Investigação

Denúncia de manipulação: resultado pode sair ainda nesta sexta-feira

Presidente da FMF informou que alguns possíveis envolvidos já foram ouvidos por advogado, e disse que resultado de processo administrativo pode sair nas próximas horas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Jogos do Estadual ainda são disputados sem torcida
Jogos do Estadual ainda são disputados sem torcida (ESTÁDIO CASTELÃO )

SÃO LUÍS - ​Embora o presidente da Federação Maranhense de Futebol (FMF), Antônio Américo, tenha dito antes que o procedimento administrativo que apura uma possível manipulação de resultados no Campeonato Maranhense 2021 tem 10 dias para ser concluído, ele afirmou que o resultado pode ser conhecido ainda nesta sexta-feira, 5. O dirigente disse que muitas pessoas já foram ouvidas, incluindo alguns dos possíveis envolvidos.

De acordo com portaria assinada pelo presidente Antônio Américo, o vice-presidente para Assuntos Jurídicos, Márcio Araújo da Silva, o Márcio Biguá, foi encarregado de apurar as supostas tentativas interferência no curso normal do jogo Bacabal 2x1 São José. “Foi uma conversa entre o Jorge (possível apostador) e Kevem (atacante do São José). O presidente do clube (Paulo Campineiro) foi ouvido apenas como testemunha, pois não foi sequer envolvido no caso. Márcio Biguá já ouviu muita gente e talvez a gente tenha como concluir o procedimento administrativo amanhã (hoje, 5), porque já temos muito material”, explicou Antônio Américo.

Como a portaria é do dia 1º de março, o prazo pra conclusão da própria FMF termina na próxima quarta-feira, 10, mas de acordo com Antônio Américo isso não impede que o procedimento administrativo, que apura suposta manipulação de resultado no Campeonato Maranhense 2021, seja concluído antes do prazo final. “Foi um prazo estipulado. Isso não quer dizer que possamos concluir mais cedo. Já temos muito material em mão e volto a dizer, talvez possamos concluir tudo amanhã (hoje, 5)”, ratificou.

Denúncia após jogo

Depois da vitória do Bacabal sobre o São José por 2 x 1, no último sábado, 27/02, surgiu uma denúncia que os jogadores do Peixe-Pedra foram cooptados para participar de um possível esquema para manipular o resultado do jogo. Em seguida, a FMF se posicionou sobre a suposta manipulação de resultado. A entidade instaurou um procedimento administrativo para apurar a denúncia recebida no domingo, 28 de fevereiro, mas não especificou quem estava sob suspeita.

De acordo com o denunciante, o atacante Kevem do São José teria sido contactado para “facilitar” a derrota do São José para o Bacabal. Áudios e prints de conversas em aplicativos de trocas de mensagens também vazaram. Em um desses diálogos, um jogador não identificado do Peixe-Pedra teria dito que lhe foi oferecido R$ 2 mil para “entregar”, mas ele teria recusado e teria até dito que “isso não é coisa de homem”, afirma o atleta em um trecho de áudio vazado.

Quase 15 anos depois do escândalo que ficou conhecido como “Máfia do Apito”, o volume de apostas em jogos de futebol no Brasil, um crime previsto por lei, se multiplicou e prosperou.

No Brasil não é permitida a exploração de jogo de azar. Qualquer pessoa que esteja explorando o jogo de azar comete contravenção penal. A manipulação de resultados é crime, está previsto no artigo 41 C, D e E, do Estatuto do Torcedor e hoje, o simples fato de você oferecer ou tentar manipular já é crime. O artigo 41-E, fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição esportiva: (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa.

Exemplos

Em 2017, um caso foi descoberto em Barra Mansa, no Rio de Janeiro. O time que leva o nome da cidade disputava a segunda divisão do estadual e, no meio da competição, o então dirigente do clube Lincoln Aguiar reuniu oito jogadores no escritório para entregar o resultado combinado.

O time precisava perder por quatro gols de diferença, mas os jogadores não aceitaram e empataram a partida com o Audax em 1 x 1. Em defesa, o ex-dirigente atacou a Federação Carioca de Futebol, memo órgão procurado por Thiago Campbel, ex-treinador do Barra Mansa, e que hoje tem medo de sofrer retaliações.

Normalmente as máfias agem aliciando ex-atletas e árbitros, na maioria das vezes, que já atuaram em mercados emergentes e voltam a atuar no Brasil, em sua maioria jogadores de defesa. Também houve casos na Copa São Paulo de Futebol Júnior e Campeonato Paranaense sub-19 deste ano. Times como Artsul, do Rio de Janeiro, e Andraus, de Curitiba, estão sendo investigados.

A Fifa se mostra preocupada com esse esquema e anulou uma partida das Eliminatórias Africanas para a Copa da Rússia. No jogo entre Africa do Sul e Senegal o árbitro marcou um pênalti em que a bola não bateu na mão do jogador senaglês e foi banido pela entidade.

A Federação Paulista, única a manter um comitê de integridade, mantém um banco de dados que reúne em uma lista o nome de quase 400 atletas só do estado que já participaram de jogos suspeitos. Caso disputem novas partidas com indício de manipulação, a Policia Civil, o Ministério Público e o Tribunal de Justiça Desportiva serão informados.

Em 2005, a “Máfia do Apito”, como ficou conhecido o escândalo de manipulação de resultados no Campeonato Braisileiro de 2005, obrigou a anulação e remarcação de 11 jogos. O árbitro Edílson Pereira de Carvalho, pivô do esquema, foi pago para favorecer um grupo de apostadores nas partidas que atuava.

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