Crimes contra a humanidade

Príncipe herdeiro da Arábia Saudita é denunciado na Alemanha

ONG Repórteres Sem Fronteiras acusa Mohamed bin Salman de ter responsabilidade na morte do jornalista Jamal Khashoggi, assassinado em 2018 dentro do consulado da Arábia Saudita em Istambul

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
​O príncipe saudita Mohammed bin Salman usa máscara em evento em Riad
​O príncipe saudita Mohammed bin Salman usa máscara em evento em Riad (¿O príncipe saudita Mohammed bin Salman usa máscara em evento em Riad)

BERLIM - O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman, foi denunciado na Alemanha por crimes contra a humanidade. A ação foi apresentada pela ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que o acusa de ter "responsabilidade" no assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, morto em 2018 na Turquia.

A denúncia foi apresentada na segunda-feira (1°) ao procurador-geral da Corte Federal de Justiça de Karlsruhe, competente nos "principais crimes internacionais", e acusa o príncipe saudita de "perseguição generalizada e sistemática dos jornalistas".

Na sexta-feira (26), os serviços de informação norte-americanos publicaram um relatório no qual afirmam que o príncipe “validou a operação em Istambul para a captura e o assassinato do jornalista” em 2018 (veja no vídeo abaixo). O governo saudita negou as acusações dos Estados Unidos, qualificando o relatório como "inexato".

Na denúncia apresentada pela RSF, o príncipe herdeiro aparece como suspeito “de ter ordenado diretamente o assassinato" de Khashoggi. A entidade acusa ainda o antigo "conselheiro próximo" do príncipe, Saud al-Qahtani, o "ex-diretor-adjunto da inteligência" Ahmed al-Assiri, assim como Mohammed Al-Otaibi, ex-cônsul geral em Istambul, e Maher Mutreb, "oficial da inteligência" à frente da "equipe que torturou e matou" o colunista do Washington Post.

A queixa detalha ainda abusos cometidos contra 34 jornalistas presos, 33 dos quais ainda estão detidos, como o blogueiro Raif Badawi. A Arábia Saudita é o segundo país no mundo com mais jornalistas presos, atrás apenas da China (117), segundo a RSF.

Tortura, violência e rapto

"Tortura", "violência" e "coerção sexual", "desaparecimento forçado", "privação ilegal da liberdade física". Essas são algumas das práticas do governo saudita contra jornalistas e descritas pela ONG como "crimes contra a humanidade". Com esta ação, a RSF espera que seja aberta uma investigação internacional sobre a perseguição à imprensa na Arábia Saudita.

A denúncia foi apresenta ao sistema judicial alemão sob a jurisdição universal que permite que um Estado processe os autores de crimes graves, independentemente de sua nacionalidade e de onde foram cometidos.

Assassinato em 2018

Depois de ter estado próximo ao governo saudita, Jamal Khashoggi era um crítico do poder e escrevia para o Washington Post. Residente nos Estados Unidos, ele foi assassinado em 2 de outubro de 2018 no consulado de seu país em Istambul por agentes da Arábia Saudita. Seu corpo, desmembrado, nunca foi encontrado.

Depois de negar o assassinato por meses, o governo saudita acabou dizendo que foi cometido por agentes sauditas agindo sozinhos. Após um julgamento sem transparência na Arábia Saudita, cinco sauditas foram condenados à morte e outros três a penas de prisão. Desde então, as sentenças de morte foram comutadas.

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