Pandemia no país

Após recorde de mortes por Covid-19, Bolsonaro diz que ''criaram pânico''

Na terça,2, país registrou 1.726 mortes em 24 horas e bateu novo recorde na pandemia; total chega a 257,5 mil. O presidente Jair Bolsonaro criticou imprensa em conversa com apoiadores

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar ontem a imprensa
O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar ontem a imprensa (Após recorde de mortes por Covid-19, Bolsonaro diz que 'criaram pânico')

BRASÍLIA - Um dia depois de o país registrar novo recorde de mortes diárias causadas pela Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro falou a apoiadores sobre a pandemia. "Criaram pânico, né? O problema está aí, lamentamos. Mas você não pode entrar em pânico. Que nem a política, de novo, do fique em casa. O pessoal vai morrer de fome, de depressão?"

Bolsonaro fez o comentário em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília. O vídeo com o diálogo foi divulgado em redes sociais. O presidente voltou a criticar a imprensa. De acordo com ele, "para a mídia o vírus sou eu."

De acordo com levantamento do consórcio de veículos de imprensa, o Brasil registrou 1.726 mortes pela Covid-19 na terça, recorde desde o início da pandemia. Com isso, o país chegou ao total de 257.562 óbitos desde o começo da pandemia.

A média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias até terça chegou a 1.274, aumento de 23% em comparação à média de 14 dias atrás, indicando tendência de alta nos óbitos pela doença.

Nos últimos dias, estados anunciaram novas medidas de restrição para tentar conter o avanço da doença e o risco de colapso no sistema de saúde. Em boa parte deles, a ocupação de leitos de UTI por pacientes graves de Covid-19 está próxima de 100%.

Mais tarde, após um almoço com o embaixador do Kuwait no Brasil, Bolsonaro falou com a imprensa e voltou a comentar a pandemia no país.

"A economia tem que pegar. Alguns falam que eu não estou preocupado com mortes. Estou preocupado com mortes, mas emprego também é vida. Uma pessoa desempregada entra em depressão, tem problemas, se alimenta mal, é mais propensa a pegar outras doenças", disse o presidente.

Bolsonaro foi questionado sobre se é possível a União financiar mais leitos de UTI para a Covid-19 nos estados. Governos estaduais alegam que a União fechou leitos mantidos com verba federal nos estados e têm buscado o Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a reativação. Para Bolsonaro, não falta dinheiro para atender os estados.

"Olha, o recurso não falta para a gente atender as questões nessa área de saúde. Agora, tem que haver uma previsão por parte dos governadores, e o contato tem que ser através do secretários de Saúde junto ao ministério. Nós aqui nunca nos furtamos a liberar recursos para isso", afirmou o presidente.

Outra pergunta que os jornalistas fizeram para o presidente foi sobre a possibilidade de um toque de recolher nacional ou uma política nacional para conter o avanço da pandemia, como foi reivindicado por secretários de saúde.

Na resposta, Bolsonaro usou um argumento que vem repetindo há meses: o de que o STF entendeu que apenas estados e municípios podem tomar medidas contra o avanço do vírus. O STF já esclareceu que sua decisão foi de declarar estados e municípios competentes para tomar as decisões, mas que a responsabilidade também cabe à União.

"Agora? Um ano depois? Lembraram de mim um ano depois? Estão sendo pressionados pela população, que não aguenta mais ficar em casa, tem que trabalhar por necessidade [...] Infelizmente, o poder é deles, eu queria que fosse meu", disse Bolsonaro, em referência aos estados.

O presidente afirmou ainda que tem um plano para colocar em prática contra a pandemia, mas que depende de o STF lhe conferir os poderes para tomar decisões nessa área.

"Então, se eu tiver poder para decidir, eu tenho o meu programa, o meu projeto pronto para botar em prática no Brasil. Agora, preciso de ter autoridade. Se o Supremo Tribunal Federal achar que pode dar o devido comando dessa causa a um poder central, que eu entendo que seja legítimo meu, eu estou pronto para botar meu plano", disse. Questionado sobre qual seria o plano, não revelou. "Não, não, não", respondeu o presidente.

Restrições

Também ontem, 3, o governo de São Paulo anunciou que vai regredir todo o estado à fase vermelha, a mais restritiva da quarentena.

A medida entra em vigor na primeira hora do próximo sábado,6, e deve permanecer até o dia 19 de março. O anúncio foi feito pelo governador João Doria (PSDB).

"Estamos em São Paulo e no Brasil à beira de um colapso. Exige medidas coletivas e urgentes (...) Por este motivo nós estamos atendendo a recomendação do centro de contingência e reclassificando todo o estado de SP para a fase vermelha a partir das 0h de sábado", disse Doria.

Nota técnica

Na terça, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ligada ao Ministério da Saúde, divulgou uma nota técnica na qual aponta o agravamento da pandemia de Covid-19 no Brasil. De acordo com a Fiocruz, 19 unidades da federação têm taxas de ocupação de leitos de UTI acima de 80%. No boletim anterior, eram 12.

Diante do quadro, o Ministério da Saúde publicou na terça portaria que libera um total de R$ 153,6 milhões para o financiamento de 3.201 novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em mais de 150 cidades de 22 estados — os leitos temporários serão custeados por 90 dias, com possibilidade de renovação posterior.

Estados e municípios vinham se queixando da suspensão do repasse de recursos do governo federal para financiar leitos de UTI.

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