Covid-19

PF aperta o cerco contra desvios de verbas no Maranhão

Em uma semana, policiais federais deflagraram três operações com cumprimentos de mandados em tr6es cidades maranhenses: Pinheiro, Imperatriz e Pedreiras; São Luís também já foi alvo

OEstadoMA

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
(Polícia Federal)

SÃO LUÍS - Três operações da Polícia Federal no Maranhão na última semana reforçaram a tese de que a apuração de desvios de recursos públicos destinados exclusivamente ao combate à pandemia do novo coronavírus está a pleno vapor, praticamente um ano após o início da crise sanitária e a abertura dos cofres da União para auxiliar estados e municípios no controle da propagação da doença.

Pinheiro, Imperatriz e Pedreiras foram alvos de mandados cumpridos desde a terça-feira, 2.

Na primeira, a Operação Estoque Zero investiga possíveis fraudes licitatórias e irregularidades contratuais referentes à aquisição de testes rápidos para diagnóstico da Covid-19.

A investigação, segundo a PF, concentra-se num processo da ordem R$ 960 mil, para aquisição de 6 mil unidades do insumo.

"Os elementos colhidos pela equipe policial revelaram que funcionários da Secretaria de Saúde e Saneamento de Pinheiro/MA, em conluio com empresários de Teresina/PI, simularam a compra e venda de testes rápidos, por meio da contratação de empresa de fachada que não forneceu o objeto pactuado”, destacaram os federais, via assessoria, no início da semana.

Em nota, o prefeito da cidade, Luciano Genésio declarou que tomou conhecimento dos fatos apenas na data da deflagração da operação policial e que o Município está colaborando com as investigações.

Em Imperatriz, segunda maior cidade maranhense, a PF afirma que foram identificados indícios de fraude em processo de dispensa de licitação que culminou com a contratação de empresa de fachada, integrada por sócios “laranjas”, que foram beneficiados em contrato que tinha por objeto o fornecimento de refeições para atender demanda do Centro Municipal de Tratamento do Covid-19.

O prefeito Assis Ramos também nega qualquer ilicitude. Ele disse que confia no trabalho da PF, mas que também confia muito na secretária de Saúde, Mariana Jales. “Eu sou o principal interessado em esclarecer esses fatos”, afirmou Assis.

Em Pedreiras foram cumpridos mandados no bojo da Operação Quarta Parcela, contra fraudes aos Benefícios Emergenciais, disponibilizados pelo Governo Federal à população carente.

De acordo com a PF, o objetivos da ação - que no Maranhão já está em sua segunda fase - foi “a identificação de fraudes massivas e a desarticulação de organizações criminosas que atuam causando prejuízos ao programas assistenciais e, por consequência, atingindo a parcela da população que necessita desses valores”.

Cobiça - As três operações ocorrem praticamente um ano após a primeira ação da PF, no Maranhão, contra o desvio de recursos da Covid-19.

Em junho do ano passado foi deflagrada a primeira fase da Operação Cobiça Fatal, que desvendou um esquema de compra superfaturada de máscaras na Secretaria Municipal de Saúde (Semus) de São Luís. Na ocasião, três pessoas foram presas, e mais de R$ 7,7 milhões foram bloqueados pela Justiça Federal.

Numa segunda fase da mesma operação, já em outubro, outras duas pessoas foram presas, e servidores da pasta foram afastados.

No bojo das investigações, a PF descobriu que as mesmas empresas envolvidas no possível crime na capital maranhense atuavam em vários outros municípios do estado, de modo muito semelhante.

Bolsonaro disse que cobraria PF sobre destino de verba

No dia 11 de fevereiro deste ano - em meio a um debate sobre o pagamento de nova rodada de auxílio emergencial e sobre reativação de leitos pelo SUS, e como forma de pressionar governadores a também desembolsarem verba para isso -, o presidente Jair Bolsonaro chegou a citar que cobraria da PF informações sobre o destino de recursos enviados ao Maranhão.

Durante a transmissão ao vivo nas redes sociais, ele mencionou valores destinados ao governo Flávio Dino.

“Nós fizemos… Foi quase R$ 1 bilhão… Ou melhor R$ 300 milhões, especificamente, para leitos de UTI no estado do Maranhão. Cadê os leitos de UTI? Sumiu tudo? O secretário disse que não estamos ajudando. Pra onde foi essa grana? Acho que vou perguntar para a Polícia Federal”, declarou.

Bolsonaro também fez um comentário relacionando a pobreza no Maranhão à gestão comunista de Dino.

“O Maranhão é o estado com menor renda per capta do Brasil. Não é à toa que é governado pelo Partido Comunista do Brasil. Onde o comunismo cresce é exatamente em cima da miséria”, disse o presidente durante live. “Nos estados de renda maior, quase não tem deputado desse partido”, completou.

Também nas redes, Dino reagiu à fala do presidente, dizendo que não tem medo da PF, nem de milícia.

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