Artigo

Escolha a catástrofe

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17

Melhor ser pessimista ou otimista após um ano de Pandemia? Tenho a impressão de que o mais salutar é se orientar pela frase de Gramsci, o filósofo italiano: “Sou pessimista por inteligência e otimista por necessidade.”

Sim, porque se os otimistas estão sendo capazes de enxergar uma resposta rápida da ciência ao descobrir vacinas em um ano, os céticos se detêm diante da fragilidade monumental da tão decantada inteligência humana, incapaz de se impor em tempo hábil (que evitasse grandes perdas) a um minúsculo vírus que sequer merece ser classificado como um ser vivo.

Se você assiste, todos os dias, às imprecações lamentosas de um sujeito chamado Tedros Adhanom, como representante dessa inteligência humana aí mesmo é que você tende a entrar em depressão e a morrer mais de medo do medo da Covid-19 do que dele mesmo.

Tanta incerteza, dos homens em quem deveríamos depositar confiança, nos faz acreditar, independente de sermos pessimistas ou otimistas, que tão cedo não tiraremos as máscaras.

Não, não estamos falando da máscara costumeira, aquela que todo ser humano usa para o seu exercício de sobrevivência, seja no trabalho, no lazer, na competição do dia a dia. Essa máscara invisível colocada sobre a pele do rosto e que aceitamos naturalmente como sendo um recurso muito útil em nosso aprimoramento evolutivo.

Mas estamos falando é dessa outra, bem real, que nos obrigaram a usar desde o ano passado e que de uma hora para a outra, se incorporou à nossa vestimenta como um relógio, um sapato, ou uma cueca.

Com a qual nos fizeram sair para as ruas feito um meliante que vai assaltar alguém, e que hoje, na prática, é como se fôssemos uma população de ladrões devidamente adaptados à nova condição de ladrões de nós mesmos: de nossa melhor vida, ou de nossos sorrisos, que os outros estão proibidos de ver.

Certo que cabe retrucar e alguém poderia dizer: “Não é bem assim, estamos agindo não como ladrões de nossas possibilidades, mas como salvadores de nossas vidas”. Será mesmo? Quem garante? Quantos morrerão ainda e até quando?

Urge que nos conscientizemos de que a possibilidade de que jamais deixaremos de usar máscaras é perfeitamente plausível nesse horizonte de eventos. Isso porque a liberação oficial do uso de máscaras jamais virá a mando dos governos com a mesma determinação com que eles nos mandam correr para nossas casas e rezar.

E sabe por quê? Por que eles, os governantes em geral, nada sabem, nada entendem, nada estudam e nada querem aprender, vivem batendo cabeças, sempre se movimentando a reboque do oportunismo de suas conveniências. Você acredita mesmo que eles estão preocupados com você? Se assim fosse, aqui no Brasil teriam começado por impedir a votação em todo o país em novembro, poucos dias antes de começar a mudança anunciada do clima, com suas implicações de catástrofe anunciada.

Se formos, racionalmente, mais pessimistas por inteligência do que otimistas por necessidade, o mais certo, caro leitor, será esperar que continuemos ainda por muito, muito tempo, com esse adorno em frente ao rosto, ou, melhor, com a catástrofe que não escolhemos mas que nos impuseram.

José Ewerton Neto

Autor de A ânsia do prazer

E-mail: ewerton.neto@hotmail.com

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