São Luís - A Apae de São Luís está completando 50 anos de atividades em prol das pessoas com deficiência. O presidente, Sebastião Vanderlaan de Almeida Rolim, em respeito ao agravamento da pandemia de Covid-19, optou por adiar outras celebrações, mantendo para hoje a celebração de uma missa em ação de graças. Atendendo ao decreto estadual que proíbe eventos e aglomerações; a celebração eucarística será on-line, às 10h, com transmissão ao vivo no canal da instituição no YouTube.

Fundada pelo professor Expedito Alves de Melo, um incansável lutador em prol da causa da inclusão da pessoa com deficiência enquanto viveu, a Apae de São Luís ao longo dos anos foi ampliando sua atuação. A Apae de São Luís foi a primeira fundada no Maranhão e integra o Movimento Apaeano, que é uma grande rede constituída por pais, amigos, pessoas com deficiência, voluntários, profissionais e instituições parceiras (públicas e privadas) para a promoção e defesa dos direitos de cidadania da pessoa com deficiência e a sua inclusão social.

Atualmente, a entidade presta serviços de excelência nas áreas de assistência social, prevenção, saúde, reabilitação, educação (escolarização, educação e qualificação profissional e inclusão no mercado de trabalho) e cultura, e promove uma verdadeira transformação na qualidade de vida de milhares de alunos e seus familiares.

Resgate da auto-estima

Para a ex- aluna Danielle Gonçalves, deficiente intelectual que se desenvolveu com o apoio da entidade, falar da Apae é sempre algo que a emociona, pelo amplo papel da instituição em sua vida, e que vai desde o seu desenvolvimento físico e intelectual, passando pela escolarização e inserção social, além do resgate de auto-estima.

“Meus pais me levaram para a Apae de São Luís com oito meses de vida. Foram vários aos problemas no parto e a falta de oxigenação cerebral me deixou com várias sequelas, até suspeita de hidrocefalia. Mas meus pais nunca desistiram de mim e tentaram melhorar minhas condições. Graças ao tratamento recebido na Apae de São Luís foram sendo revertidos diversos problemas de saúde. Depois, veio o processo de escolarização, outro grande desafio. Aprendi a ler e escrever na escola Eney Santana com os professores da APAE de São Luís e devo tudo a eles. Depois, consegui estudar em uma escola regular e me formei como fisioterapeuta. Hoje aos 32 anos posso dizer que cheguei muito longe do que os médicos que me desenganaram quando nasci imaginaram”, relata Danielle.

Ela lembra ainda que, na adolescência, passou a frequentar a escola tradicional pela tarde. Nas manhãs, ela passava sempre na sede da Apae de São Luís no Anil, onde praticava esportes e fazia oficinas de pintura, entre outras atividades importantes para o seu desenvolvimento e socialização. Mas as marcas da discriminação que sofria ainda existem, e doem ao serem lembradas por ela.

“Na escola tradicional que eu passei a frequentar quando adolescente, os colegas me discriminavam, não me incluíam e me diminuíam com seus gestos e comentários; era horrível mas eu aguentava firme. Mas quando eu chegava na sede da APAE de São Luís parecia que estava entrando em um outro mundo, onde eu era amada, respeitada e incentivada cada vez mais. Sempre participei de tudo lá, mesmo adulta. Sou índia do Boi da entidade, fui atleta e participei das Olimpíadas Nacionais das APAEs , onde conheci o Rei Pelé. Minhas melhores memórias de vida estão ligadas à APAE de São Luís”, revela ela, que hoje trabalha na APAE de São Luís como fisioterapeuta contratada.

A história de Danielle é uma entre milhares de outras vidas que a entidade ajudou a transformar ao longos desses 50 anos. Mas o grande desafio que ainda existe é mostrar para a sociedade o quanto a pessoa com deficiência pode ser produtiva no mercado de trabalho.

Saiba Mais

Marcos históricos

Entre os principais marcos históricos da APAE de São Luís, destacam-se as seguintes conquistas: Em 1992 foi fundado o Laboratório de Análises Clínicas e o Setor responsável pelo Teste do Pezinho. Em 2001 aconteceu a habilitação da APAE de São Luís como Referência Estadual em Triagem Neonatal. Em 2002 aconteceu o convênio com o SUS/SEMUS e em 2003 a Fundação da Clínica Escola Sta. Edwiges. Em 2007 foi implantado o Programa de Saúde Auditiva e em 2020 houve a implantação do Projeto de Reabilitação Pós-Covid19.

Segundo o presidente da Apae de São Luís, Vanderlaan Rolim, diversas ações que foram planejadas para marcar os 50 anos da entidade deverão ser realizadas ao longo desse ano. “O objetivo com as ações planejadas é reconhecer e homenagear diversos colaboradores, parceiros, doadores, voluntários, membros do nossos Conselhos além de empresas que contribuem para manter a APAE de São Luís funcionando e sendo respeitada e reconhecida nacionalmente. A todos eles expresso desde já o nosso agradecimento por apoiarem essa causa, que não é só nossa, mas deve ser de toda a sociedade”, enfatizou o presidente.

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