Secretaria de Estado da Saúde confirma perfil de paciente suspeita de coronavírus. De acordo com a pasta, trata-se de uma mulher de 22 anos, procedente de Tóquio e Wakayama (Japão).

1º de março de 2020

SES monitora caso suspeito de coronavírus no Maranhão

17 de março de 2020

SES descarta 25 casos suspeitos de Covid-19; outras 32 pessoas eram monitoradas

20 de março de 2020

O Maranhão confirmou nesta data o primeiro caso de coronavírus no Estado.

21 de março de 2020

Maranhão registra 2° caso de Covid-19 confirmado.

29 de março de 2020

Maranhão registra primeiro óbito de Covid-19

4 de abril de 2020

Maranhão registra segundo óbito por Covid-19

5 de abril de 2020

Maranhão supera os 100 casos de Covid-19

17 de abril de 2020

1.040 casos de Covid-19

21 de abril de 2020

94,8% dos novos casos positivos de Covid-19 no Maranhão estão fora da Grande Ilha

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