Previsão otimista

SES ainda estima vacinar todos os maranhenses contra a Covid-19 este ano

Além do aumento progressivo na ocupação de leitos de enfermaria e UTI nas redes pública e privada, Maranhão registra diariamente elevação no número de casos da doença

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Intenção do governo é que até o fim do ano a população do estado esteja imunizada contra a Covid-19; até agora, apenas 3% recebeu a vacina
Intenção do governo é que até o fim do ano a população do estado esteja imunizada contra a Covid-19; até agora, apenas 3% recebeu a vacina

São Luís - Mesmo diante da lentidão no processo de vacinação em São Luís e em outras partes do estado, em razão em especial da ausência de oferta de doses de vacina que acompanhem o ritmo de pessoas infectadas e da demanda exposta, o Maranhão de forma oficial ainda trabalha com a possibilidade de vacinar os maranhenses (ou a grande maioria) até o fim de 2021. Até o fechamento desta edição, 213.378 pessoas no estado haviam tomado a primeira dose da vacina contra a Covid-19, o que contabiliza aproximadamente pouco mais de 3% da população do estado.

Ainda de acordo com a SES, 84.024 pessoas das contempladas com a primeira dose tomaram a segunda (seja fabricada pela AstraZeneca ou pela CoronaVac, produzida esta última pelo Instituto Butantan, de São Paulo). Para atingir a meta estabelecida, o Maranhão teria que contar com uma oferta maior de doses (esta semana recebeu apenas 66.800 doses do Ministério da Saúde), arcar com despesa de compra de forma autônoma e ampliar as equipes de distribuição de doses.

No entanto, até o momento, nenhuma destas medidas foi feita com sucesso. Quanto a compra, de acordo com a SES, mesmo sob o aval do Supremo Tribunal Federal (STF), pelo fato do Brasil ter se colocado mundialmente atrás das principais potências do mundo na compra de doses o procedimento é considerado lento e complexo.

No momento, o objetivo do Estado é adquirir o maior número de doses possíveis. O Maranhão informa que oficialmente negocia com países, como Rússia, China, Estados Unidos, e Inglaterra. Até quarta-feira (10), data da chegada do último lote de vacinas, até o fechamento desta reportagem, o estado havia recebido 514.840 doses de vacinas do Ministério da Saúde, sendo 98 mil da Astrazeneca e 416.840 da Coronavac.

A SES defende que a vacinação maciça é a solução para conter a pandemia, no entanto, a primeira meta é imunizar ao menos 70% da população. “Ainda tenho a esperança de estarmos vacinados até o fim do ano. Precisamos virar esta página difícil da história”, disse a O Estado o secretário de Saúde, Carlos Lula.

Antes das medidas de imunização, segundo a pasta, é preciso ainda investir nas ações de prevenção. Segundo o Governo, o fluxo de atendimento para os casos considerados leves e para os suspeitos ocorre de forma “consolidada”.

Recentemente, o governo anunciou novos leitos de enfermaria e UTI e a recomendação é de procurar uma unidade de saúde logo, a partir da manifestação dos primeiros sintomas gripais. “As unidades da rede estadual já dispõem do teste rápido de antígeno, que detecta a existência do vírus, com resultados semelhantes aos testes PCR. Então, aos primeiros sintomas gripais, o paciente deve buscar atendimento para avaliação do quadro clínico, orientação sobre o tratamento farmacológico e poderá fazer o isolamento adequado”, defende o titular da SES. No entanto, mesmo diante do otimismo das autoridades, a população segue receosa.

Um pesadelo sem fim
O pesadelo da pandemia do coronavírus completa quase um ano no país e a população brasileira e, em especial, da capital maranhense, vive um novo drama com uma cepa (uma espécie de nova versão do coronavírus) em disseminação no estado. Além do aumento progressivo na ocupação de leitos de UTI nas redes pública e privada, o Maranhão registra diariamente elevação no número de casos.

Na quarta-feira passada, por exemplo, dia 10, o Maranhão registrou elevação de quase 50% no número de novos casos. De acordo com informações da Secretaria de Estado da Saúde (SES), neste dia, o boletim epidemiológico confirmou 965 novos casos da doença. Enquanto, no dia anterior, o documento indicou 547 ocorrências inéditas do coronavírus.

Para evitar a decretação de medidas mais duras, o Governo do Maranhão alega investimentos na abertura de novos leitos de UTI. A determinação de medidas mais duras, porém, é considerada inevitável por especialistas.

Relembre

O primeiro Decreto

Devido ao registro do primeiro caso de Covid-19, o Governo do Maranhão emitiu o Decreto nº 35.677, de 21 de março de 2020, que estabeleceu medidas de prevenção de contágio e de combate à propagação da transmissão da Covid-19.

Dentre as medidas, estavam a suspensão da realização de atividades que possibilitassem grande aglomeração de pessoas em equipamentos públicos ou de uso coletivo.

Também forma suspensos de forma imediata as atividades e os serviços considerados não-essenciais, a exemplo de “academias, shopping centers, cinemas, teatros, bares, restaurantes, lanchonetes, centros comerciais, lojas e estabelecimentos congêneres.

Foram também limitadas as visitas a pacientes com suspeita de infecção ou infectados pela Covid-19 internados na rede pública ou privada de saúde e ainda permaneceram suspensos os “prazos processuais em geral e o acesso aos autos físicos dos processos administrativos, com tramitação no âmbito do Poder Executivo”.

Aumentam casos e medidas mais duras

No dia 3 de abril do ano passado, o Governo do Maranhão volta a emitir Decreto (nº 35.713) em que eram suspensas as aulas presenciais nas unidades de ensino da rede estadual de educação. Foram abrangidas as seguintes instituições: Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (Iema), Universidade Estadual do Maranhão (Uema) e Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (Uemasul).

No dia 7 do mesmo mês, outra medida para inibir a circulação de pessoas foi tomada. Segundo o Decreto nº 35.721 foram suspensos os serviços de transporte rodoviário intermunicipal de passageiros, com entradas e saídas da Ilha de São Luís, por intermédio do Estreito dos Mosquitos ou pelo ferryboat. Era o sinal de que o fechamento total estava por vir.

O Lockdown necessário

No mês seguinte, no dia 3, por meio do Decreto nº 35.784, foram estabelecidas medidas preventivas e restritivas a serem aplicadas na Ilha do Maranhão (São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa), o chamado lockdown em virtude da Covid-19.

O documento governamental foi expedido em virtude de decisão judicial proferida pela Vara de Interesses Difusos e Coletivos da Comarca de São Luís, como resposta à Ação Civil Pública que dispunha sobre a suspensão das aulas presenciais em instituições de ensino.

No primeiro dia de suspensão total das atividades, foram montados pontos de bloqueio em pontos estratégicos, como Barragem do Bacanga, Rua do Egito, Anel Viário, na Avenida Gomes de Castro, Canto de Fabril e Alameda Silva Maia (Praça Deodoro). E ainda nas avenidas Kennedy, São Marçal, Africanos, Getúlio Vargas, Jerônimo de Albuquerque, Daniel de La Touche, Litorânea, Colares Moreira e Guajajaras

Foram permitidas apenas os funcionamentos, na ocasião, das agências bancárias, que abriram nestas e em outras vias apenas para o saque do Auxílio Emergencial, com a proibição de lotação máxima.

A Avenida Litorânea esteve fechada e foi proibida a passagem de pessoas na via. No total, 50 pontos foram monitorados na Grande São Luís; 35 policiais fizeram este trabalho no período da manhã e 35 à tarde. A entrada e saída da Ilha também foram fechadas, e a frota de ônibus foi reduzida pela metade.

Depois do Maranhão, os estados do Pará – que decretou lockdown - e Ceará endureceram as medidas ainda em 2020.

A implantação do lockdown foi vista por membros da saúde como necessária e se refletiu em queda em gráficos após o período. Levantamento feito por O Estado apontou que o mês de junho registrou 45.154 casos de Covid-19 no Maranhão e, no mês seguinte, o saldo de infectados caiu para 40.150. Em agosto, foram 31.014 casos, uma queda de 31% entre os meses subsequentes ao “confinamento”.

A redução permaneceu nos meses de setembro (21.949 casos), outubro (12.263 casos) e novembro (7.343 casos). Em fevereiro deste ano, o quantitativo de ocorrências da Covid-19 voltou a aumentar, o que obrigou a medidas nos âmbitos estadual e municipal.

Medidas no âmbito de São Luís

Com base no decreto estadual, a Prefeitura de São Luís, por meio do Decreto nº 56.887, de 4 de março de 2021, suspendeu por 10 dias o expediente presencial em órgãos da administração pública da capital.

Estiveram excluídos desta medida os órgãos ligados às atividades consideradas essenciais, como saúde, obras, urbanismo e trânsito. Estas e outras pastas funcionaram em horário reduzido, ou seja, das 9h às 16h, com a adoção de escalas de revezamento e trabalho remoto.

Além desta medida, o Município também tornou obrigatório o uso de “máscaras” de proteção individual em todas as dependências de órgãos municipais e obrigou o afastamento imediato de servidores empregados, “colaboradores com suspeita ou confirmação da Covid-19 por prazo não inferior a 10 dias”.

Para manter a rotina, os funcionários foram estimulados, em cada setor de suas pastas, a fazerem videoconferências ou de outras “tecnologias que assegurem o distanciamento social”.

A Prefeitura de São Luís informou, na noite desta sexta-feira, que prorrogou até o dia 21 de março, as medidas para conter o avanço da Covid-19 em São Luís. O Decreto n° 56.894/2021, desta sexta-feira, 12, ratifica as medidas já estabelecidas pelo Decreto 56.887/2021.

Novas medidas restritivas

Decreto torna medidas mais restritivas e Governo compensa com auxílio

Em entrevista coletiva na sexta-feira, 12, o governador do Maranhão, Flávio Dino, endureceu as medidas de restrição social válidas desde o dia 5 deste mês por meio de novo Decreto. Dentre os atos, está o fechamento de bares é restaurantes a partir do próximo dia 15.

Além disso, o governador manteve as proibições em escolas (que permanecem sem aulas presenciais) e comércio (cujo horário de funcionamento segue regulamentado das 9h às 21h).

Outro diferencial em relação à primeira regulamentação foi a determinação da capacidade máxima de até 30% em igrejas católicas e evangélicas.

Para compensar as medidas de restrição ao comércio, o Governo anunciou o pagamento de auxílio para bares e restaurantes de R$ 1 mil. "Essa é uma forma de compensar os empresários que infelizmente serão penalizados. Trata-se de uma medida necessária e nossa expectativa é na semana que vem tornar as medidas de restrição mais brandas", disse o governador em entrevista.

Sobre as escolas, o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino manifestou -se contrário às determinações que limitam as atividades presenciais e sugeriu outras ações que viabilizaram as aulas e protegessem alunos e funcionários.

Além das limitações de acesso a estabelecimentos, está obrigado o uso das máscaras em locais públicos. A Vigilância Sanitária Estadual e Municipal fazem ações para verificar o cumprimento do Decreto neste fim de semana.

Principais medidas

  • Medidas restritivas sobre escolas e funcionamento do comércio mantidas até o dia 21.03
  • Bares e restaurantes com funcionamento somente com retirada e delivery de 15 a 21 na Ilha de São Luís
  • Igrejas com capacidade de 30% de 15 a 21 na Ilha de São Luís
  • Auxílio Emergencial para Cultura no valor de R$ 600, parcela única
  • Auxílio Emergencial para bares e restaurantes no valor de R$ 1000, parcela única
  • Municípios precisa atingir 70% de doses aplicadas para receber mais vacinas
Fonte: Governo do Maranhão

Fala povo

Você é a favor ou contra o lockdown na cidade de São Luís?

[e-s001]“Acho que pelo bem de todos, deveríamos tomar uma medida mais forte e isolar todos, até que a situação se acalme”

John França, comerciante

[e-s001]“Eu era descrente, não acreditava na pandemia. Achava uma gripezinha. Depois que tive, vi o pesadelo que é. Então sou a favor sim do lockdown”

Roene Neto, estudante

[e-s001]“Para mim, deveria acontecer sim. Até pelo bem de todos”

Laurenice Amaral, dona de casa

[e-s001]“Eu já tive, mas se não tomarem medidas para nos protegerem, não sou a favor. Vou ali pegar meu ônibus cheio e me arriscar de novo”

Ivone Soares, dona de casa

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.