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Clodomir Cardoso: um valoroso maranhense

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17

No último dia 22 de fevereiro presidi a assembleia geral extraordinária da Academia Maranhense de Letras Jurídicas - AMLJ, primeira no formato híbrido, em virtude da pandemia do novo coronavírus, na qual registramos os 35 anos de fundação da mesma, com as devidas homenagens pelo advento de tal marco temporal.

Ato contínuo, inauguramos a galeria de presidentes, e, na sequência, à unanimidade de votos, observado o quorum qualificado, os confrades e confreiras acolheram a sugestão do nome do jurista Clodomir Cardoso para designar a Casa da Academia Maranhense de Letras Jurídicas. Nesse aspecto evidencio, inclusive, o registro on line da confreira Elimar Figueiredo (cadeira nº 16 da AMLJ) de que realmente já cabia uma homenagem do gênero para tão valoroso maranhense.

Como bem disse Fernando Pessoa: “O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.” Não obstante passados quase 68 anos do falecimento de Clodomir Cardoso (31 de julho de 1953), seu legado permanece vivo tornando-o uma dessas pessoas incomparáveis!

Nascido em 1879, filho de José Pereira Serrão Cardoso e de Maria Benjamim Serra Cardoso, Clodomir Serrão Cardoso estudou no Liceu Maranhense e na Faculdade de Direito do Recife, onde se bacharelou em 1904. Depois de formado retornou à capital maranhense, onde se estabeleceu como advogado e passou a atuar paralelamente como jornalista. Clodomir Cardoso chegou a atuar posteriormente como promotor público no Estado do Pará.

Ao enveredar para a carreira política, o jurista Clodomir Cardoso sagrou-se em 1908 (mesmo ano de seu casamento com Cecília Ribeiro, filha do industrial Cândido Ribeiro) deputado estadual, e depois foi secretário estadual de Fazenda. Mais adiante, como prefeito de São Luís, eleito no ano de 1917, teve sua gestão marcada pela substituição dos lampiões de gás por iluminação elétrica. O imortal Josué Montello, observando tamanho dinamismo e desenvoltura política, chegou, inclusive, a registrar Clodomir Cardoso como personagem na obra “Coroa de Areia”.

A propósito, no campo das letras, o jurista Clodomir Cardoso foi membro fundador da secular Academia Maranhense de Letras, onde ocupou a cadeira nº 12, e professor fundador da Faculdade de Direito do Maranhão, onde é lembrado até hoje.

Clodomir Cardoso ainda se elegeu deputado federal pelo Maranhão, participando dos debates sobre o remédio constitucional mandado de segurança, além de ter governado o estado do Maranhão em 1945 como interventor federal, e assumido uma cadeira no Senado Federal, no auge das discussões em torno da Constituição Federal de 1946, considerada um marco da primeira experiência democrática do Brasil.

A vasta contribuição do jurista Clodomir Cardoso para a história do Maranhão, aqui apenas resumida, o credenciou, portanto, a receber a homenagem por ocasião dos 35 anos de fundação da Academia Maranhense de Letras Jurídicas. Vai-se o homem, fica a obra. Para sempre.

Júlio Moreira Gomes Filho

Sócio do Escritório Moreira Gomes & Vilas Boas Advogados Associados, presidente da Academia Maranhense de Letras Jurídicas, e do Conselho da Comunidade Luso Brasileira do Maranhão, conselheiro seccional suplente da OAB/MA

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