Período chuvoso

Chuva intensa deixa moradores temerosos em áreas de encostas

Semusc apontou 66 áreas de risco em São Luís; no bairro Salinas do Sacavém, 12 famílias foram notificadas para desocuparem imóveis

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Para impedir que haja deslizamento de terra durante as chuvas, lonas plásticas são colocadas sobre área
Para impedir que haja deslizamento de terra durante as chuvas, lonas plásticas são colocadas sobre área (área de risco )

São Luís - Os moradores das áreas de encostas na Ilha estão com receio de deslizamentos de terra em decorrência das intensas chuvas que estão ocorrendo nas últimas semanas, inclusive, com raios e trovões. O Plano de Contingência de São Luís 2021, elaborado pela Secretaria Municipal de Segurança com Cidadania (Semusc), apontou 66 áreas de risco na capital, a maioria localizada na área Itaqui-Bacanga.

No bairro Salinas do Sacavém, pelo menos 12 famílias foram notificadas pela Defesa Civil para desocuparem seus imóveis, por apresentarem risco de desabamento. Uma das notificadas foi a aposentada Maria José Silva, de 68 anos, que reside na Rua São Luís. Ela disse que mora nessa localidade há mais de duas décadas, mas, até a próxima semana vai se mudar devido o medo de deslizamento de terra a qualquer momento. Pouco menos de dois metros da casa da idosa há uma encosta e, no começo do mês passado, ela foi coberta com uma lona de plástico preto, para tentar evitar que a água da chuva se acumule na terra e favoreça deslizamentos.

Maria José Silva disse que vai para uma casa alugada, na Travessa da Rua Nove, do Salinas do Sacavém. “Tenho medo de haver deslizamento desse morro e perder meus pertences, então vou para uma outra casa. Fui agraciada com o aluguel social”.

Ribamar Garcês, de 57 anos, também foi notificado. Ele contou que a Defesa Civil alegou que sua residência está em um ponto de risco, devido ter sido construída em cima de um córrego. “Moro nesse local há anos e todos podem observar que a minha casa está em cima de um terreno firme. O perigo está na área de encosta, principalmente, devido terem retirado uma parte do matagal”, frisou.

A moradora Sílvia Regina, de 53 anos, disse que reside naquela rua desde o ano de 1977 e recentemente os vizinhos tiveram de construir uma galeria para evitar alagamento durante o período chuvoso. “Os moradores se juntaram e construíram a galeria na via. A água que passa nessa galeria é oriunda de vários bairros da cidade”, contou Sílvia Regina.

Outros pontos
Os moradores da Rua da Mangueira, na Vila Dom Luís, área Itaqui-Bacanga, também estão com receio de deslizamento durante o período chuvoso. No fundo do quintal da residência da doméstica Enilde Pereira, de 66 anos, há uma encosta coberta por um plástico preto.

Ela disse que foram seu filho e os vizinhos que colocaram a lona plástica, no mês passado, para evitar uma tragédia. “Moro nessa casa com duas pessoas e fico com medo, no decorrer de uma chuva forte, de haver um intenso deslizamento de terra. Isso pode deixar a gente ferido grave”, desabafou a moradora.

Antônio José Dantas, de 42 anos, declarou que há algumas casas da rua com rachaduras, devido a infiltrações, que foram abandonadas pelos moradores. “As pessoas ficam com receio de haver uma tragédia e acabam mudando para outro ponto da cidade, e muitos vão pagar aluguel”, contou .

Esse mesmo problema é observado no bairro do João de Deus. A Defesa Civil esteve no bairro e interditou três casas que estavam sob o risco de desabamento. Na encosta, localizada nas proximidades desses imóveis, os agentes da Defesa Civil instalaram lonas de proteção para evitar infiltrações de água no solo durante as chuvas.

Ações de defesa
A Secretaria Municipal de Segurança com Cidadania (Semusc) informou que a Defesa Civil de São Luís concluiu o mapeamento e constatou 66 áreas de risco na capital maranhense. O maior número de risco está na região do Itaqui-Bacanga, um total de 23, seguido do bairro do Coroadinho, 17, e Vila Palmeira, 13. As demais foram identificadas na zona rural, 8; Cohama, 2; São Francisco, 2; e um ponto, no Centro.

Ainda informou que desde o início da atual gestão, a Semusc vem realizando várias visitas técnicas nos locais de risco, com o objetivo de fazer a prevenção e o monitoramento das casas, alertando os moradores para riscos de alagamento e desmoronamento.

No dia 24 de fevereiro, a Defesa Civil, Guarda Municipal e Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social (Semcas) acompanharam a notificação de 12 famílias das ruas São Luís e da Vitória, ambas no Salinas do Sacavém, em cumprimento a ordem judicial da Vara de Interesses Difusos e Coletivos para que desocupassem os imóveis por apresentarem riscos de desabamento.

Os trabalhos foram executados a partir de um Plano de Ação Municipal para garantir toda a assistência a esses moradores, que foram orientados sobre o fim do prazo e a urgência da desocupação antes da intensificação das chuvas, os perigos de residir nas proximidades de encostas e, ainda, sobre o abrigo disponibilizado pela Prefeitura de São Luís, na Rua Afonso Pena, no Centro, como opção de alojamento temporário. Na ocasião, as equipes interditaram algumas residências.

O Município informa, também, que todas as famílias notificadas já recebem o benefício do Aluguel Social da Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social (Semcas) e que já vinha fazendo o acompanhamento de todas essas casas, com base no mapeamento, monitoramento e na assistência social aos moradores.

Quanto às obras na região, a Prefeitura esclarece que a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semosp) vem fazendo intervenções emergenciais na localidade, como por exemplo na limpeza de córregos, mas que ações estruturais deverão ser iniciadas tão logo ocorra a desapropriação e demolição dos imóveis, tendo em vista garantir a segurança e resguardar a vida das pessoas.

SAIBA MAIS

O Plano de Contingência de São Luís destaca a identificação e o mapeamento das áreas de risco da capital; a promoção de ações de instrução básica de Defesa Civil para as comunidades com equipes da Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec) e Semusc; monitoramento constante 24 horas, por meio de dados dos laboratórios e serviços meteorológicos, Coordenadoria Estadual de Defesa Civil e Sistema de Alerta e Alarme de Desastres da Secretaria Nacional de Defesa Civil; e manter os recursos (humanos e equipamentos) disponíveis e aptos ao pronto emprego com operadores, apoio logístico, materiais de reposição, principalmente em períodos de chuva.

NÚMERO

66 áreas de desabamento há na capital e são monitoradas pela Defesa Civil

ÁREAS DE RISCO EM SÃO LUÍS

Itaqui-Bacanga: 23 pontos
Coroadinho: 17 pontos
Vila Palmeira: 13 pontos
Zona rural: 8 pontos
Cohama: 2 pontos
São Francisco: 2 pontos
Centro: 1 ponto

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